Apolline

Capítulo 4 – Antoine
 
   Cozinhar sempre foi uma certa terapia para mim, esquecer os problemas lá fora e encontrar paz em algo que não apenas me agrada, mas também a todos os meus clientes.
-Como conseguiu convencer o antigo dono a vender? – Perguntou Steve.
-Bem, você sabe, fui aprendiz dele, e como acabou precisando de dinheiro para pagar uma operação.
-Você não tinha me contado isso. Se aproveitar de situações nem sempre é uma boa escolha.
-Você faz isso o tempo todo.
-Não exatamente, eu crio situações.
-Tudo bem, me desculpe.
   Steve havia financiado meu sonho, a compra do Rêve Est de Vivre foi a melhor coisa que me aconteceu, mas em troca, fiz-lhe uma promessa, ajudá-lo em algo quando precisasse de mim. Não fazia ideia do que isso poderia se tratar, mas dei minha palavra.
-Aquela é a tal garota? – Perguntou ele.
-Guinever. – Respondi.
-Sim, ela gosta de você.
-Como sabe?
-É só observar a maneira como ela lhe olha.
-Você realmente sabe tudo, sobre tudo?
-Não, eu não sei muito sobre homens, ainda bem.
-Realmente.
-Qual o problema?
-Nenhum.
-Você parece nervoso, ah, você também gosta dela.
-Cale a boca.
-Vou falar com ela.
-Se você der um passo, eu juro que não nos falamos mais.
-Coragem? Onde ela estava esse tempo todo? Você sabe que precisa começar a viver um pouco mais, além dessa barreira que por tantos anos decidiu criar.
-Do que você está falando?
-Seu medo, sua insegurança, qual é. Você não pode acreditar que está experimentando tudo que o mundo pode proporcionar aqui, dentro de uma cozinha, há tanto para viver, conhecer.
   Steve sentou-se e ficou a observar Guinever, continuei a preparar alguns pedidos. Pedi para que Jean, meu auxiliar, cuidasse da cozinha e caminhei até a mesa dele.
-O que está fazendo? – Perguntei.
-Chama-se deixar você com ciúmes, funciona assim, finjo estar olhando para a garota que você gosta e acabo comprovando este fato com a sua total irritação.
   Antes que pudesse responder ouvimos a conversa de dois rapazes que entraram no restaurante.
-O que tem de tão especial nesse lugar, Olivier? – Perguntou o ainda desconhecido.
-Meus pais me traziam aqui quando criança, antes de irmos para Vahl, Scott. – Respondeu Olivier.
-Vahl? – Perguntei-me.
-Deve ser algum internato para adolescentes rebeldes. – Respondeu Steve.
-Parece um lugar diferente.
-Você é péssimo em tentar mudar de assunto.
   Me levantei para atender os rapazes, Steve continuou a observar Guinever com o intuito de me irritar, tudo estava perfeitamente anormal para aquela terça-feira.
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 20/07/2017
Reeditado em 10/10/2017
Código do texto: T6060290
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