A MULHER ESTRANGULADA

Foi um grande susto e também fabulosa surpresa, tanto para mim quanto para eles. Eu fiquei atarantado, chocado mesmo, afinal de contas era somente uma criança; mas eles avermelharam, pude perceber apesar de meus poucos anos de idade.

Seu Joaquim e a esposa vieram morar na casa ao lado da nossa, pessoas alegres e muito dadas, por isso não demorou e logo fizeram amizade com a vizinhança. Todos gostavam do casal recém casado, trocavam xícaras de açúcar, ovos caipira, cubas de gelo - não tínhamos geladeira - e outras pequenas coisas que tornavam os moradores quase uma família só.

No dia em que eu por pouco não congelei ante a, para mim, bizarra cena protagonizada por seu Joaquim e a mulher dele, minha mãe me mandaram ir até a residência do casal feliz pedir gelo para colocar no ponche de nosso almoço. Sabemos como são as crianças e suas imprevisibilidades, o repentino de seus inesperados, por isso dá para imaginar por que eu, de um empurrão só, abri a porta da casa de seu Joaquim sem nem bater. Dona Maria deu um grito, o marido dela saltou.

E no entanto eu vi os dois numa situação nada salutar para um menino. Ela estava deitada na cadeira de balanço e ele, pressuroso, montava nela e... eu pensei que a matava esganada... mas não, ele apenas, naquela posição esdrúxula, sim, verdade, com os dois polegares, espremia espinhas do rosto dela. Na minha mente infantil pensei que seu Joaquim estava estrangulando a esposa. Mas por que ele se encontrava semi nu?

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 26/12/2022
Código do texto: T7680220
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