Apenas Por Mensagens

No meu primeiro dia de aula na nova escola, conheci um garoto.

E ele era o garoto, e não era apenas sua aparência ou coisa do tipo, ele era lindo por dentro.

E se me perguntam como eu sei disso?

Simples, viramos melhores amigos.

Sim... Eu fiquei na friendzone.

Mas... não me importava pois ao menos tinha essa pessoa tão maravilhosa em minha vida.

Seu nome era David e fazíamos o terceiro ano do ensino médio.

Certo dia no intervalo, ele me pergunta – eai Emy ( pois esse foi o apelido que ele me deu, que vinha de Emily ) você tem algum plano para o dia dos namorados? – ele diz com um sorrisão.

– como posso ter planos para o dia dos namorados? SE NÃO TENHO NAMORADO – Respondo. Não estranhem, é assim mesmo entre a gente.

Ele começa a rir – eu sei lá, e isso é simples de resolver, o Peter da informática ta louquinho por você.– ele diz brincalhão.

Lhe dou um olhar enviesado... Ah se ele soubesse que eu não queria saber de Peter, Lucas ou qualquer outro.

No final da aula, ele faz como todos os dias, me deixa em minha casa, e com um abraço e um sorriso ele se despede.

E atos como esse deixavam minha mãe que sempre olhava da janela ainda mais encantada.

Ao entrar minha mãe diz

– minha filha, não perca esse garoto de vista, pelo amor dos deuses.

– somos só amigos mãe... Só isso – e é tudo o que digo.

Subo as escadas e entro em meu quarto.

O dia dos namorados seria em três dias e mal sabia eu o que iria acontecer.

***

Então o dia tão comentado em redes sociais e televisivas chega.

O tal dia dos namorados.

Era domingo e eu não veria David, talvez fosse melhor assim, se o visse provavelmente ficaria imaginando coisas como nós juntos de mãos dadas.

Reviro os olhos para mim mesma.

O dia segue com mais filmes e comerciais deprimentes.

Ao anoitecer, escuto um bip de meu celular.

Quando o ligo, vejo uma mensagem de David.

Abro-a

22:58 David – Eae, ta ocupada? 22:59 Emy – To não, pode falar.

22:59 David – É que eu tava tendo uma idéia maluca aqui.

22:59 Emy – Conta ai.

23:01 David – Bom... Eu e você estamos sozinhos nesse tal dia dos namorados, que tal a gente sei lá, fingir ser um casal apenas por um dia?

23:01 Emy – Kkkkkk, sério?

23:01 David – Muito sério ;)

Eu não sabia o que pensar sobre aquele pedido, na verdade não devia pensar em nada, afinal era apenas uma brincadeira.

23:03 Emy – Então vamos kkk

E o que posso dizer... foi engraçado, fofo e envolvente.

Começamos do começo, um casal se conhecendo então tendo o primeiro beijo, namorando, noivando e por fim se casando.

23:55 David – e então no seu leito de morte, eu abracei seu corpo inerte e morri ao seu lado de tanta dor e sofrimento.

23:56 Emy – kkkk serio que você me matou?

23:56 David – É que o dia ta acabando...

E estava mesmo só faltavam meros quatro minutos para aquela linda brincadeira chegar ao fim.

23:57 Emy – pois é... Hum... Então adeus namorado kk

23:58 David – espera, ainda falta dois minutos.

23:59 David – amo você.

23:59 Emy – também amo você.

00:00 David – boa noite Emy.

00:00 Emy – boa noite David.

Aquilo foi simplesmente muito estranho, mas não mesmo encantador.

No dia seguinte antes da aula começar David veio até mim e disse – eu não consigo parar de pensar sobre ontem – ele diz com tanta calma não sabendo o que aquelas palavras significavam ao meu coração.

– eu também não – respondo.

Ele abaixa a cabeça e encara seus pés, parecendo criar coragem para dizer algo.

– você ta bem? – pergunto por fim.

Ele levanta a cabeça e olha em meus olhos e então os desvia.

Era impressão minha ou ele não queria me olhar?

– estou sim – ele diz encarando o nada.

– então... – ele continua – você quer continuar sei lá, brincando de ser minha namorada, assim... só por mensagem? – ele sorrir.

O encaro – E-e... Pode s-ser – gaguejo.

Ele abre um sorrisão e olha em meus olhos – isso me deixa muito feliz – ele diz em um misto de nervosismo e alegria.

O dia segue estranho, pois era estranho ver David estranho.

E um dos momentos mais estranhos foi quando Peter veio ao meu lado no intervalo e David ficou fuzilando-o com os olhos o tempo todo.

O garoto se sentiu tão inquieto que disse – depois a gente se fala, Emily, a sós de preferência – ao dizer isso dar uma encarada em David e se retira.

– QUAL É O SEU PROBLEMA?  – elevo a voz para David.

Ele dar um sorrisinho de lado e diz – Ué apenas entrando no personagem.

O olho atravessado e digo – achei que fosse só por mensagem.

– bom... Mudei de idéia.– ele diz.

Os dias seguem, já faziam duas semanas que brincávamos de ser namorados, era tudo bem bizarro, principalmente para o meu coração que pensava “ será que posso beija-lo de brincadeira?”

Afasto esse pensamento de minha cabeça.

Então em uma manhã de domingo ele pergunta se pode vir em minha casa e eu digo que sim.

E quem ficou ainda mais feliz com a notícia foi minha mãe.

– finalmente minha filha – ela dizia com um sorrisão no rosto.

– mãe, não o assusta, somos apenas amigos, por favor – eu implorava.

E eu jurei ver um sorrisinho maligno se formar em seus lábios, como se ela soubesse mais do que eu sobre algo.

Mas ignoro e vou em direção a porta, alguem havia tocado a campainha.

– Emy – ele diz com aquele sorrisão de sempre quando eu abro a porta.

O Abraço e digo – entra ai.

Ele entrou, falou com minha mãe, que respondia com muito entusiasmo para meu gosto e então se acomodou no sofá enquanto minha mãe se dirigia ao seu quarto como se quisesse nos deixar a sós.

Tudo muito estranho...

Ele me chama para junto dele, e eu vou ainda desconfiada.

– eu sinto que há algo acontecendo... – digo.

– e há mesmo – ele diz de uma vez.

– o que? – pergunto curiosa.

– Emy?

– sim?

– eu to muito nervoso

– nervoso de que criatura?

Ele sorrir.

– eu gosto tanto de você... – ele diz com os olhos fechados.

– Ow... É ... Eu também gosto, somos amigos afinal – digo ainda sem entender.

– é disso que tenho tanto medo.

– ham?

– de perder sua amizade... Se eu fizer isso.

– você nunca vai perder minha amizade David. Nunca.

Ele abre os olhos, e havia algo diferente neles que eu não havia me percebido antes.

Ele se aproxima devagar de mim, coloca sua mão em meu rosto e foi então que tive a confirmação do que via em seus olhos. Amor.

Ele cola sua boca na minha e me beija e eu retribuo, sem dúvida alguma pois queria isso a muito tempo.

Então paro de pensar.

Quando abrimos nossos olhos novamente, os pensamentos voltam em um turbilhão.

Em que momento ele nutriu sentimentos por mim? Como aconteceu? Como não percebi?

Ele continua me olhando.

E então tento formular palavras coerentes em minha cabeça e vejo que ele tenta fazer o mesmo.

– quando? – é tudo o que digo.

– quando o que?

– você passou a gostar de mim.

– o que? Eu sempre gostei, eu que pergunto quando você passou a gostar.

O encaro e rio.

– do que você ta rindo? – ele diz um pouco preocupado.

– sou eu que sempre gostei de você. – ele parece relaxar ao ouvir aquelas palavras.

– bom... Já que é assim, aceita namorar comigo? de verdade?

Cristinyy
Enviado por Cristinyy em 29/06/2016
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