O incrédulo

Minha mãe, no esforço para ensinar sobre fé religiosa aos filhos, e fazer de nós devotos da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, contava-nos sobre a vida dos Santos e milagres.. Contava uma estória dentro daquele recorso linguajar dos contadores de estórias “Era uma vez”.

Ela iniciava; era uma vez um homem que não acreditava em Deus. Um seu vizinho católico , não muito praticante , mas pessoa de bom coração fora convidado pelo o incrédulo a participar de uma caçada, era poucos dias antes da semana santa. Três burros para transportar alimentos, vasilhames, para permanecer alguns dias na selva. Adentraram uma mata imensa abrindo trilhas, até que chegaram num descampado e arrancharam com improvisadas barracas. Descansaram depois de três dias caminhando mata adentro. Dia e noite caçando, abateram muitas caças, foram tirando couros e salgando as carnes. Era tanta a satisfação , quando deram por fé já estavam na sexta-feira santa. O católico disse que ia rezar ,o incrédulo disse que ia beber cachaça e comer carne. E a sexta feira santa chegara a meia noite. No silencio da floresta uma voz escabrosa urrou lá nos longínquos da floresta em breu. O católico pegou o terço e começou a rezar. A voz escabrosa berrou mais perto;” Tõ com fome”! o incrédulo respondeu. “Pode vir, tem e cachaça pra noiz beber e carne pra noiz comer”. O monstro tinha corpo de bode e cabeça de gente, soltava fogo pelas narinas, os olhos pareciam duas brasas, comeu toda carne, bebeu toda cachaça comeu os burros e apetrechos,e os vasilhames. Com unhas enormes arrancou a cabeça do incrédulo, rasgou e tirou estômago. O monstro olhou para o católico , com voz esganiçada disse, por causa desta cruz onde morreu o tal,não vou te devorar. Saiu com o intestino do incrédulo e falando: quero o fato, quero o fato, até sumir nos confins da floresta.

Quando o católico preparava para ir embora, o corpo do incrédulo sem intestino e sem cabeça, levantou, saiu andando e dizendo: Minha pacuela, minha pacuéla,até sumir no breu da floresta.

Quando novamente o católico ia saindo a cabeça indo para o seu lado e gritando: Que frio colega! Que frio colega! Ele catou uns galhos seco, fez uma fogueira, , Ele enquanto a cabeça estava aquecendo aproveitou e saiu correndo. Quando o fogo diminuiu a deu uns 6 quilômetros de distância, a cabeça gritou: “que friooooooooooo Colegaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa” Ele lembrou do terço ´, quando a cabeça aproximou, ele jogou o terço nela, deu um estrondo que se ouvia a duas léguas de distância e um odor forte de enxofre.

Observação. Não há no dicionário a palavra PACUELA, mas a conservei em memória da minha mãe.

Lair Estanislau Alves.