Noah Flint
 
Capítulo 51 – Um Olhar Peculiar
 
Escrito por: Sydney
 
  Quando cheguei a Morristown pensei que não iria me acostumar, hoje, é inegável o sentimento que se criou dentro de mim.
   Há pessoas adoráveis por toda parte, difícil é encontrar alguém que realmente não tenha sido hospitaleiro. Mas, tudo isso só foi possível por Steve, conhecê-lo mudou para sempre a minha vida.
   Lembro-me bem daquele dia, estava em uma palestra, uma daquelas oficinas de fotografia. Ali havia um italiano, um velho senhor que nos orientava a como encontrar o foco certo para nossas fotos. Confesso que seu método me deixou muito entediada, devo ter saído uma hora antes de terminar.
   Chovia forte, e no centro de Nova York encontrei um pequeno pub, pelo menos, era o que parecia no início. As mesas estavam todas cheias, sentei-me no balcão, próximo ao fundo, haviam alguns quadros de Elvis Presley nas paredes forradas por papel parede marrom.
   Dalí avistei uma mesa mais reservada, era com toda certeza, uma área vip. Alguns senhores sentados à mesa e um jovem rapaz, que por sinal possuía pelo menos o dobro de fichas do que qualquer outro. Nunca pensei que ficaria atenta a algum jogo, mas aquela cena prendeu meu olhar.
   Retirei a câmara de minha bolsa sem pestanejar. Apontei-a de maneira sutil, não era minha intenção chamar-lhes a atenção. Quem diria que uma foto iria mudar minha vida.
   Passaram-se trinta minutos e grande parte dos senhores que ali jogavam foram embora, a maioria fazendo reclamações sobre sua própria estupidez ou da audácia do jovem em não ceder a blefes. Não entendia tanto assim, mas percebi que algo diferente moldava aquele rosto bonito.
-Obrigado pela foto, quanto quer por ela? – Uma voz gentil aproximou-se de mim.
-Foto? Do que está falando, senhor? – Respondi antes de virar-me e perceber que se tratava do jovem jogador.
-Bem, confesso que os senhores até foram um desafio. Mas, ainda assim, tive tempo para observar você aqui.
-Desculpe, não entendo muito de pôquer. – Respondi.
-Não estou interessado em falar do jogo, mas sim, da foto, quanto quer por ela? – Insistiu ele.
-Não quero nada, creio que ela seja mais importante para você, do que para mim.
-Que estúpido. Você não pode mendigar-se assim, por quê todos os artistas são tão orgulhosos? Talvez precise de um incentivo.
-Do que está falando?
-Já pensou em viajar e poder fotografar tudo que quisesse? Para onde iria?
-Não sei.
-Claro que sabe, está em seus olhos, eles estão brilhando. Vamos, para onde gostaria de ir?
-Dublin.
-Tudo bem, você irá a Dublin.
-E como isso funciona, eu ganho uma viagem de avião de um rapaz que nem conheço ou sei o nome?
-Meu nome é Steve, Steve William Martin. E você não ganhou uma viagem, não ainda.
-Muito prazer, Steve. Sou Sydney.
   Dois dias depois, recebi em casa uma carta, lá estava um cheque e duas passagens de avião, logo abaixo, “leve contigo, quem faz sorrir seu coração. ”


     
 
 
 

 
  
 
  
 
 
 
 
 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 02/01/2017
Reeditado em 25/02/2017
Código do texto: T5870223
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