O menino que não ganhou presente de Natal

Faltava uns 20 minutos para meia-noite e Noel terminara de entregar o último presente. Naquela noite de 24 de dezembro, como em todos os anos, ele atendia pedidos de crianças de todo o mundo. Suas renas voadoras tomavam o rumo de casa. Ele estava cansado, mas feliz por ter cumprido a missão. O celular toca. Era um dos duendes.

- Uma criança ficou sem ganhar nada.

E agora? O velho não gostava de deixar ninguém sem presentes e sempre avisava isso aos duendes, que recebiam as cartas e cuidavam da fábrica. Há algum tempo, eram carrinhos, bonecas e super-heróis. Hoje, eram os Playstations e note-books. E Noel atendia a todos os pedidos e recebia os sorrisos. Que cara ele teria de chegar até essa criança e dizer que não teria nada para lhe dar? “Algum duende deve ter errado a contagem”, zangou-se.

Na maioria dos lares, a ceia farta e os brindes de champanhe esperavam a meia-noite. Noel voou até casa do menino, que morava num fundão de vila. Encontrou-o, brincando com a tramela de madeira de sua janela. Devia estar triste, o pobrezinho, sem presentes. “Estava lhe esperando, Papai Noel”. O velho não resistiu e chorou.

- Não tenho nada para lhe dar. Sinto muito..

Disse, mostrando as mãos vazias.

- Muitas vezes, os meus pais chegaram em casa assim- sorriu o menino- mas sabia que me amavam e isso importava. Agradeço ao senhor por ter nos presenteado com um emprego pro pai e uma cesta básica que a mãe ganhou. Foi o meu Natal mais feliz...

Disse o menino que indicou dois pratos.

- Vamos cear. O senhor deve estar com fome.

Com um nó na garganta, Noel ceou junto com o guri. Os dois iluminados por uma vela. No céu, os fogos artifíciais iluminavam outros Felizes Natais...

Márcio Brasil
Enviado por Márcio Brasil em 21/12/2008
Reeditado em 21/12/2008
Código do texto: T1347475
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