As Letras da Nossa História

Capítulo 1 – Um Suposto Adeus

02/04/2008

 
   Steve olhava para a janela, enquanto Peter terminava de colocar as malas no velho táxi amarelado, seus olhos tentavam esconder um pouco da realidade, afinal, seu melhor amigo estava de partida. Voltar para a Europa era de fato uma escolha inusitada.
   Peter permanecia de pé ao lado do taxi, Steve caminhou até lá, a alguns passos dele, pensava nas palavras certas para lhe dizer. Ambos se conheceram por acaso, um pouco de imprevisto e uma dose de sorte, um jogador de pôquer e um cantor em carreira solo, é realmente uma dupla que ninguém imaginaria.
-Você sabe o que Kollen me disse antes de vocês terminarem? – Perguntou Peter.
-Kollen? O quê?
-“Steve é grande demais para mim, não posso domar aquele coração, ele pulsa pelo mundo, pelas vidas que tanto quer bem”. – Steve olhou para ele, e percebeu o pequeno bilhete em sua mão direita.
-Você escreveu isso? – Perguntou.
-Bem, era uma frase extensa, quem sabe eu não a use em alguma letra.
-Fico pensando em quantas letras você já usou minha vida como inspiração.
-Olha, eu escrevi aquela canção, você e a Anne, lembra-se?
-Claro. Mas, continuo discordando de alguns versos.
   Ambos se abraçaram, Steve sussurrou algumas palavras no ouvido de Peter.
-Boa viagem. – Falou.
-Obrigado, quando precisar de algo, sabe onde me encontrar.
-Espero que goste de Exeter, é um ótimo lugar.
   Peter entrou no carro e partiu, Steve permaneceu ali, no meio da rua a ver o taxi se dirigindo para longe.
   O aeroporto era um lugar um pouco assustador para Peter, ele que costumava viajar de ônibus, pela primeira vez iria experimentar uma viagem aérea.
-É a sua primeira vez? – Perguntou a mulher que sentara ao seu lado.
-Sim. Meu nome é Peter, muito prazer.
-Belo nome, Peter, o importante é pensar em alguma coisa, assim a ansiedade vai diminuindo. Me chamo Angélica.
   Ele agradeceu e tentou imaginar-se em um pub, com o violão e suas letras preferidas, ali haviam pessoas divertidas, que lhe aplaudiam a cada nova canção.
-Ei. Iremos decolar, coloque o cinto. – Angélica retirou-lhe do breve sonho.
   Peter sentou-se corretamente e seguiu as orientações dos tripulantes. Ele e Angélica continuaram a conversar por alguns minutos, ela tinha trinta e cinco anos, estava viajando para rever a mãe em Manchester.
-Não gostava de morar, lá? – Perguntou ele.
-Em Manchester? Você faz ideia de como é difícil ver o sol naquele lugar?
-Nem imagino.
-Ótimo, minha mãe sempre dizia que todos aqueles dias chuvosos e nublados não combinavam comigo. Mas, e você? O que vai fazer em Londres?
-Na verdade, estou indo para Exeter, escolhi a cidade pela universidade e por ser ter uma cultura que me agrada muito.
-Compreendo, espero que consiga se adaptar, se bem, que já há um certo tom britânico em você.
-Obrigado. – Ele realmente não entendeu o que ela quis dizer.

 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 07/06/2017
Reeditado em 28/06/2017
Código do texto: T6020966
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