OS MENINOS DA RUA DE BAIXO

Sempre tive vontade de morar na rua de baixo e ser um daqueles moleques sapecas que tocam o terror por aquelas redondezas, aquela sim é que é uma rua legal, lá até os adultos se divertem, sempre tem um sorrindo ao lado dos meninos, tanto das brincadeiras, como também das travessuras.

Na rua onde moro, até que tem umas crianças, mas não são da minha idade, ainda não são de brincar na rua, só tem o Diego da casa ao lado, mas nem sempre ele quer brincar, do lado de fora, ele é fissurado em videogame, deve ser por isso que está gordinho daquele jeito, parecendo até um presuntinho ambulante, não tem nada a ver com os meus ídolos, os meninos da rua de baixo.

Passo a maior parte do tempo assim, aqui parado com uma bola velha debaixo do braço, espiando de longe aqueles moleques peraltas e me imaginando um dia ser um deles, pertencer àquela corja de bandidos quando brincam de polícia e ladrão, acho que seria o craque do time no futebol, no pique pega ninguém me pegaria, tenho certeza, no pique esconde, é que eles iam ver, aliás, não me achariam nunca, enfim, que inveja daqueles meninos felizes e sapecas da rua de baixo.

Queria muito ser um deles, mas não sei se seria assim totalmente louco como são, um dia desses vi um tal de Dudu fazendo uma pegadinha com as pessoas que passavam, ele deixava uma nota de dez reais no chão e quando alguém supostamente a encontrava logo se abaixava com um leve sorriso tentando pegar a nota que saia se arrastando pela calçada, fazendo a graça da molecada e deixando sempre alguém irritado, outro dia, percebi o que o Cacá e outros meninos, chegavam perto de uma casa, apertavam a campainha e saiam correndo, até uma menina que ainda não sei seu nome faz parte do bando e se propunha também a realizar as peraltices que os outros faziam, acreditem só, ontem essa sardentinha fazia o seguinte, com uma seringa dessas que tem no hospital, lá de cima do muro da casa do Pelezinho, ela sempre molhava alguém e rapidamente se abaixava, teve até uma senhora que abriu o guarda-chuva pensando que era chuvisco, enfim, sempre tinha uma aventura diferente e divertida naquela rua de baixo para fazer a alegria da meninada.

Qualquer dia desses, crio coragem e fujo para a rua de baixo, nem que seja só um pouquinho, por um minutinho apenas que seja, sem minha mãe ver, vou lá e volto rapidinho no paraíso da criançada, onde parece que todo dia é domingo no circo, tem palhaçada todo dia e alegria toda hora.

GILMAR SANTANA
Enviado por GILMAR SANTANA em 01/07/2015
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