Segue Vazio
Esse é um daqueles diálogos que talvez não faça sentido pra você, mas que se você pensar bem vai associar a algo seu, no seu profundo eu, ou a qualquer coisa. Mas essas coisas estranhas possuem sentido...
— Ayahan, você lembra quando éramos pequenos e contávamos nossos segredos um ao outro?
— Sim Kalil. Você era minha caixinha de segredos
— Então porque não sou mais? Porque se afastou? Porque se cala?
— Kalil... agora sim chegou a hora de eu te dizer tudo o que se passa, não é nada grandioso mas pra mim é assombroso.
— É algo de ruim? ( Kalil arregala os olhos e chega mais perto de Ayahan )
— Não, vamos seguindo por a estrada e eu vou te contando.
— Tudo bem.
— É que as vezes acho que estou vivendo dentro de uma caixa branca enorme e sinto como se fosse um robô.
— Caixa branca? Robô?
— É, uma hora eu estou na ponta esquerda de uma das laterais da caixa e logo em seguida, inconscientemente eu já estou do outro lado da caixa na ponta direita, é tudo tão automático, eu não quero andar pra lá, mas eu sempre chego lá.
— Eu acho que te entendo.
— Mesmo? -pergunta entusiasmada- Eu não consigo identificar o que é isso, tento pouco a pouco entender mas no meio do caminho me perco.
— Como são seus dias Ayahan?
— São cheios de neve, muita neve, quando olho pra trás vejo folhas no chão, algumas com buracos, outras secas e as mais antigas continuam verdes, eu não compreendo. Mas quando olho pra frente, existe um grande fundo vazio.
— Ayahan, você se perdeu no tempo, só pode ser. Você errou o portal, sua mente talvez processe tudo de um jeito mais rápido.
— Você acha que estou mais a frente do que os outros?
— Com certeza está, é por isso que existe esse vazio, essa névoa branca, ninguém conseguiu chegar aí além de você e você não sabe como começar decorar este lugar, eu posso te ajudar.