Apolline

Capítulo 1 - Esquecimento

   
    
   Queria ser capaz de esquecer um fato um pouco constrangedor, naquela manhã de domingo quando acordamos nus em meu sofá, sentir seus cabelos, seu rosto, ali, sobre meu corpo era uma sensação complicada demais para explicar.
   Sua reação ao acordar foi de espanto, claro que em nenhum pesadelo você desejaria acordar naquela situação. Fingi ainda estar dormindo, senti seu corpo se afastando, aos poucos. Jogando sobre mim uma das cobertas que esquecemos de usar naquela noite.
   Algumas lembranças começaram a surgir em meu pensamento enquanto preparava o café, te ver usando uma de minhas camisas dos Beatles foi a coisa mais sexy do mundo, mas então, lembrei da tal realidade, somos amigos, sempre fomos. Aquele ato imprudente poderia afetar toda a nossa relação.
-Está tudo bem? – Perguntei.
-Sim, e você? – Retrucou.
-Bem.
   Por mais que a vontade de lhe perguntar sobre a noite fosse grande, imaginava que também haviam dúvidas em sua cabeça. Terminamos o café, lhe esperei tomar banho, mas seu rosto continuava a me ignorar.
   Foram três dias até nos falarmos novamente, o que não era algo muito habitual, tendo em vista que sempre conversávamos todos os dias. Sua mensagem em meu celular mantinha todo o meu corpo inquieto. Não a respondi, corri o mais rápido possível até sua casa.
-O que houve? – Perguntei assim que ela abriu a porta.
-Bem, eu não sei mais o que fazer, você consegue lembrar o que aconteceu naquela noite?
-Sim. – Respondi recordando de alguns momentos.
-Pois é, eu também, como fui capaz de fazer aquilo.
-Tudo bem, se quiser, podemos esquecer isso.
-Não, não consigo, Louis.
-Apolline, você sabe o que nossa amizade significa para mim.
   Percebia em seu rosto que tudo estava completamente em risco, aproximei-me e a abracei. Acariciando seus cabelos devagar, ela chorava, e eu acabei por chorar também.
-Eu te amo. – Suspirei a ela.
-Eu também. Mas, e isso, como vamos continuar?
   Aquela pergunta continuava sem resposta em meus pensamentos, perguntei se poderia sentar, mas ela recusou, disse que eu precisava ir, que iria pensar. Claro que mais dias se passaram e não houveram mais mensagens, eu já estava me acostumando com o vazio deixado por Apolline.
   Era sábado à tarde, estava tomando meu tradicional cappuccino, ouvi a campainha e caminhei até a porta. Era ela, vestida apenas de seu vestido preferido, um lindo allue amarelo, com algumas pequenas bolinhas azuis.
-Precisamos conversar. – Disse ela ao entrar.
-Claro. – Segui sua silhueta até a sala de estar.
   Ela ficou de pé diante de mim, olhava pra seu sorriso, um pouco mais contido com toda aquela situação, aguardava suas palavras, mas no fundo só desejava beijá-la mais uma vez.
-Você sente algo por mim? – Perguntou.
-Claro.
-Além da nossa amizade?
-Sim.
-Bem, eu pensei sobre isso, o que acha de tentarmos um relacionamento?
   Levantei e a beijei, logo a puxando para o sofá, toquei seu corpo, acariciei seu pescoço e não fora preciso palavras para expressar minha vontade de tê-la comigo.
 
 
 
 
 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 02/06/2017
Reeditado em 12/10/2017
Código do texto: T6016566
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