Para minha Musa

Naquela noite, através dos sonhos, o Viajante se encontrou com sua Musa.

Era um baile de máscaras, um local fechado onde poucos tinham o convite necessário para entrar. O Viajante usava seu melhor terno, aquele que ele guardava para ocasiões especiais. A máscara que usava, em formato de meia lua, mostrava parcialmente seu rosto.

Ninguém reparou em sua presença e isso não era algo que lhe incomodava. Pelo contrário, o Viajante gostava de passar despercebido pelos caminhos que cruzava.

Até que seus olhos se fixaram na imagem dela. Do outro lado do salão, em cima das escadas principais, uma senhorita vestida de vermelho era o alvo das atenções. Seus cabelos negros eram o contraste perfeito para sua pele pálida. O Viajante sorriu ao perceber que ela ainda era exatamente como sua memória lhe permitia lembrar. Sua Musa.

E como sonhos são perfeitos, ela também usava uma máscara em formato de lua, como se o complemento de almas fosse algo tangível. Pelo menos, naquele momento, poderia ser.

Uma música preencheu o ar. Uma melodia conhecida, que tinha um significado especial para o Viajante. Todos os olhares se voltaram para sua Musa pois ela estava prestes a cantar e agraciá-los com sua voz angelical.

A mulher desceu as escadas e, a cada nota, tirava suspiros daqueles que lhe prestigiavam naquele momento. O canto preenchia todo o salão e fazia com que o Viajante lembrasse o motivo de se iluminar quando estava sob sua presença.

A cada passo, a cada degrau, a Musa se aproximava dele. Naquele instante, ela cantava diretamente ao Viajante. Olhava direto em seus olhos, como se não houvesse mais ninguém ali. Eram apenas os dois. Um encontro de Luas.

A donzela de vermelho deixou que o Viajante lhe acompanhasse na canção e ele, talvez por ser o dono daquele sonho ou talvez por reconhecer a paixão, sabia exatamente como cantar a bela melodia. Eles se completavam naquele momento, como se tivessem nascido para compartilhar duetos.

Quando já estava próxima o suficiente, a Musa lhe estendeu a mão, como se autorizasse o contato direto e o Viajante entendeu o sinal para lhe guiar em uma dança.

Uma dança que duraria a eternidade se pudesse.

Mas até os melhores dos sonhos tem um fim. E esse, ao término da dança, foi selado com um beijo. Um beijo delicado de uma Musa em um melancólico jovem apaixonado.

Naquela noite, através dos sonhos, o Viajante se sentiu inspirado a escrever mais uma poesia sobre amor.

Viajante atemporal
Enviado por Viajante atemporal em 23/04/2024
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