Almas em construção...

Faz algum tempo, ao entrar pela porta de onde ela estava, foi recebido com uma esperada e normal formalidade.

Após os cumprimentos de praxe, perguntou-lhe:

- Em que posso lhe ajudar.

Quantos mais haviam experimentado a mesma cena e situação?

- Acho que preciso de ajuda.

Ao longo de um minuto de silêncio, entre o ficar ou ir embora, seu semblante e seus olhos lhe disseram o que buscava ouvir de há muito.

- Estou aqui e, nesse momento, nada é mais importante que você e o que quiser compartilhar.

Quem são e o que fazem?

Duas pessoas que se buscavam, uma disposta a ouvir, a outra precisando falar e revisitar muitos ontem, falar de preciosos hoje e de amanhãs sem nenhuma perspectiva.

Bem além de um mero ofício, quando o assunto é gente, em toda sua unicidade e complexidade, não há meio ser ou estar.

As dores da alma de alguém carecem encontrar no outro sensibilidade plena e a sutileza de uma sintonia fina, possibilitando desfiar-se novelos de vida que marcarão, letra a letra, uma nova história, com delicadeza e ternura, permitindo-se dizer de forma diversa o que precisa ser dito, numa troca intensa, sofrida, mas necessária.

Almas em construção enfrentam por vezes a aridez de suas crenças enraizadas na impotência, nos medos de novas perdas, razão para se julgarem não merecedoras de dias novos.

Almas em construção, de maneira simples, merecem respeito.

Almas em construção buscam amor em suas diversas formas para alimentar o desejo de atingirem ainda em vida a possível paz e serenidade.