Amigo ou amor?

Lembro-me que naquele dia o tempo estava tão nublado quanto você, a chuva tão fina e ao mesmo tempo tão fria que o melhor lugar para ficar era na churrasqueira. Eu queria tanto te fazer rir, fazer com que seu tempo abrisse que te seguia por onde ia, e era sua vez de vigiar as carnes. Por alguns instantes ficamos sozinhos e foi nessa hora que, tão perto um do outro, você me olhou. Você me olhou de verdade e eu vi isso em seus olhos. Teu sorriso aquele dia está gravado na minha mente até hoje, porque foi naqueles poucos instantes que ficou tudo claro. Foi o dia em que descobrimos juntos o que era aquela sensação estranha que sentíamos quando estávamos perto.

Foi o dia em que vimos o quanto éramos apaixonados um pelo outro. Descobrimos a quanto tempo sentíamos isso achando que não era recíproco e ignorando cada vez que o sentimento aparecia. Depois desse dia foi ficando mais difícil disfarçar o clima quando nos encontrávamos, era quase palpável toda a vontade que sentíamos. Mas não podíamos nos estregar, sucumbir àquela vontade insuportável. Quando pensávamos em contar aos nossos amigos e finalmente dar uma chance pra nós dois, o medo impedia... Fomos arrastando isso por um bom tempo, até que eu não aguentei mais.

Era seu aniversário e eu pedi que me encontrasse em um lugar mais afastado do ponto de ônibus onde normalmente íamos. Comprei um presente pequeno, fiz outro e fui com um terceiro surpresa. Tinha tanta borboleta no meu estômago que fazia cócegas e eu não parava de sorrir, estava tão nervosa que cheguei gaguejando e entregando o primeiro presente. Ele adorou e ganhei um abraço, mostrei o segundo e o vi ficar emocionado enquanto sorria. Então eu disse que havia um terceiro, mas que como não havia embrulhado, precisava que fechasse os olhos.

Assim que ele me olhou desconfiado e fechou os olhos, eu me permiti brincar com um sorriso no rosto e respirar bem fundo, antes de me inclinar e deixar que meus lábios encostasse nos dele. As borboletas em meu estômago se agitaram e meu sorriso se abriu em sincronia com o dele, eu podia sentir sua surpresa, mas era nosso primeiro beijo e eu sabia que ele não deixaria ser só um mero selinho. Ele me buscou pela nuca e meu peito parecia que ia explodir de tanta felicidade. Eu sabia, eu sentia, que ali naquele instante estávamos sentindo tudo o que nos privamos nesses tantos anos. E, nossa, eu estava tão apaixonada!

Bianca Gonçalves
Enviado por Bianca Gonçalves em 18/07/2019
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