Quase Romance

Ela chegou toda falante. Era seu primeiro dia de aula na escola. Uma menina bonita, morena clara, cabelos pretos e curtos, encantou a todos. Acabara de se fazer adolescente. Sua simplicidade o atraiu. Enquanto ela falava, ele olhou, disfarçadamente, para seus cadernos e viu seu nome, por sinal, incomum. Então, fez-lhe uma brincadeira:

- Você se chama Geisla!

- Como sabe? Se ainda não lhe disse meu nome.

- Sou adivinho, brinquei.

Diferente até no nome, de olhos acesos, brilhantes, sorriso largo, simpático, havia algo nela que lhe agradou. E ela também ficou predisposta em relação a ele. Queria por tudo que ele revelasse como descobrira seu nome. Foi assim que suas afinidades começaram e se tornaram amigos. Pouco tempo depois, quando ele se deu conta que aquela amizade havia se transformado, ele se descobriu apaixonado por ela.

Naquela época era costume os jovens se reunirem, na praça da igreja à noite, para namorar ou conversar. Muitas vezes, ela caminhava com ele pela pra-ça, sempre animada, cantarolando alguma música conhecida ou contando casos engraçados. E ele, pensando que conquistara seu coração, decidiu pedi-la em namoro. E foi naquela noite a praça com o propósito de lhe falar dos seus senti-mentos.

Chegou cedo. Ficou esperando. As moças passavam em grupos, mas, ela não estava no meio delas, deixando-o ansioso. Até que a espera chegou ao fim. A alegria estampada em seu rosto, não escondia sua timidez. Depois de muito ar-rodeio, disse que queria lhe falar. Ela deixou suas amigas, e sorridentes passaram a caminhar em silêncio pela praça iluminada, enquanto ele ensaiava as melhores frases para lhe dizer. Ela era, ele acreditava, o amor. Sentaram juntos na calçada da igreja. E desta vez sem rodeios, ele disse que gostava dela e queria tê-la como sua namorada. Quando terminou, ela baixou os olhos por alguns segundos, e, pensando que ele compreenderia lhe disse:

- Eu gosto muito de você. Não posso ser sua namorada. Seremos apenas amigos.

A negativa encheu seus olhos de tristeza. Depois ela se afastou, deixando-o sozinho e atordoado. Confuso e frustrado, saiu andando pelas ruas, sem rumo, com o coração partido, a garganta estreita parecia que ainda ouvia aquelas pala-vras. Depois da uma longa caminhada a pé, chegou a sua casa e se refugiou no quarto. Sem carinho, sem amor. Pensava que havia uma conexão entre eles, mas se enganara. Durante os dias que se seguiram, tentou inutilmente, encontrar um remédio para sua primeira decepção amorosa.

Aquele acontecimento, não impediu que continuassem a se ver na escola e na praça. Mas, se tornaram dois estranhos. Embora, seu comportamento tivesse lhe causado tamanha decepção, quando a encontrava na escola ou na praça ainda tinha esperança de que ela pudesse mudar de ideia. Ele queria aquilo, mas era só fantasia. Ela dissera a verdade. Tudo tinha acabado.

No ano seguinte, ele deixou sua cidade para continuar seus estudos na capital. A última vez que a viu foi quando voltou a sua cidade nas férias de julho. Durante toda as férias, viveu a esperança de que uma só palavra dela ou até mesmo um gesto, mudassem o curso desta história. Quando voltou no ano seguinte, sua família havia se mudado para outra cidade. Suas lembranças ficaram, ela se perdeu no tempo. Nunca mais soube dela.