Mar Noturno - Parte III - Heróis ao Mar
Depois de revigorarmos nossas forças, fomos a mansão da Sociedade Van Richten para relatar os últimos acontecimentos ao Doutor Max.
Ele entregou a nós quatro frascos cujo conteúdo é uma poção que nos impede de ser seduzidos pelo canto das sereias e ninfas do mar sendo levados como consequência para o fundo do oceano.
William sugeriu cartografar o local para que os futuros membros da sociedade saibam onde o Mar Noturno está situado servindo como ponto de referência para aventuras futuras.
Após isso, cada um voltou a sua casa para despedir-se de suas famílias. Caleb reencontrou sua esposa que estranhou um pouco sua nova aparência.
Disse a ela que os dois foram convidados para o casamento de Lucianinho e que seriam os padrinhos do noivo.
Vareen também fez o mesmo e se emocionou ao ver seu filho um pouco mais crescido. Sua esposa estranhou a princípio seu novo visual um pouco mais jovem, mas ficou muito feliz pelos sucessos do marido.
Nikolai, por sua vez, dormiu bem tranquilo certamente tendo sonhos picantes com Duri, a elfa de Sithicus.
Quanto a mim, foi muito difícil convencer Charlotte da importância dessa missão. A briga foi feia e ela se queixava de minhas constantes ausências temendo que Nicolas e Jeannette nunca conhecerem seu pai.
Depois de exasperar-se e descarregar sua raiva jogando pratos em mim, eu a acalmei dizendo que era o preço a se pagar por ser membro da Sociedade Van Richten.
Ainda chorando, ela disse para eu ir embora e cumprir a tal missão no mar. Não sei se ela persuadiu-me com seus poderes ou se estava mesmo chateada comigo, mas isso não vem ao caso agora.
Porque havia algo bem pior que a raiva da minha mulher.
A de ter que aguentar piadinhas dos meus companheiros.
* * *
Por sorte, William entendeu minha situação e até falou sobre sorte em casamentos.
Ao menos, Suzanne era bem mais calma que Charlotte e sempre ficou ao lado de William nos momentos mais difíceis.
Era outono e o dia amanheceu com céu de brigadeiro quando vimos pela primeira vez o navio do capitão Garvin.
Fiquei impressionado com o tamanho do navio bem como seu respeitável espaço no convés.
O Resilient, como era chamado, faz, sem dúvida, jus ao nome que tem.
Encontramos o capitão Garvin que apresentou a nós seus imediatos Johann, Heinrich e William bem como o cozinheiro Basil Sturm e sua esposa Janice citados naquela reunião que tivemos com o capitão.
O navio, em minha opinião, tinha uma falha fatal que é a pouca quantidade de armamentos existentes. Meu trabalho sem dúvida seria dobrado.
Após o rito contratual de jogar uma moeda na água para dar sorte, finalmente o barco zarpou.
A moral da tripulação estava alta e que por um instante, achamos que a viagem ao Mar Noturno seria bem tranquila.
Mas nenhum de nós adivinharia o sem-número de perigos a ser enfrentados.
E nem tampouco imaginaria que essa viagem teria um caminho praticamente sem volta.
* * *
O vento estava bem forte naquele momento, mas o tempo seguia firme.
Vareen sentiu uma força anormal em Janice e Basil contou ao clérigo que ela era capaz de levantar com facilidade um cavalo de porte médio.
Contou também que o barco foi dado a ele por seu tio citando sua participação na guerra travada séculos atrás entre Dementlieu e Mordent.
Eu sinceramente não acredito que essa guerra foi travada mesmo, afinal, o lorde Dominic não é muito afeito a guerras.
Garvin falou ainda que devemos passar por um lugar chamado Vortse, nas Províncias Unidas a fim de comprar mantimentos para a viagem.
De repente, William foi a seus aposentos para descansar e notei que estava um pouco pálido.
Ao menos, a tripulação parou de importunar Strahd graças ao olhar intimidador de Nikolai como se dissesse: “se continuarem fazendo isso com meu cachorro, mato vocês”
Fomos aos aposentos de William preocupados em saber o que tanto o afligia.
Ele nos disse que sentiu magias profanas no barco e pediu para nós ficarmos de olho em um dos tripulantes que agia de modo suspeito, provavelmente um dos espiões da KGT.
Resolvemos iniciar nossas investigações na cozinha do navio onde encontramos um rapaz de 12 anos ajudando Basil a preparar o almoço da tripulação e dos passageiros que era ensopado de batata e uma carne de ovelha no ponto.
Vareen foi conversar com o garoto e descobriu com seus poderes que ele estava dizendo a verdade a respeito dos problemas que teve com a lei e do seu trabalho em outros navios.
No entanto, Caleb sentiu algo estranho na faca do garoto que repentinamente mudou de cor.
O que significaria problemas para nós.
E havia apenas uma coisa a fazer.
Nikolai precisava entrar em ação.
* * *
Após o baroviano utilizar seu olho vermelho no “garoto”, logo descobrimos a verdade.
William estava certo.
Ele era um espião de Lady Kazandra, o agente número 31, que foi mandado pelo seu superior para observar nossos movimentos e nos matar se tivesse oportunidades, mas não conseguiu devido ao medo de ficar congelado. (ou seria medo de ficar torrado pelos relâmpagos de Vareen?)
Confiscamos as armas dele e logo em seguida saímos para o convés alarmados com as palavras do espião kargathiano: “Vocês serão os cordeiros do sacrifício”.
Quatro horas já se passaram e após um bom desjejum, a noite caiu bem como a temperatura e logo adormecemos.
Não consegui dormir direito ainda pensando nas palavras do espião e logo ouvi uma estranha canção.
Chamei os outros e estava contando a eles sobre a misteriosa canção quando a neblina se fechou e um estranho casal apareceu a nossa frente.
Os rostos dos dois caíram revelando serem barqueiros das brumas. Disseram que nós seríamos protegidos enquanto estivéssemos dentro do barco e alertaram para não sair deles em hipótese alguma.
De súbito, o frio aumentou de intensidade.
E notei que Caleb, William, Nikolai e Vareen começaram a sentir tontura e exaustiva fraqueza no corpo.
Foi então que tudo aconteceu.
Os quatro desmaiaram quase ao mesmo tempo e Strahd latia desesperadamente a volta de Nikolai.
Perguntei a mim mesmo por que não desmaiei naquela hora e a resposta havia sido dada pelo próprio mar em forma de icebergs.
Depois de muito esforço, Strahd e eu conseguimos fazer com que despertassem e notei o pânico que se instalava neles quando tentaram usar seus poderes.
Tinham perdido o contato com as divindades e, por consequência, seus poderes.
Só havia uma explicação plausível pra tudo isso.
Tínhamos atravessado as brumas e deixado Ravenloft.
Era um problema terrível.
E a longo prazo, selaria nossa própria morte.