A Aldeia (XXXVIII)
 
 
Eles saíram da Aldeia dos Marucos satisfeitos, tanto pela receptividade do povo, quanto pelos resultados práticos obtidos, tudo o que eles pretendiam foi aprovado. O mais entusiasmado foi Malto, que desde que recebera o elogio feito por Amom, passou a falar como um verdadeiro líder:
- Comandante Amom, acredito que enquanto tivermos aldeias pequenas, seremos vulneráveis aos ataques dos escravagistas.
Uma aldeia com cem pessoas, para eles é fácil de conquistar. No final vão sair todos atrelados e enfiados num navio negreiro. Não é assim que eles denominam esses navios?
Pois é, porque não nos unimos e nos transformamos numa grande nação, onde teríamos quem plantasse e colhesse, quem criasse animais, quem fizesse trabalhos manuais, teríamos uma nação rica e poderosa!
Kally sentiu um arrepio, parecia que alguma coisa diferente estava acontecendo com ela, então imaginou:
- ( parece que esse menino está a serviço de Xangô) ... Então ela disse:
- Malto, essa é exatamente a minha ideia, de imediato posso propor ao seu pai  a união dos nossos povos como o embrião de uma grande nação! Você acha que ele seria receptivo à ideia?
- Meu pai, alteza, é afeito a ideias novas, é um inovador! Os cavalos árabes que temos, são fonte de uma negociação que ele entabulou com os árabes, nós tínhamos nossas terras, onde morávamos lá perto do deserto, meu pai trocou aquelas terras por cavalos, porque sabia que se não cedesse, os árabes as tomariam pela força, então ele venceu, argumentando e valorizando nossas casas, e recebeu os cavalos em troca por elas, e depois fomos morar nesse lugar onde até hoje estamos, e temos uma criação de cavalos que vale uma fortuna...
E assim, conversando e fazendo planos, eles chegaram à terra dos Bores.