Instinto
-Pra direita! Pra direita!
-Ai meu Deus! Vamos cair!
Um mês atrás, naquela clareira um helicóptero de reconhecimento fazia um pouso forçado. Os comandos não respondiam; Chovia forte!
Duas horas mais tarde, a oitenta milhas dali, a torre enviou um 350b2 para o resgate, mas o piloto e sua tripulação não foram encontrados...
Lágrimas e chuva molham-me o corpo nu.
Está frio. Arrepio. Corro perigo. Tenho medo.
O vento e a chuva conspiram contra mim!
Sozinho neste maldito deserto!
Olho para o céu e não vejo esperança,
apenas a chuva que me zomba, como se previsse o meu futuro.
Atrás das árvores ouço barulhos e vejo vultos, tenho medo. É noite.
Não parece ser um amigo.
Me arrasto, estou ferido. Tento me esconder, sair da clareira.
Em vão procuro não chamar a atenção, a cada passo sinto que olhos me espreitam.
Sinto que não estou sozinho, uma criatura se aproxima, tento gritar, mas minha voz enrouquecida teme o mal e se recusa a sair.
Ouço um som como de um rosnado.
Levanto e corro rumo à floresta, mas caio logo em seguida, o chão está escorregadio, sinto algo se aproximando, corro mata adentro, aumentando a distância entre mim e a besta.
Corro sem rumo, meu corpo exausto, minha cabeça dói, minhas pernas vacilam. A mata é densa. As gotas congelam sobre minha pele, me deixando mais lento a cada passo.
Arrisco um rápido olhar para trás, nada vejo, apenas ouço meus passos e minha respiração ofegante.
Correrei até não mais poder! Quem sabe enfim amanheça.