Destinos cruzados

Ela olhou para ele com tristeza, sabendo que era a última vez que o veria. Ele estava partindo para outro país, em busca de seus sonhos, e ela não podia acompanhá-lo. Eles se abraçaram, sentindo o calor e o amor que ainda existia entre eles, mas que não era suficiente para mantê-los juntos.

_ Eu te amo _ ele sussurrou em seu ouvido.

_ Eu também te amo _ ela respondeu, com a voz embargada.

_ Quem sabe a gente se encontra de novo, algum dia _ ele disse, tentando ser otimista.

_ Talvez em outra vida _ ela murmurou, sem esperança.

Ele a beijou suavemente nos lábios, e depois se afastou. Ela o viu entrar no carro e acenar pela janela. Ela acenou de volta, com um sorriso forçado. Ele partiu, levando um pedaço do seu coração. Ela ficou ali, parada, até que ele desaparecesse de vista. Então, ela suspirou e virou as costas, caminhando para o seu futuro incerto. Talvez em outra vida, eles pudessem ser felizes. Mas não nessa.

Anos depois, ela estava casada com outro homem, e tinha dois filhos. Ela era feliz, mas às vezes sentia uma saudade do seu primeiro amor. Ela nunca mais soube dele, e imaginava se ele tinha realizado seus sonhos, se tinha encontrado alguém, se ainda pensava nela.

Um dia, ela estava no supermercado, fazendo as compras da semana, quando o viu. Ele estava na fila do caixa, com uma mulher ao seu lado. Ela reconheceu o seu rosto, o seu sorriso, o seu olhar. Ele estava mais velho, mas ainda era bonito. Ela sentiu o coração acelerar, e uma mistura de emoções invadir o seu peito.

Ela não sabia o que fazer. Deveria ir falar com ele? Fingir que não o viu? Sair correndo? Ela ficou paralisada, sem ação.

Ele também a viu e a reconheceu na hora, sentindo um choque. Não esperava encontrá-la ali, depois de tanto tempo. Também sentiu uma onda de sentimentos tomar conta dele.

Ele não sabia o que fazer. Deveria ir falar com ela? Fingir que não a viu? Sair correndo? Também ficou paralisado, sem ação.

Eles se olharam por alguns segundos, que pareceram uma eternidade. Comunicaram-se sem palavras, trocando mensagens silenciosas. Lembraram do passado, do amor que viveram, da despedida que doeu. Perguntaram-se como seria se tivessem ficado juntos, se teriam sido felizes, se teriam tido filhos. Compararam-se com os seus atuais parceiros, e sentiram culpa, dúvida, arrependimento.

Desejaram-se, por um instante, e depois se repreenderam. Sabiam que não podiam voltar, mudar o destino, trair as suas famílias.

Então se despediram, com um aceno discreto, e depois desviaram o olhar. Pagaram as suas compras, e saíram do supermercado, seguindo os seus caminhos, separados novamente.

Pensaram um no outro por alguns dias, e depois esqueceram. Voltaram para as suas vidas normais, e foram felizes. Mas às vezes, em momentos de solidão ou nostalgia, eles se perguntavam: "E se...?"