Malditas metáforas mal ditas....

Malditas metáforas mal ditas....

No dia que ela me disse que iria embora da minha vida.....

Um trem carregado e desgovernado invadiu a estação que fica dentro do meu coração. Esmagou com sua enorme força as palavras que guardei para esse momento....palavras que pensei seriam de reconciliação...eu juro que até esse ponto...eu vinha esperando pacientemente na fila para comprar passagem para a próxima viagem desse trem...a viagem de volta....a viagem para proferi-las...mas fui abruptamente empurrado contra a parede da estação e esmagado sem cerimônia debaixo das enormes rodas metálicas dos vagões daquele trem....mas mesmo assim ainda consegui respirar apesar do aperto no peito.

Droga.

Tentei explicar, mas eu não podia.

Quando ela falou novamente esperando que eu dissesse alguma coisa.

Daí eu me desviei das suas palavras..que voavam até mim como dardos envenenados....naquele dia nervoso ... tentando desesperadamente não deixar que elas acabassem cravando e envenenando o que restou do meu coração...segurei algumas entre as mãos ...mas na confusão ..escorregaram por entre meus dedos caíram no chão e quebraram como cristal....E assim foi.

Merda.

Tentei explicar, mas eu não podia.

Ela tocou minha mão.

Gelei ...congelei...ali percebi que a distancia entre nós era enorme, ela no Saara e eu no Alaska e bancos de areia cintilantes de adjetivos não me libertavam da prisão dos meus pensamentos......e aquele gesto dela era somente como um barquinho navegando no mar turbulento da minha consciência. Excitado, segurei firme sua mão como se fosse o leme do meu destino.... Finalmente! Achei que tinha me expressado como eu queria..mas uma névoa negra conduziu meu barquinho para uma corredeira de emoções num desfiladeiro de sombras...e na ansia de me salvar, soltei sua mão para poder pular do barco e nadar até uma margem segura.

Porra.

Tentei explicar, mas eu não podia..não conseguia...

.

Ela também largou minhas mãos e se afastou rapidamente.

Uma flecha em chamas atravessou as sombra desse vale, e colidiu contra meu olhos com a mesma força de um tsunami no Pacífico. Não foram as palavras que deixei de proferir que arruinaram o que eu tinha ...o amor que tivemos...foi a porra da minha imaginação...as metáforas mal pensadas, mal ditas e malditas e finalmente o meu silencio..mas pronto... basta, me fiz pronto para a ação como um samurai se prepara para enfrentar até a morte.

Eu te amo! Eu disse para ela....não lembro se disse mentalmente ou se disse para mim mesmo...mas disse !!!

Era tarde.

Eu tentei explicar, mas eu não podia.