The Love Between Us: 27- Segure a minha mão

Eu não pude.

Não consegui

Fugi mais uma vez...

Não dei uma resposta ao pedido de casamento fingindo querer vomitar, então saí correndo pro quarto que já foi meu. Fiquei lá trancada por horas. Quando estávamos sozinhos tentamos conversar, porém apenas brigamos.

Passamos a semana conversando por rápidas mensagens. Ele andava muito ocupado com o trabalho e eu apenas preferia assim.

O fim de semana chegou mais uma vez, a Ray estava de plantão e o Colin veio passar à tarde comigo. Nós estávamos fazendo uma maratona de filmes trash como: planeta terror e a centopeia humana. Apenas o Colin e eu tínhamos esse gosto peculiar. O meu caso com filmes trash é de amor e ódio. Tanto acho horrível quanto adoro! Quanto ao meu amigo, ele apenas ama esse tipo estranho de cinema.

Entre um filme e outro, nós íamos pra cozinha preparar mais pipoca, acabávamos ficando no balcão conversando.

-Sabe, eu fui até o hotel.

-Como foi?

-Nada ruim. Conversamos, ele pediu desculpas. Falamos sobre a mamãe.

-Vocês vão manter contato?

-Sim, adicionei o telefone dele. Talvez nas férias eu vá por lá.

-Isso é ótimo, Colin!

-Você não iria comigo, não é?

-Eu estaria quase parindo. Melhor não ficar presa em um avião em circunstâncias como essa.

-Você está certa. Eu nunca tinha falado sobre isso com ninguém. Nem mesmo com meus amigos da banda.

-Isso me faz sentir um pouco especial. - Pisquei pra ele.

-Você é! Fico feliz por também ter me falado sobre seu pai.

-Você fez o que?

Eu quase dei um pulo. O Tom havia entrado na casa sem percebermos. Não tinha certeza se tinha algo a ver com o falho pedido de casamento, mas ele parecia bem zangado.

-Hey! É... Nós marcamos alguma coisa?

-Precisamos conversar. Em particular.

Olhei para o Colin que comia pipoca recém-saída do fogo sem parecer preocupado. Eu não pretendia abandonar os planos com meu amigo pra ter uma DR.

-Eu já havia combinado de assistir filmes com o Colin. Você é bem-vindo pra...

Enquanto o Colin bufou por causa do convite, o meu adorado namorado me puxou pelo braço até ficarmos no meio da sala. A casa não tinha muitas paredes, da sala dava pra vê a cozinha, não fazia muita diferença a conversa ali ou mais pro outro lado. O Colin sempre iria ouvir.

-Megan, nós temos de conversar!

-Não, não temos. Eu nunca quis saber de casamento e você sabe muito bem disso. Agora, eu estou ficando de saco cheio de você empurrar todas essas idiotices pra cima de mim.

-Idiotices! Você falar da sua vida pra esse palhaço e não pra mim, é idiotice? – Virei para vê o Colin que apenas sorriu continuando a comer pipoca. –Meu pedido de casamento... Nós termos um filho, formarmos uma família é idiotice pra você?

-Isso te surpreende? Tom, eu não queria essa merda de gravidez, mas você me fez engolir essa porcaria... – Minha raiva estava grande e não sei se foi esse o motivo, mas senti uma forte pontada na barriga. – Ai. Tem algo errado.

-O que é? O que está acontecendo?

Levei minha mão para parte interna da minha coxa. Sangue. Havia sangue descendo. Tentei falar alguma coisa, mas só conseguia olhar para minha trêmula mão.

Sem pensar duas vezes, sem combinar nada, Tom me pegou no colo e o Colin se dirigiu a porta. Eles pareciam ler os pensamentos um do outro. Faziam tudo em sincronia. Colin dirigia enquanto Tom estava comigo no banco de trás do carro. Eu apertava o braço dele sempre ao sentir um dor mais forte.

****

O médico me mandou de volta pra casa em pouco tempo, porém com várias restrições. Eu teria de dá um jeito de trabalhar de casa. Meu visto aqui é de trabalho e não posso perder, mas, por sorte, a atual editora-chefe é minha melhor amiga.

Deitada na minha cama com o Slash ao meu lado, decidi esclarecer alguns possíveis mal entendidos.

-Arthur, sim, esse será seu nome. Não posso continuar te chamando de útero, apesar de que seria engraçado. Escuta, Arthur, você tentou fugir de mim. Eu entendo isso. Porém, você não vai se livrar de mim tão facilmente. O que eu disse antes foi pra magoar o seu pai. Eu estava com muita raiva... Enfim, não acredite em uma palavra, ok? Só fique de boa.

-Quem tem de ficar de boa?

-Arthur.

-Você lhe deu um nome sem mim. – Tom decidiu se juntas a nós na cama.

-Sim. Eu adoro esse nome. Fui viciada no livro As Brumas de Avalon e como não posso chamar de Morgana... Ainda. Então, fica Arthur.

-Ainda?

-Vai que depois ele prefere Morgana.

Nós rimos e ele me abraçou. Parecíamos aquelas família de histórias românticas chatas. O cara abraçando a mulher grávida, os dois com as mãos na barriga dela e o cachorro do lado com a cabeça na coxa dela. Era exatamente essa a cena.

Eu estava feliz, não posso dizer o contrário, mas no meu caso tem sempre uma vozinha no fundo me lembrando de não me apegar tanto a esse cenário.

Tom começou a perguntar novamente sobre minha vida no Brasil e toda minha pequena falta de vontade relacionada a compromissos. Completamente encurralada por aqueles belos olhos e sorriso arrasador, eu tive de contar.

Expliquei como por toda a minha vida pensei que os homens bons morriam cedo. Como meu pai foi um cretino, o pai do meu primo o renegou por quase toda a vida até ser obrigado pela justiça a cuidar financeiramente do menino, como todos os meus tios tinham filhos fora do casamento e como o pai de uma prima minha era o único bom, porém morreu quando ela ainda tinha nove anos.

Contei como evitei me apaixonar até eu ter uns vinte anos de idade. Depois falei sobre eu sempre reclamar do meu pai quando bebia muito, sobre todas as vezes que chorei escondida no banheiro me perguntando o que eu tinha feito de tão errado pra ele não gostar de mim, no entanto demonstrar tanto amor pelas outras duas filhas do novo casamento...

-O Mark nunca quis saber do meu passado. Eu achava isso ótimo. Nunca fui boa de falar sobre essas coisas de sentimentos. Por isso estou chorando como uma bezerra desmamada. – Tentei sorrir, porém não saiu muito bonito. – Quando vim pra cá, eu decidi deixar o passado no lugar dele. E vinha dando certo... Até você aparecer.

-Megan, obrigado por me contar. Quero uma relação profunda com você. Não apenas namorados ou marido e esposa. Mas, devemos ser melhores amigos, acima de tudo. Espero que se sinta sempre a vontade para me contar qualquer coisa.

-Se você vai ser meu melhor amigo, então pra quem vou reclamar do meu namorado?

-Eu estou falando sério. – Ele pegou minha mão. – Eu juro nunca te abandonar. Sempre estarei ao seu lado. Você não precisa ter medo.

Soltei um suspiro pesado.

-Não faça promessas que não sabe se vai conseguir cumprir.

-Eu vou cumprir. Megan, eu te amo. Eu vou segurar a sua mão e nunca mais soltar.

-Não importa o que aconteça?

-Não importa o que aconteça... Eu juro.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 11/06/2019
Código do texto: T6670504
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