Desafio

O desafio

Saber que estou indo para uma armadilha, já te deixa assustado, mas ir para um território do mundo de duelo que você não conhece aumenta o medo, ainda mais quando seu guia não te guia. Afinal, ele me trouxe aqui e foi embora.

Cidade Máquina é o nome do local, e não é à toa, pois até as paredes foram metalizadas. Ninguém tinha notado a minha presença, assim consegui ir a praça da cidade, uma estátua me chamou a atenção: era Serpentina Força Animal. Uma onda temporal me acertou e, possivelmente destruiria meu baralho de duelo se não fosse pela carta que o Mestre Arthur: Refluxo temporal que anulou a ação.

A ativação da carta despertou uma reação da cidade, pois várias máquinas, que eram pessoas comuns transformadas, começaram a se aproximar para atacar. Invoquei um dos meus monstros para me defender, tive sorte Tigre Força Animal, um dos meus melhores. Ele derrotou os adversários rapidamente.

No entanto, punhos de ferros vieram em nossa direção, fazendo com que eu desviasse e equipasse Espada Tigre. Tigre conseguiu resistir ao golpe, e eu pude ver Pugilista Macaco Força Animal Metalizado inconsciente obedecendo a ordens, me deu um misto de raiva, ódio e medo. Tigre conseguiu repelir o Macaco de Ferro para longe, ele poderia ter dado o golpe final, mas ele percebeu que o seu amigo ainda estava ali, apesar de tudo e não conseguiu destruí-lo. E para complicar um pouco mais a história, tiros de bazuca vieram em nossa direção: Gambá Força Animal Metalizado tinha se juntado a briga. Em meio ao caos completo um grito:

– Olha a sabotagem!

Uma explosão elétrica conseguiu paralisar todos os nossos adversários. O dono do grito se apresenta:

– Oi, sou Guaxinim Sabotador Sombra Animal. Vi você chegar, você tem alguma ligação com o nosso passado, pois conhece o Serpentina e o Pugilista. Quem é você? E qual sua relação com a Força Animal?

– Eu sou Lucas, sou um duelista que me baseio exclusivamente nas cartas Força Animal. Eles não são só meu baralho, são meus amigos!

– O que você veio fazer?

– Viemos salvá-los – respondeu Tigre por mim.

O meu sorriso confirmou a resposta. Um barulho ao longe, fez o Sabotador esticar as orelhas, desconfiado e um outro elemento entrar na conversa: Ratâmico Força Animal.

– Não temos mais tempo, Tante está vindo com os outros! Vamos embora agora!

Ele fez criou sombras que nos teletransportaram para a base Força Animal Sombra. Entrando na base fiquei curioso:

– Como a explosão da bazuca do Gambá não nos acertou?

– Eu absorvi com a minha sombra segundos antes – respondeu Ratâmico.

Quando entramos na base a situação não foi tão acolhedora quanto supúnhamos, pois o Lobo Sombra Animal veio com toda sua força para cima do Tigre, que simplesmente tirou a sua espada da bainha e parou o golpe. Antes que o combate ficasse mais sério a rede do Pescador puxou o Lobo e encerrou a disputa de força.

– Não precisamos de combates desnecessários dentro da Força Animal Sombra! – disse o Pescador.

– Pescador não foi capturado – disse surpreso.

– A Serpentina se sacrificou no lugar dele – responde Guaxinim.

Depois de alguns, onde conhecemos os demais membros do time: Morcego, Gata e Coruja. Pescador nos olhou e tomou a palavra:

– Vocês sentiram o que eu senti, não foi?

– Está falando da consciência deles estarem ali presente, mas não poderem controlar o próprio corpo – respondi.

– Isso. Não posso combater com tudo contra eles, enquanto eles estiverem assim. Queria poder fazer algo, mas não posso.

– Existe uma carta mágica chamada desmetalização, ela reverte metalização.

– Você tem ela? – perguntou Pescador.

– Não. Não uso este tipo de baralho. Mas podemos fabricá-la.

– Como assim? – perguntou interessado todos os Sombras Animal.

– Da mesma forma como eu acabei de incluir a Cidade Máquina, como terreno e vocês no meu baralho. Vocês vivem esse mundo, logo as tecnologias ou as magias não se restringem a um determinado local, vocês só precisam dos meios para criar. Existe algum cemitério de máquinas aqui?

– Entendo o seu raciocínio, mas o cemitério é vigiado constantemente pelo Vespa Metalizado, ainda mais por que ele tem várias sentinelas eletrônicas espelhadas por todo o cemitério – respondeu Pescador desanimado.

– Não sei se compensa colocar o seu modo sombra no baralho, você está pessimista demais – retruquei.

Alguns minutos se passaram e Coruja me procuraram. A Coruja disse que já tinha mapeado todos os pontos cegos do cemitério, enquanto Morcego comentou que conseguiria desarticular as sentinelas por alguns minutos com o seu radar. Decidimos, então, invadir o cemitério.

Quando chegamos lá não éramos três, mas sim quatro. Pescador deu ordem para que um dos Força Animal nos acompanhasse caso fossemos até o cemitério, quem nos acompanhou foi a Gata. Consegui terminar a habilidade do Pescador Sombra: ele invoca sempre que for atacado ou afetado por carta mágica um guerreiro Força Animal aleatório do meu baralho.

Seguindo pelos portais criados pela Coruja chegamos até o fim do cemitério onde uma pilha de destroços de metal ia sumindo. Morcego usou seu radar dissipando as sentinelas robóticas ao redor, aproveitei e me aproximei com um tubo de ensaio que tinha encontrado no antigo laboratório do Vespa e coletei uma amostra de um ferrugem que era bem vivo e reagia a metal mas não a qualquer outra coisa.

O nosso plano foi bom, mas não contávamos com a capacidade de raciocínio do Vespa Metalizado que percebendo a anomalia veio verificar o ocorrido se deparando com o quarteto: eu, Coruja, Morcego e Gata. Gata bloqueio bem com sua velocidade os primeiros ataques, mas acabou sucumbindo e sendo acertada. Vendo que a situação era crítica, não pensei duas vezes e joguei o tubo de ensaio em direção ao Vespa. O efeito foi imediato, em segundos as partes de metal do seu corpo acabaram ficando apenas ele inconsciente no chão. Mas não tínhamos mais tempo, pois as sentinelas se aproximaram e Tante já estava muito perto, pois consegui vê-lo com sua proteção metálica reforçada. Coruja usou seu portal e nos levou até a base.

Quando chegamos, Pescador nos recepcionou:

– Como foi a operação?

– Sucesso, por ter conseguido o Vespa. Fracasso, por não ter conseguido a ferrugem instantânea que retira o efeito da metalização – respondi.

– Então foi um sucesso completo – retrucou com um sorriso irônico a Gata. – Porque quando eu caí e antes de você surpreender os outros, desperdiçando a amostra e jogando contra o Vespa, eu recolhi um pouco do material também.

– Obrigado pela carta mágica. Furtividade da Gata: Permite você reativar a sua última carta mágica usada – respondi sorrindo.

Nesse momento, Vespa acorda. Todos ficam apreensivos, Pescador rompe o silêncio com uma pergunta:

– Lembra de todos nós?

– A nova geração – aponta para equipe Força Animal Sombra. Meu velho amigo Pescador, com uma roupa mais escura. Tigre você não foi capturado pelo General Máquina CZ1000?

– Desculpa, sou só um protetor aqui – respondeu o espadachim.

Eu sai de trás do Tigre. Então ele continuou:

– Lucas. Bem vindo, velho amigo ao seu lar. Desculpa por ter deixado as coisas ficarem desse jeito.

– Mestre Vespa – reverenciei-o.

– Capitão Honorário – retribuiu o favor.

– O clima está bonito, está legal, mas temos uma cidade inteira para livrar – reclamou o Lobo, e ele estava certo.

– Guaxinim, vamos preparar uma mega-sabotagem.

O plano do Vespa, mas muito bem executado. Ratâmico e Guaxinim conseguiram invadir o gerador do cemitério de máquinas, causando um colapso total no sistema de sentinelas que vigiavam o cemitério. Em poucos segundos, Tante e todos os outros Força Animal metalizados estavam ali. Mas a Coruja usou seu portal e trouxe a Gata e o Lobo para se juntar a briga. Apesar da capacidade de combate dos dois a luta era desleal, pois o Tigre Metalizado, Pugilista e Gambá eram muito fortes ofensivamente, e o Tante era praticamente impenetrável na defesa.

Mas aquilo fora apenas para ganhar tempo, pois na praça da cidade, eu, Vespa e Tigre tínhamos ido libertar Serpentina de sua prisão de metal. Pois como é impossível transformá-la em um andróide como os outros a única foi forma foi ter aprisionado em uma estátua. A Coruja tinha nos avisado que ela abrira um portal a dez passos a leste em um beco onde seriamos levados direto ao campo de batalha. Então, Vespa avisou a Pescador que interviesse na batalha, pois eles estariam chegando.

Pescador entra na batalha, usando sua rede para proteger os Sombras Animal. General Máquina CZ1000 leva seu robô metalizador para a batalha, com a esperança de controlar o Pescador. Mas o jogo já tinha virado, pois com a chegada da Serpentina, a metalização foi cancelada e todos os antigos Força Animal. Eram treze contra um. O robô metalizador foi destruído pelo Lobo. E o grito de CZ100 ecoa:

– Isso não é justo!

Dois justiceiros de duelos: um o conselheiro-mor Mizael e outro, a Capitã Nina, velha conhecida por ter nos enfrentado várias vezes, incluído ao obrigar Zuck atacar o reino das harpias-fadas dando o recado para mim.

– Ele deve ser punido por ter interferido diretamente na realidade deste mundo – disse ela apontando para mim.

– Não está esquecendo de algo, Nina? Como de você ter invadido o castelo de Zuck, harpia-sombra a derrotando em um duelo, obrigando-a a ir até o mundo das harpias-fadas e colocar uma praga e dar um recado para que o Lucas viesse até esse local, com o intuito de destruir o seu baralho e aprisioná-lo neste ambiente? – chegou questionando Arthur, junto com Bruma, a harpia-fada e minha namorada.

Percebendo que Bruma se aproxima de mim com intimidade, Mizael toma sua decisão:

– A situação é crítica: realmente o rapaz conseguiu destruir completamente essa realidade, mas em compensação ele foi atraído para uma armadilha. Então, minha decisão é simples: Nina e Lucas duelam, com ele em desvantagem por usar seu baralho da forma como está. Se ele vencer a realidade continua daqui para frente, caso contrário, a realidade retorna como antes e seu baralho é destruído. O que acham?

– Justo – todos responderam.

Duelo entre Lucas e Nina valendo a permanência da realidade na Cidade Máquina. Lucas começa.

– Eu começo com Guaxinim Força Animal Sombra 1300/1700 em modo de defesa. E mais duas cartas viradas para baixa.

– Você quer mesmo me derrotar com um guaxinim? Minha vez, eu invoco a campo Guerreiro do Tacape da Caverna 1800/1000 em modo de ataque e Guerreiro do Tacape acabe com aquele animal!

– Muita calma, nessa hora! Carta mágica ativando: Portal Animal em aberto. Esta carta permite eu invocar a campo qualquer guerreiro força animal do meu baralho. E o sorteado foi: Tante Força Animal 1200/2000 em modo de defesa.

– Se é assim eu coloco uma carta mágica e encerro minha jogada.

– Minha vez, eu invoco a campo Gata Sombra Animal em modo de ataque 1800/1700. Mas usando a habilidade especial do Gambá que aumenta em 200 a força de ataque de qualquer monstro Força Animal Sombra em campo. Gata cuida do cavernoso!

– Eu tenho uma carta armadilha!

– Obrigado por avisar. Mas não funciona, efeito da Gata: carta mágica, armadilha ou efeito não anulam os ataques da gata. Diga adeus para o cavernoso. Eu encerro minha jogada.

– Parece que você gosta de apanhar. Eu uso a carta mágica: Caverna de Fuga, esta carta permite que qualquer guerreiro com caverna retorne do meu cemitério e restaura meus pontos de vida. Bem eficiente, não? Agora que meu Guerreiro do Tacape retornou eu uso a carta Gigantificação para transformá-lo em Guerreiro do Tacape Gigante da Caverna 2500/2000. É melhor dizer adeus para o Tante.

– Tudo bem. Quando você ataca o Tante você encerra sua jogada automaticamente. Então, é minha vez. Começo invocando a campo Morcego Sombra Força Animal 1600/1600, mas ainda eu coloco o Guaxinim em modo de ataque. Sabe por quê? Estamos na terceira rodada, logo posso ativar essa carta mágica: Sabotagem do Guaxinim: esta carta só pode ser ativada depois que o Guaxinim Sombra Força Animal permanece três rodadas em campo, mas ela tem um efeito devastador, pois bloqueia todo o seu campo. Dois mil, mais mil e oitocentos, mais mil quinhentos, total quatro mil e trezentos. Você perdeu.

A realidade permaneceu como eu deixei e fui embora com o capitão Azul.