A Mulher que Nunca Existiu

Conheci a mulher dos meus sonhos, penso que poderíamos estar juntos, acho que o destino criou uma lacuna entre nós. Ela é a mulher que homens sedentos oferecem bagatelas para possuí-la, não acredito que ela se renda por tão pouco. Seus olhos negros, seu hálito acerbo, seu jeito depressivo me cativaram. Acredito nela, torço pelo seu logro.

As estradas de nossas vidas se bifurcaram em léguas longínquas. Posso revê-la nos meus devaneios, de dia, de noite, meus momentos a partir de agora são conduzidos pela certeza dela existir. Se eu pudesse tê-la, solaparia os fantasmas que me torturam.

Um amor tão fugaz me aflige. Gostaria de atenuar sua depressão. Ela não tem um bom relacionamento com seu pai, exalta a figura materna, sofre por um irmão que se entregou ao vicio, tem uma sobrinha que dança, e um forte desejo de vencer na vida; isso é tudo que sei, mas não é tudo que sinto.

Quando nos conhecemos, sabia que algo diferente estava acontecendo, tive um sutil espasmo, fumei uns trinta cigarros, fiquei inebriado pelo cheiro de seus cabelos, pela profusão de seu sorriso, uma formalidade exagerada de um almoço dominical. Em minha vida fútil e estagnada, aquela visão foi o rufar de um tambor dentro do meu peito. Já tive muitas mulheres, no entanto, todas não passaram de um mero paliativo para meus instintos.

Hoje sou um homem ansioso pelo simples fato de gostar de alguém, de saber que deitar na cama e não dormir pode ser bom, e, além disso, saber que o amor não concretizado é o mais belo, pois basta idealizá-lo e com um torpor absoluto olhar para o céu e saber que as estrelas brilham, que a lua sempre esta envolta em tristeza e, sobretudo ter consciência de que tudo faz sentido quando se ama.

Rodrigo Sanchez
Enviado por Rodrigo Sanchez em 04/11/2017
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