The Love Between Us: 25- Colin

Eu odeio esse tipo de evento social, apesar da família do Colin ser muito simpática. Durante o jantar comecei a pensar que ele deve ser adotado. Nunca consegui arrancar uma palavra sobre sua real história, mas tirar qualquer coisa do Colin é uma missão quase impossível.

Comecei a pensar em adoção, não só pelo fato dele chamar a mãe de drasta e o pai de drasto, mas também por ele não se parecer em nada com os pais e nem com os irmãos. Por ter me convidado para esse jantar, eu acredito, agora, ter permissão para fazer certas perguntas mais profundas.

Tudo corria bem demais até um senhor aparecer. Primeiro pensei se tratar de um amigo da família que veio dizer um 'oi', porém logo mudei o pensamento. Só no 'boa noite' o Colin ergueu a cabeça já com uma cara que faria até o Jason sair correndo com medo.

Antes que qualquer um pudesse fazer qualquer coisa, o Colin levantou bruscamente e deixou o restaurante. O tal senhor parecia triste, mas ao mesmo tempo conformado. Como se já previsse a reação do meu amigo que, por acaso, esqueceu-se de mim.

-Oh, Megan, desculpe por isso. - A mãe dele falou demostrando total constrangimentos.

-Está tudo bem. Eu vou indo também.

-Não. – Disse o pai dele. – Termine de comer. Depois podemos chamar um táxi pra você.

-Eu arruinei a noite, mas você não precisa ir. Eu... Eu realmente queria poder falar contigo. Conhecer melhor a namorada...

-Desculpe. Eu não sou namorada dele. Colin é meu melhor amigo e colega de trabalho. Realmente preciso ir. Prazer conhecer todos vocês! Foi um bom... Foi um jantar interessante. Até mais.

Chegando à calçada uma silhueta se mostra bem na minha frente. Colin segura meu braço com uma força maior do que a necessária.

-Vamos!

-Colin, por favor, larga meu braço. Posso caminhar sem você me puxando.

-Desculpe. – Ele falou apenas essa palavra antes de me soltar.

No caminho para minha casa o silêncio era excruciante.

-Quem era aquele cara?

-Ninguém importante.

-Se é assim, então... Por que fugiu dele como o diabo da cruz?

-Ninguém que valha a pena falar a respeito.

Deixei o assunto morrer ali, pois sabia que não adiantaria nada tentar extrair algo.

No dia seguinte, meu bom amigo decidiu fazer pesquisa de campo, mas eu sabia que ele só estava me evitando. E pra piorar tudo, o homem do restaurante me abordou na saída do trabalho.

-Megan! Com licença. Podemos conversar?

-Oi! Clar... Não! Senhor desculpe, eu não faço ideia do motivo do Colin te odiar, porém ele odeia e, como melhor amiga, eu também odeio. Por isso, por favor, me deixe fora disso.

-Eu sou o pai dele.

-Merda! Ele não vai mesmo me deixar fora disso. –Comentei comigo mesma. -O que o senhor quer de mim? -No fim, eu acabei sendo convencida a ir com ele até um café ali próximo. – Senhor pai do Colin...

-George.

-Ok. George, o seu filho vai me contar em algum momento toda história de vida dele. Quando isso acontecer, eu não quero já saber os fatos. Ele ficaria muito desapontado comigo. Ainda mais se eu por ficar sabendo pelo senhor. Por favor, só me diga o que quer sem me contar nada do passado ou eu vou sair daqui sem ouvi-lo.

-Você parece gostar muito do meu filho. Se é assim vou direto ao ponto. Entregue isso a ele. – Ele me passou uma foto de uma mulher grávida com uma criança nos braços. – Dá-lo para aquele casal foi a única atitude boa que tive para com meu filho... Além de agora. Ele veio pra esse país sem nenhuma foto da mãe. Aqui o cartão do hotel...

-Provavelmente...

-Ele não irá... Eu sei. O desejo de obter o perdão do meu filho é real, porém pouco provável. Diga a ele que sinto muito e estou limpo. Vou ficar na cidade até a próxima semana caso... – Ele respirou fundo. – Adeus.

Comecei a me sentir em uma cilada muito bem armada. Passei a noite pensando em como trazer esse assunto sem o Colin pular no meu pescoço ou pior, acabar a amizade.

De volta à revista, eu ficava encarando meu colega metaleiro sem qualquer pudor. Perdida no medo e na angústia.

-Para com isso, gatinha. Você está me olhando como se eu fosse o último sapato da liquidação.

-Não faço ideia do que está falando.

Ele suspirou profundamente, pegou minha bolsa e fez um sinal pra segui-lo. Fomos para o café perto da revista.

-Eu sei do que se trata esse seu jeito ainda mais esquisito hoje. -Quase engasguei com o café e, por sorte, ele ignorou esse sinal de culpa. – Você precisa de uma explicação sobre o incidente do restaurante. No entanto, gatinha, é uma questão muito pessoal...

-Meus pais são divorciados!

-O que?

-Quando vim morar aqui decidi deixar o passado no passado. Agradeço por nunca ter me perguntado nada.

-Você não tem de me contar isso.

-Somos amigos. Eu vi parte do seu passado e deduzi algumas coisas. Isso nos faz quites. De certa forma. – Coloquei a foto na frente dele. – Ele me procurou ontem pra eu te entregar a foto da sua mãe.

-V-você... Como pôde?

-Fala baixo, Colin. – Ele ia levantando. – Se você me abandonar em uma mesa mais uma vez, eu juro nunca mais olhar na sua cara!

Ficamos nos encarando como dois galos de briga. Ele estava visivelmente em um grave conflito interno. Eu realmente significava algo pro Colin. Isso era ótimo de vê. Ele voltou a sentar, mexeu no cabelo algumas vezes.

-Só porque me contou a respeito da separação dos seus pais e como não quer falar a respeito da sua vida no Brasil não significa que deva se meter na minha.

-Quer mais detalhes? Meu pai foi embora quando eu tinha cinco anos de idade. Desde então sempre foi minha mãe, meu irmão e eu. As vezes que ele reapareceu foi para tentar tomar nossa casa, tirar nossa mesada...

-Megan!

-Tive um padrasto que também sumiu depois de alguns anos. A última vez que vi meu pai, ele me disse que não sou filha dele... Meu padrasto tem duas filhas. Meu pai tem duas filhas. E eu não tenho nenhum pai. Eu não queria me meter nisso, Colin, mas o seu pai veio até mim.

-E-eu... Minha mãe era viciada em drogas, ela morreu por causa disso. Meu pai passou a beber exageradamente e bater em mim. Até casar de novo. Tudo foi bem por alguns anos...

-Ele teve uma recaída?

-Batia na Drasta e em mim. Até ela conhecer o Paul. Até meus dez anos de idade tudo foi uma porcaria, mas de lá pra cá tudo é uma maravilha.

-Ele está limpo e nesse hotel. – Coloquei o cartão na mesa.

-Se fosse o seu pai...

-O meu não tinha uma doença. Ele só preferiu ser um canalha idiota comigo, com meu irmão e minha mãe.

Se o Colin iria até o pai, eu preferi esperar para que me contasse voluntariamente. Apesar do compridointervalo, o restante do dia correu normalmente. Nenhum de nós dois iniciouqualquer conversa. No entanto, a sensação de estarmos mais próximo se instalouem nosso peito para nunca mais sair.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 25/03/2019
Código do texto: T6606625
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.