NOSTALGIA DE NATAL

Acordei pensando em minha meninice, deve ser a nostalgia de Natal. Lembrei de um dia em especial, quando tinha entre nove e dez anos, e logo cedo já recebi meu presente muito generoso, antes da hora porque era minha roupa de Natal ...um lindo vestido de crepe, uma seda sintética lógico, mas fino tecido de aspecto ondulado, cor rosa, gracioso tinha uma saia rodada, um lindo cinto de fivela cromada, e golinhas bordadas. Quando o vi, pulei de alegria, logo queria vestir, mas minha mãe disse que só à noite, quando a festa chegasse... Então, lembro de ter me apaixonado por aquele vestidinho porque sentia uma imensa alegria só em poder abrir a porta do guarda-roupa e olhar para ele... Fiz isso várias vezes ao dia! A festa tinha o cume alto, exatamente à meia noite, na missa do galo. Todos íamos à igreja e depois voltávamos para ceia, que tinha como prato especial o peru... Ah! Esse peru não era comprado em supermercado, nem vinha semi-pronto, ele era um peru adquirido semanas antes e era tratado em especial, regime de engorda, lá numa casinha no fundo do quintal... O chato disso era ficarmos familiarizados com o peru, que, por vezes, ganhava até nome... Mas chegando à véspera do natal... sem chances pro bichinho, tinha de ser sacrificado. Talvez nem sentisse seu fim, pois era embriagado com cachaça, não usada como anestésico, mas para sua carne ficar macia... um peru tenro, carne marinada em Vinha-d'alhos... uma delícia o peru "amigo", um sabor especial que hoje certamente não encontramos, talvez por essa singeleza de um prato quase pronto, sem o ritual, sem o cerimonial de nosso antigo peru de Natal... Lembro também que logo depois da ceia, íamos deitar, dormir sem precisar sonhar com Papai Noel porque ele certamente chegaria com sua generosidade, mesmo que não fosse o nosso presente idealizado. Belos diassssss!!!!

Lufague