Homem-Aranha: Noite Comum
Homem-Aranha: Noite Comum
A noite estava quente, não havia uma nuvem no céu e uma lua cheia iluminava a cidade. Do alto de um prédio eu conseguia sentir toda a luz que a lua jogava em cima de Manhattan. Lá embaixo imagino que as pessoas não conseguiam notar com a mesma intensidade por causa da grande iluminação elétrica dos prédios da cidade.
Eu olhava para o alto. Além de admirar a lua cheia, eu admirava as estrelas. Agachado, eu estava à espera de um chamado, de alguém para ajudar. Estava numa altura de quarenta andares. Sempre gostei dos prédios altos. Lá em cima o ar é diferente, mais limpo. Lá em cima a vista é mais bonita, para mim tudo é mais interessante dali.
Estava usando o traje preto em vez do vermelho e azul. Por que opinei por aquela roupa sombria? Não era por falta do simbionte que se apossou de meu corpo tempos atrás. Era por questão de estética. Estava gostando daquela roupa sombria. Talvez ela provocasse mais medo nos bandidos. Dizem que tempos sombrios exigem trajes sombrios, mas não estava passando por nenhuma fase ruim. Estava me sentindo bem como sempre me sentira. Talvez eu estivesse gostando daquele novo traje pelo fato de ser mais fácil de costurar. Ele era todo preto apenas com uma grande aranha branca desenhada no peito. O outro traje tinha muitos detalhes, detalhado com várias teias de aranha, que eu tinha que costurar sempre que algum vilão me desse algum trabalho rasgando minha roupa.
Minha vida pessoal como Peter Parker estava normal. Meu relacionamento com Mary Jane estava indo bem, meu emprego como fotógrafo free-lance no Clarim Diário estava normal. Claro que eu tinha que aturar a arrogância de J. J. Jameson no jornal, mas com aquilo eu já tinha me acostumado, era só ter um pouco de jogo de cintura que dava para levar o patrão numa boa. Por mais que ele tratasse meu trabalho com desdém, no fundo ele sabia que minhas fotos eram boas, as melhores que alguém poderia apresentar do Homem-Aranha. Em casa meu relacionamento com tia May ia bem. Tirando o fato de que ela era super protetora demais, levávamos uma boa vida.
Já fazia um tempo que eu não tinha problemas com nenhum inimigo de alto calibre, como o Duende-Verde, o Homem-Areia, Venom ou Doutor Octopus. Eu vinha enfrentando apenas pequenos delinquentes que insistiam em tentar ganhar a vida de forma fácil, roubando, seqüestrando. Às vezes alguns cometiam algum assédio, mas eu sempre conseguia entrar em ação antes que o ato terminasse em estupro. Ocorria também algumas brigas de família, onde o marido, quase sempre bêbado queria agredir a mulher e os filhos. Esses eram casos que me faziam agradecer pelo bom berço que eu tivera. Mesmo sem conhecer meus pais, tive bons tios que cuidaram bem de mim.
Ficar parado pensando na vida poderia às vezes trazer um pouco de tédio. Enquanto não aparecia nenhum caso para eu brincar um pouco, eu poderia dar uma volta pelos prédios da cidade. Estiquei minha mão direita em sentido a um arranha-céu, apertei meu lança-teia, que eu mesmo produzi, com o dedo médio e o dedo anelar. Um jorro de teia saiu do lançador que ficava sobre meu pulso fazendo o barulho que eu já estava tão acostumado a ouvir, “twilp”. Puxei a teia com a mão direita deixando-a esticada, então pulei segurando-a com as duas mãos e jogando meus pés para frente como se eu estivesse em um balanço. Terminando aquele balançar soltei aquela teia e ainda no ar estiquei o braço esquerdo lançando uma nova teia em outro arranha-céu e balançando novamente. Era assim que eu andava pelo alto da cidade, lá em cima, no meio dos prédios. O vento batia em meu rosto, e mesmo com a máscara eu conseguia senti-lo me refrescando.
Eu gostava de me balançar entre os prédios de Manhattan, tendo em cima de mim as estrelas, ao meu lado os prédios e lá embaixo as ruas. Eu precisava me manter atento ao movimento lá embaixo nas ruas, pois era lá que eu tinha que interferir caso alguma coisa de estranho ocorresse. Eu também podia contar com meu sentido de aranha, um sexto sentido que eu ganhei ao ser picado por aquela aranha radioativa que me alertava quando algo de errado acontecia.
Tudo estava normal e eu continuava a me balançar pelos prédios de Manhattan. Lá embaixo o barulho normal dos carros andando pelas ruas, aqui em cima o amigão da vizinhança fazendo sua ronda. Então eis algo de errado acontece, e meu sentido de aranha começa a me alertar. Algo de errado está acontecendo lá embaixo. Vou me balançando soltando cada vez mais as teia para ir chegando cada vez mais perto das ruas. Vejo então o alarme de um banco soando, cortando o silencio da noite. Chego até ele, a porta foi arrombada, os caixas foram violados, mas não há mais ninguém ali, eles escaparam.
Ouvi o som de sirenes da polícia rasgando pela cidade. Sai correndo em direção a eles, que com certeza estão perseguindo os criminosos. Daria a eles uma ajuda. Lancei minha teia e me balancei nos prédios em sentido ao barulho, a uma grande velocidade. Não podia deixá-los escapar. Estava chegando cada vez mais perto até que consegui ver o carro da polícia e mais à frente o carro suspeito que ultrapassava outros carros para obter uma vantagem. Eles iam em sentindo à ponte do Brooklyn. Lancei uma teia e cai em cima do carro que ia em fuga. Imagino que eles ouviram o barulho de meus pés pousando sobre a cobertura do carro. Eu não conseguia ouvir o que eles falavam lá dentro, nem podia ver quantos eles eram. Sabia que tinha um motorista, e era ele que eu atacaria primeiro.
Dei um soco na cobertura do carro e minha mão perfurou indo em direção ao rosto do motorista. Tapei os olhos dele apertando seus olhos com força e o carro perdeu um pouco do controle, então alguém que estava no banco ao lado do motorista atirou para o alto tentando me acertar. Tive que deixar o motorista de lado e pular escapando das balas que vinham de baixo.
Pulei então para a parte da frente, em cima do motor do carro e dei um soco quebrando o vidro do carro e acertando o homem que estava armado e atirando. O golpe pegou bem em sua têmpora, fazendo-o desmaiar. Dali eu podia ver um terceiro homem no banco de trás do carro. O carro estava em alta velocidade, fazendo ultrapassagens, o motorista estava desesperado. Dei então um golpe com o punho da minha mão direita fechada, e ele como o outro desmaiou na hora. O carro perdeu o controle e derrapou indo bater num poste.
Nesse momento, o terceiro homem que estava no banco de trás abriu a porta e saiu do carro correndo, fugindo. Ele não seria mais rápido que eu. Lancei uma teia na direção dele, que grudou em suas costas e então puxei-o para mim.
Fiz uma grande cesta de teia num poste de luz onde prendi os três criminosos para quando a polícia chegasse. Tirei umas fotos dos três homens presos na teia para entregar ao J. J. Jameson. No carro, que estava batido ao lado dos bandidos estava todo dinheiro roubado pelos três espertinhos. A polícia chegou e encontrou tudo pronto para eles, os ladrões e o dinheiro.
Com a sensação de dever cumprido lancei minha teia e fui em direção ao alto dos prédios, e ali pousei, na beirada de um arranha-céu, novamente olhando a cidade. Já tinha executado a primeira missão da noite, e agora estava de novo na mesma posição de antes, esperando uma nova ocorrência. Numa noite bela, o amigão da vizinhança realizando seus a fazeres, defender sua cidade de todo o mal.
FIM...
POR ENQUANTO.