Script

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   É difícil conviver na sociedade quando não se pode ouvir nem falar, mas precisei me adaptar. Afinal, sem qualquer eco, som, música ou ruídos como poderia aprender a me comunicar?
   Quando cheguei em casa naquela tarde, mal podia esperar para ver se Pierre havia me mandando alguma mensagem. Estava empolgada como jamais havia acontecido e ao mesmo tempo isso acabava me deixando com medo. 
   Já havia notado Pierre na escola, muitas vezes, e esbarrado umas poucas. Cada olhar que cruzavámos era intenso, gostava de observar as pessoas, para mim elas eram como livros que podia desvendar apenas "lendo" seus olhos ou expressões.
    Mas diferente de muitos, a maneira como Pierre me olhava conseguia me deixava curiosa sobre ele. Foi então que percebi que não sabia de minha deficiência, e tive a iniciativa de mandar o bilhete na aula de química.
   Finalmente meu celular vibrou, era uma mensagem dele "Olá Emily, é Pierre".
   Tentei não expor minha empolgação e acabei lhe mandando algo mais sútil. "Olá, como foi o dia?"
   Ele sabia bem como me entreter, passamos duas horas trocando mensagens e conhecendo um pouco mais um do outro. Dormi de um jeito que não sabia explicar, como se algo estivesse ardendo no peito.
   Nos vimos no dia seguinte, ele sentou ao meu lado no refeitório e criamos um caderno para  cada um escrever um para o outro.


 
Johan Henryque e Marielle Cardoso
Enviado por Johan Henryque em 17/09/2016
Reeditado em 18/09/2016
Código do texto: T5764150
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