Guardião das Sete Chaves.

Na terra Onde a chuva nasce, habitavam os seus cidadãos e o seu guardião das sete chaves da verdade e do destino de cada habitante. O guardião, rei das terras, era um anão muito astuto. Agraciado pelos deuses com o dom da profecia, era ele que tinha o poder absoluto sobre as sete chaves que davam acesso as verdades da vida de cada pessoa que ali habitava, e essas chaves também quebravam o poder dos sete mares. O pequeno guardião não possuía um nome o qual pudesse se orgulhar e passar de geração para geração, mas todos o chamavam de senhor Nariz.

Apesar de obter respeito de todos os cidadãos da terra, muitos começaram a chamar o pequeno rei de senhor Nariz, o guardião das sete chaves, porque além de sua estatura chamar atenção, o nariz em sua face chamava mais atenção por ser um nariz reto e desproporcional aos seus olhos e seus lábios. Mas isso não fazia dele um ser deprimido, pelo contrário, ele tinha orgulho de seu nariz reto e grande, e também por carregar não só o título de guardião das sete chaves, mas sim um nome que fora dado por todos os habitantes de sua terra.

A terra onde a chuva nasce era rodeada por sete mares que levavam um nome de acordo com cada mal que esses mares traziam: mar do ódio, mar do medo, da insensatez, ganância, da ignorância, da doença e da deslealdade.

Um certo dia, apareceu nos aposentos do guardião Nariz um senhor muito idoso e adoentado, esse tinha poucos dias de vida. Com receio de deixar os seus filhos e a sua esposa passando por dificuldades, foi pedir ajuda ao guardião com alguma profecia.

-Oh rei destas terras, guardião das poderosas chaves. Tu com o teu dom da profecia, poderías ajudar este pobre senhor que a vida perderá há poucos dias?

-Diga, o que queres de mim? -Diz o guardião olhando nos olhos do idoso.

-Eu preciso que o senhor revele-me o que acontecerá com os meus filhos e a minha esposa assim que eu partir. Eles ficarão bem ou passarão por dificuldades? Oh senhor! Ajude-me.

Depois de muito pensar, o guardião rompeu o silêncio voltando os seus olhos para o pobre senhor e disse: -Meu senhor, asseguro-te que assim como estas terras são fortes, a sua família também será forte com a sua perda. Eles não passarão por dificuldades, pois de tua terra eles plantam, colhem e vendem, e isso os manterá vivos e bem. Então não se desespere, fique bem e em paz, a sua família ficará bem.

O idoso escuta atento a profecia de seu senhor e por fim faz mais um pedido: -O senhor com as suas poderosas chaves, poderias revelar a mim todas as minhas verdades? Eu gostaria tanto de ter acesso a elas antes de partir que é para eu ficar em paz comigo e com esta terra.

O guardião lança um olhar sério ao idoso e se sentindo incomodado, diz: -Infelizmente eu não posso realizar esse seu pedido.

O idoso insiste mais uma vez e o pequeno guardião nega mais uma vez, pedindo gentilmente que o idoso volte para sua casa. E assim o idoso fez, voltando decepcionado para a sua casa. Nessa mesma noite que já era madrugada e todos dormiam, um homem chamado Bruce e que era visto por todos como um homem mau e louco, tendo o seu corpo tomado pelo ódio por todos e principalmente pelo guardião rei, decide ir a procura das sete chaves e desvendar todas as verdades de todos os cidadãos daquela terra só para causar a discórdia entre todos. E assim Bruce fez, entrou nos aposentos do guardião, viu que não tinha ninguém, e que as chaves estavam propositalmente colocadas pelo guardião em cima de uma pequena mesa de vidro no meio do cômodo, Bruce parte para pegá-las, mas é surpreendido pelo guardião e os guardas que logo prendem o Bruce e em seguida o matam, deixando toda a população mais tranquila e aliviada com a morte daquele homem.

No dia seguinte, o pequeno guardião notando os males que estavam se aproximando de suas terras, os mares revoltosos deixando a sua população amedrontada; Violências, mentiras e ódios tomando conta de todos, o guardião resolve reunir o seu povo em seus aposentos para dar-lhes uma notícia que poderá mudar a vida de todos dali.

-Povo desta terra onde a chuva nasce, vos chamo aqui para que todos acompanhem um ato que mudará a vida de todos e acabará com tantos males.

Assim que termina a sua fala, carregando em suas mãos as sete chaves da verdade e que quebrava o poder dos mares, o pequeno guardião se dirije ao primeiro mar, o do ódio e atira sobre ele a primeira chave. Isso fez com que o mar parasse com as suas ondas fortes, deixando o clima ao redor um pouco mais leve. O guardião repetiu esse mesmo ato com os outros cinco mares, e sua população começou a sentir algo bom surgindo e então deram-se as mãos uns aos outros. O guardião rei chega no último mar, o mar da deslealdade, lança um olhar para trás onde o seu povo estava, notou que todos estavam de mãos dadas e sentiu a humanidade entre eles mais forte, o guardião rei se vira para o sétimo mar e joga a última chave. Após isso, o céu todo se abre, a chuva para de cair sobre eles e um grande arco-íris surge no céu.

E agora a sua população está a salvo de todo o ódio, mentiras e doenças. O guardião não leva mais o nome de guardião das sete chaves e sim de senhor Nariz.