Sempre lembrarei de você!

Cinco anos se passaram.

Eu estava sentado no banco daquela praça onde nós sempre nos encontrávamos.Parecia que aquele cantinho já estava escrito que era "reservado" para nós.

Todo final de tarde nós saíamos de nossos trabalhos e ali era o local que marcávamos de nos encontrar.E como diz o ditado "quer fizesse sol ou chuva".

Foram momentos maravilhosos e para nós dois somente um existia para o outro.Ah! lembro-me como se fosse hoje quando o senhor Clemente me perguntou:"Quais as suas intenções com minha filha?." - e dona Margarida era nossa maior aliada nesse momento.

Respondi que tinha o interesse de namorar Camylla e que pretendia casar com ela.Ele mesmo do seu jeito, um homem sem muito estudo, rude, mais um trabalhador de sol a sol, permitiu que nossos corações seguissem o rumo que estávamos dando á eles.

Foram momentos de alegria tão intensa que parecia que não cabíamos dentro de nós mesmos de tanta felicidade.Cada instante juntos pareciam únicos, não nos preocupávamos com o amanhã, mas com o hoje, o agora, o já.

Não queríamos ficar longe um do outro por um longo tempo, pois a felicidade invadiu nossas vidas e sabíamos que havíamos nascido um para o outro.

Estávamos fazendo planos para que no verão daquele ano nós iríamos subir ao altar.Era o nosso desejo mais intenso.

Porém, nossos planos foram frustrados quando Camylla ao vir para mais um dia de trabalho, esqueceu de uma regra básica que nossas mães nos ensinam desde pequenos:"Nunca atravesse á rua sem antes olhar para os dois lados".Ela não olhou, e como um raio apareceu um ônibus que faz linha entre Catelê - cidade onde moramos e Arraial que fica há uns 50 km de distância estava passando pelo centro da cidade pois estava indo para a garagem da empresa para realizar uma manutenção. Aquele momento foi o pior momento de nossas vidas, o motorista não conseguiu frear o veículo e a minha amada foi atropelada e lançada a uma distância que eu não sei precisar.

Nossa cidade é pequena e o centro ficou cheia de pessoas que parecia que toda a população estava em volta daquele acidente.Eu ainda estava no serviço quando recebi a ligação de Fátima minha tia que havia presenciado tudo.Me dizia com a voz trêmula - Vem agora na farmácia de tio Chico - eu tive um pressentimento que algo de ruim tinha acontecido e seria com a mulher em que meu coração estava enamorado.

Dispensei a bicicleta velha a qual utilizava diariamente e saí em disparada, correndo como alguém rumo á destino nenhum.

Ao chegar no local, vi minha amada já dentro da ambulância e ao longe apenas

gritava o seu nome e dizia o quanto a amava, nesse instante parentes e amigos me abraçavam em uma tentativa inútil de me consolar.

Fomos informados que a situação era crítica e que ela precisaria ser transferida imediatamente para a capital, pois lá o hospital teria equipamentos e

médicos mais especializados para cuidarem dela.

Os pais dela tiveram que vender sua propriedade e se mudaram para a capital para acompanharem de perto o tratamento ao qual ela seria submetida.

Para mim foi demais doloroso, pois somente recebia notícias nos finais de semana quando a dona Margarida conseguia ligar para uma de suas irmãs e informar como estavam.Eu não tinha condições de ir vê-la e por esse motivo

a tristeza ia se tornando a minha amiga dia a dia.

O senhor Clemente gastou tudo que possuía para salvar a vida da filha, contudo, os médicos disseram que o impacto foi muito grande no corpo dela, haviam hematomas internos que se não desaparecessem não saberiam se ela iria suportar muito tempo.

Foram seis meses de angústia e sofrimento.Parentes, amigos, vizinhos todos estavam empenhados em pedir á Deus pela vida dela.

Porém, no dia 17/10 daquele ano, ela não resistiu e veio á óbito.

Desde então prometi a mim mesmo que jamais amaria novamente, e sempre venho nessa praça para lembrar os bons momentos que passamos juntos, pois foi aqui nessa Praça de Bonsuá que eu á pedi em namoro.

Livio Ferreira
Enviado por Livio Ferreira em 21/07/2016
Código do texto: T5705045
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.