Uma noite no BAR

Eram duas horas da madrugada. A noite estava sombria, o tempo frio e chuvoso. Sentado numa cadeira branca e fria estava eu rodeado de amigos, tomando aquela loira gelada. Todos riam, contavam piadas e faziam desabafos de suas vidas. Alguns se gloriavam de suas artimanhas da conquista, outros tímidos ficavam silenciosos. A chuva tinha iniciado às 20h e nada dela parar. Era hora de ir embora, mas antes alguém promoveu uma aposta. Só vai embora quem conquistar uma garota e quem fizer isso primeiro ganhará o dinheiro do motel. Todos riram da sugestão, mas no final todos entraram na aposta. Cada um tirou da carteira cinquenta reais totalizando duzentos e cinquenta. Seria a quantia que aquele que conseguisse conquistar primeiro levaria. Todos se levantaram a procura de uma garota. Eu, particularmente fiquei sentado, olhando para o copo que estava seco na mesa. Pensei: jamais farei isso e coloquei cerveja nele. O segurei na mão e quando ia levando a boca, vi refletido nele a imagem de uma deusa, olhos lindos, encantadores. Tremi naquele instante e pensei que estava ficando bêbado. Coloquei o copo sobre a mesa, olhei para o lado e vi aquela deusa passando entre as mesas e chegando ao balcão do bar. Fiquei inerte, encantado com o olhos fixos nela. Passado alguns minutos todos os meus amigos voltaram frustrados. Tinham levado um fora. Olharam para mim e falaram: falta somente você. Tentei explicar que não podia entrar na aposta. Todos disseram você já entrou ao dar os cinquenta. Olhei para o lado em direção ao balcão e lá estava ela sorrindo, sozinha, tomando um gole de cerveja. Levantei, peguei o dinheiro coloquei no bolso e falei: deixa eu aproveitar a noite. Todos riram. Caminhei rumo ao balcão. Chegando pedi ao garçom uma cerveja, ele virou para pegá-la. Ao sai olhei para ela, estava cabisbaixa, mas linda como uma deusa. Você sabia que teus olhos brilham como a noite! Falei para ela. Ela olhou para mim e sorriu. Obrigada. Essa foi a coisa mais linda que ouvi hoje. Replicou. Fiquei inerte diante daquela declaração, quase travei. Mas reagi e falei suavemente: Tu és uma deusa, encantadora e teus lábios fluem a beleza da tua alma. Ela sorriu e uma lágrima surgiu na sua face. Fiquei tímido naquele instante. Ela parecia está sofrendo e eu ali tentando conquistá-la apenas por um ego, por uma aposta. O garçom trouxe a cerveja, tirei o dinheiro da carteira, paguei. Levantei da cadeira e quando ia saindo ela pegou no meu braço e pediu. Fica um pouco comigo. Um pedido triste, mas encantador. Fiquei ali por trinta e cinco minutos. Ao sair de mãos dadas com ela, meus amigos me olharam com ar triste, decepcionados consigo mesmos. Só que eles não sabiam que eu estava apenas levando-a a sua casa.

Autor

Mario de Almeida

O poeta Castanhalense