Noite de alegria, que para uns é alergia

Tudo começou em uma comemoração de natal. As gotas do sereno da noite caiam como uma navalha. Gélidas, estas dividiam- se, com uma infinitude, parecendo cada vez maior e mais intensa, e que na verdade, era.

Risos estavam estampados no rosto daqueles que ali faziam- se presentes. O calor humano é a essência da felicidade. Então, tudo ali era felicidade. Quer dizer, quase tudo. Afinal, ninguém é perfeito ao ponto de agradar tudo e a todos.

Sim, faço parte de uma família grande, e também de uma grande família. Contudo, o temperamento dos que compõe esta, fazem-se, muitas vezes barreiras para o entendimento, para os sorrisos, e abrem brechas para os lamentos. Não sei se para sorte, ou para desavença. Só sei que, mesmo com tantos sorrisos, as lágrimas escorrem, salgadas, amargas, frias. Chegando a se confundir com o sereno da noite, que não mais era sereno. Agora, um forte temporal. Temporal físico e emocional. Uma emoção que vem misturada. Um frio na barriga que se fixa. Uma respiração quase que sem ar, este que se faz pesado nos meus pulmões. Frágeis pela vida que me consome, vermelhos pela quentura que me envolve, quentes pelo ar que aqui passa, escondidos pelo tempo que me engole.

Fez- se tradição de amizades ocultas, que há instantes passaram a ser desocultas. Caracterizam-se os indivíduos, antes de dizer os nomes. Contudo, há algo estranho. Na primeira qualidade ou defeito, ou talvez descrição, parece que todos já sabem quem é amigo oculto de quem. E a graça? Corta-se o discurso. A algazarra começa...

-Meu amigo oculto é: Alto...

-Fulano, Fulano- E a algazarra tomava continuidade. Como pode ser tão difícil a comunicação? O que era folia para uns, tornava-se incomodo para outros. Diversidade de pensamentos opiniões, olhares; estes que marcavam satisfações, alegrias, desconfortos; Faziam-se presentes. Mas eu estava lá a sorrir de satisfação. Afinal, o contentamento que às vezes é descontente, estava contente.Estou feliz não somente por presentes matérias. Mas pelos que estão presentes no local e no meu coração.

Cíntia Raquel
Enviado por Cíntia Raquel em 25/12/2009
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