O Girassol

Todas as manhãs primaveris, Melissa acordava cedo.Apesar de ter apenas 8 anos, era acostumada a acordar cedo na primavera para regar o seu lindo girassol, que ela mesma plantou, aos 5 anos de idade.

Sua mãe, dona de um pequeno jardim nos fundos da casa, sempre incentivara a única filha cuidar das flores, como ela cuida das próprias bonequinhas: Com amor e zelo.

E naquela manhã de primavera, Melissa, sempre com um sorriso no rosto e bem disposta, olhava pro céu e dizia:

-Bom dia céu! Bom dia, SOL!

Era sempre com essa alegria que ela acordava. Só ficava triste quando os pais brigavam, ou quando alguém falecia.

Não importava se ela o/a conhecia ou não, Melissa não aceitava que Deus levasse as pessoas pra junto Dele.

Certa noite, ainda no inverno, Melissa teve um sonho.

Sonhou que estava em um bosque, muito lindo, cheio de flores coloridas, e árvores esverdeadas. Parecia começo de primavera, naquele lugar surreal. Ela estava sentada, encostada num tronco de árvore.

O ar estava tão puro, as folhas se mexiam de um lado pra outro, e Melissa admirava tudo aquilo. Até ela ver um lindo Girassol gigante, que se destacava dentre todas as flores que haviam. Melissa levantou-se e foi andando para admirar aquele lindo girassol. E então, percebeu que havia uma pessoa, próxima ao girassol. Era um senhor. Roupa branca, alva e de costas pra menina. Ela ainda não o havia reconhecido por completo. Então, quando ficou ao lado dele, ele se virou. Ele sorriu pra ela.

E então, Melissa, na sua mais inocente idade, deixou uma lágrima cair. Ela estava feliz. Era o "vôzinho" dela. O avô que a deixara quando ela tinha apenas 5 anos. A mesma idade com que ela começara a amar as flores.

-Vovô? - Ela falou, tocando o rosto do velho, que estava ajoelhado na frente dela.

-Oi, minha querida!

-Eu achei.. eu achei que Deus tinha levado o senhor...

O avô sorriu.

-Minha linda.. A vida tem dessas coisas. Não fique brava com Deus. Ele apenas me libertou.

-Libertou?

-Sim, querida. Agora posso aparecer nos seus sonhos. Como agora.

-Estou sonhando?

O avô deu uma risada prazerosa. E uma lágrima, ou melhor algumas escorreram pelo rosto dele. A inocência da menina era algo que talvez não fosse para sempre.

-Posso abraçar o senhor?

-Claro, querida.

Então, Melissa, já chorando, abraçou o avô bem forte.

E foi nessa hora, que acordou, abraçada ao travesseiro, que estava molhado de lágrimas.

Nas semanas seguintes, Melissa repetira para os pais a ideia de fazer um jardim pra ela. O pai da menina, ficara emocionado ao ouvir da filha que ela sonhara com o pai dele.

E, por mais difícil que seja, um adulto acreditar nas palavras de uma criança, ele sabia que era verdade.

Uma criança, tinha a alma mais pura que qualquer adulto. Tinha a mais bela inocência.

Então, não hesitou em fazer-lhe o jardim.

Comprou sementes de girassol, para que a própria menina as plantasse.

Algumas semanas depois, lá estava o jardim. Haviam algumas flores coloridas, gramíneas verdes e brilhosas, e com o pequenino girassol no meio delas, como a própria Melissa havia pedido.

Quando se tem um sonho, mesmo que as possibilidades sejam as menores possíveis, nunca perde-se a Esperança, nunca deixa-se de tentar, e tentar e tentar.

Melissa teve uma dura semana para convencer os pais sobre o jardim. Não era Birra ou mimo de criança. Era apenas um sonho que ela tivera, que achara lindo, e quis apenas tentar realizá-lo.

Tem algum problema nisso?

Uma criança querer realizar seu sonho?

Depois de tantas súplicas, vindas da menina,os pais dela concordaram em fazer o jardim. E então, todas as primaveras, antes da escola, ela acordava cedo, e ia regar o seu lindo Girassol. Que crescia na mesma proporção que os sonhos de menina que ela cultuvava. Não só nas primaveras, mas nos outonos, verões, invernos da vida, ela olhava para aquele girassol e sorria. Lembrando do avô, da vida, dos pais.

Porque, a vida é como um Girassol. Não basta regá-lo para que ele cresça e floresça. Tem que dar amor, carinho e ser dedicado naquilo que almeja tanto.

Ela tinha um sonho: Ver aquele jardim, igual ao do sonho. E ela conseguiu. Para conseguir, basta acreditar que consegue.

Lá no céu, o avô da Melissa sorria. MISSÃO CUMPRIDA.

A missão? Fazê-la acreditar no IMPOSSÍVEL.

Larissa Siqueira
Enviado por Larissa Siqueira em 15/11/2013
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