Sorte a sua... Ou sorte a minha?
Me pergunto se você é sempre assim, tão fechado. Tão discreto. Você tem de concordar comigo quando digo que é o rei da discrição. Você não é de compartilhar. De falar. De contar. Só quem acompanha e participa bem de perto sabe o que se passa. E eu sempre estive distante. Não porque quis. Mas porque não me deu abertura para se aproximar. Assumo que também não investi muito. Talvez não tenha tentado o suficiente. É que você se assusta fácil, e a minha imensidão com certeza o amedrontaria. Porém, preciso admitir, também, que sempre gostei de mistério. Talvez por isso eu ainda não tenha me desligado completamente de ti.
Certos pensamentos ainda me assombram vez ou outra, fazendo-me confabular como seria caso me permitisse participar. Quem eu descobriria que você realmente é. Atribuo a culpa disso no meu vício em ler romances. E, você sabe, fico vidrada nas histórias em que o mocinho é distante e fechado (isso te lembra alguém? Não, não é mera coincidência), e demonstra os sentimentos apenas para a mocinha. Bem, sempre quis ser a mocinha. Isso explica porque me atraio tanto por aqueles que guardam tudo para si. Porque eu quero ser aquela que derruba os muros e consegue entrar. Que o faz sentir. Que o faz se mostrar. Demonstrar.
Desculpe se dessa vez foste meu alvo, mas você era exatamente o mocinho que eu estava procurando. Sorte a sua ter se afastado rápido o suficiente dessa confusão que eu sou. Ou, melhor, sorte a minha de não ter me jogado em um mar frio e raso, onde me depararia com nada além de rochas. Vai saber, né?
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