Eu quero essa garota

Demorei um ano para decidir escrever sobre ela, a mulher que me conquistou sem nem querer, a mulher que ainda amo e a única que me apaixonei até agora.

Eu me lembro de instalar um aplicativo de relacionamentos e ver uma foto dela, não era do tipo padrão da sociedade, era uma foto antiga e por isso um tanto esquisita, me chamou atenção logo de cara, mas deixei pra lá desinstalando tal aplicativo. Um tempo depois eu instalei outro e lá estava ela de novo, dessa vez eu disse comigo mesma “Eu quero essa garota”, a minha tristeza foi que ela não usava mais tal rede social, mas eu não ia desistir tão cedo. Comecei a procurar em redes sociais, perguntar aos amigos, até que um dia consegui um “oi”, e eu não sabia que era possível um coração acelerar tanto!

Eu estava nervosa, a procurei por um tempo antes de acha-la, e acabei demorando demais para tomar uma atitude, ela namorou e continuamos conversando me fazendo gostar cada vez mais daquela menina, quando nos encontramos pessoalmente pela primeira vez ela não me reconheceu, mas eu fiquei olhando hipnotizada e repeti comigo mesma “Eu quero essa garota”. Tempo passou, não perdemos contato e só fomos pegando mais intimidade, mas eu ainda não tinha coragem de expor o que eu sentia, até porque eu nem sabia direito o que era... Ela trocou de namorada, e a cada vacilo do namoro delas eu estava lá dando conselhos, apoiando, porque eu a queria feliz, independente de com quem fosse.

Saímos mais vezes, procuramos emprego juntas, virei uma amiga especial, e eu só olhava pra ela pensando “Eu quero essa garota”. Ela me deu um boné uma vez, disse que era um que ela gostava muito e que era pra usar, quando eu olho para esse boné só me lembro do sorriso dela, dos olhos apertadinhos, da risada dela, do jeito desconfiado, de cada coisinha nela que eu amava. Ela terminou o namoro, ficou mal por muito tempo, e eu sempre presente, saímos pra nos distrair e foi quando eu tive a minha chance e o nosso primeiro beijo, quando sua boca encostou-se à minha simplesmente fez o mundo sumir e só existia eu e ela, naquela dança sedutora que só fazia eu me apaixonar ainda mais.

Eu simplesmente não podia soltar ela, não queria deixa-la ir e novamente pensei “Eu quero essa garota”. Meu desejo era ser o motivo do sorriso dela, ser o alvo do olhar intenso dela, ser a pessoa que ela procuraria quando a situação ficasse complicada. E eu fui essa pessoa, mas não como eu queria, eu era a amiga especial dela e não a amante, não a mulher da vida dela, e quando fomos pra casa dela, eu fiz amor com ela, mas ela não fez comigo. Pra ela não foi tão importante quanto foi pra mim, não me olhou de maneira apaixonada como eu a olhei, e estava tudo bem... Eu podia passar horas com seu corpo completando o meu, seu rosto apoiado no meu peito e o sorriso em meu rosto teimando em não sair, mas eu tive de ir embora.

Algum tempo depois eu recebi a noticia que ela estava indo embora, fiquei sem entender o que estava acontecendo, porque isso estava acontecendo. Recebi sua mensagem dizendo que estava indo me ver, já que eu tinha passado por uma cirurgia no tornozelo e estava de muletas, quando a vi chegando meu coração se encheu de alegria, e seu beijo doce me acalentou... Até ela dizer as palavras, até ela dizer que era uma despedida, que estava indo embora morar com a ex-namorada no dia seguinte. Eu já tive corações partidos, já tive magoas de amor, mas naquela hora era como se meu coração estivesse partindo pela primeira vez, mas eu segurei minhas lagrimas apertando meus olhos enquanto lhe dava o ultimo beijo, ela me ajudava a levantar para me abraçar pela ultima vez, e eu não conseguia aperta-la por conta das muletas, não podia pedir que ela ficasse comigo e largasse a oferta de emprego, eu simplesmente não podia dar tudo o que ela desejava, e ela não conseguiria me dar o amor que eu tanto queria... Segurei meu choro e sorri enquanto ela se afastava, ia embora de lá e da minha vida, eu fiquei imobilizada enquanto o amor da minha dizia adeus. Eu me obriguei a caminhar, e assistir o resto das minhas aulas, voltar pra casa, me deitar na cama e foi ali que eu afoguei toda a dor que eu estava sentindo, entre eu e meu travesseiro, eu me afoguei no choro em busca do alivio da dor perda.

Bianca Gonçalves
Enviado por Bianca Gonçalves em 26/01/2018
Código do texto: T6236504
Classificação de conteúdo: seguro