Receita de Natal que faz diluir a tristeza em ternura

A família estava toda reunida em volta daquela mesa enfeitada ao centro, com uma guirlanda verde, quatro velas acesas, fitas vermelhas e bolas coloridas de Natal. Todos permaneciam de mãos dadas e escutavam um ao outro. Era uma celebração de Advento em que participava a família do lado materno desta história de três meninas e um livreto sobre o símbolo natalinos.

A festa do Advento é um costume tradicional do cristianismo, mas para esta família sempre teve um motivo maior : a vontade de desfrutar da companhia um do outro. A preocupação pelas regras estabelecidas pela igreja nunca foi o principal tópico durante o encontro. Muitos mais do que repetir ladainhas, o que atraia a todos, crianças, depois jovens e agora adultos foi e será sempre, a palavra livre, as meditações, os sonhos, esperanças renovadas e a certeza que todos estiveram e estarão juntos torcendo um pelo outro numa corrente de afeição. É claro que o Pai-Nosso e a Ave-Maria são rezados com fervor para fortalecer o círculo.

Para Paula, Marcela e Claudia, três irmãs que perderam o pai ainda meninas, a celebração do Advento, nos quatro domingos que antecedem ao Natal, tornou-se um bálsamo que ajudou a diluir a tristeza pela dor da perda. Um conforto amparado na ternura da doce lembrança, de saber que foi o pai delas o principal incentivador das realização destes encontros. A preocupação dele era mudar o foco consumista da festa de Natal na cabecinha das filhas e trazer de volta a beleza mágica dos significados culturais utilizados ao longo dos anos, que agora estão incorporados na cultura daquilo que representa a maior festa do cristianismo no mundo ocidental.

Assim, as singelas reuniões nunca mais deixaram de acontecer dentro desta família, com o incentivo especial de Paula, ajuda da Claudia e o estímulo da tia Luciana, além de todos que amam a energia do período de fim de ano. O grupo se organiza para enfeitar a casa e prepara o cronograma para que o Advento aconteça em lugares alternados. A guirlanda é confeccionada com quatro velas que são acesas uma a uma representando a luz para o mundo até o nascimento do messias.

No quarto domingo, a celebração é feita com as quatro velas acesas, e no tempo em que todos os primos e primas das meninas eram pequenos, a grande polêmica era escolher o que iria apagar as velas com uma estatueta de vidro, com local próprio para abafar a chama. Para as crianças o fato de ser o apagador oficial das velas era como conquistar uma posição de honra no evento.

O livreto surgiu da necessidade de ocupar Marcela, que na sua adolescência passou por um período de profunda tristeza e precisava melhorar a sua auto-estima. Enquanto a menina se ocupava em desenhar a coroa do advento, as estrelas, o presépio, as bolas coloridas, a mãe pesquisava a razão destes símbolos que foram se perdendo no tempo e que agora são utilizados pela mídia, entram dentro das casas mecanicamente, só para decoração, sem o verdadeiro sentido do ritual.

Creiam todos que descobrir o que está por trás destes símbolos é percorrer a história e deixar-se levar por um sentimento mágico de fraternidade.....

Diz o livreto que “estrelas são belos símbolos luminares significando fonte de luz, vida, salvação e felicidade. Para os Astecas eram alimentos do sol. Para os Maias os olhos do céu. Para os Incas, a representação de cada ser humano projetada para perto do criador”.

A montagem do presépio foi invenção de São Francisco de Assis, que viveu na Itália, na Idade Média. A intenção dele era de gravar na mente de um povo inculto, na época, em 1223, fatos sobre o nascimento de Jesus. “A realidade do presépio faz penetrar em nós os ensinamentos que constituem a doutrina de Jesus, pobreza, simplicidade, humildade, fé e docilidade”.

As bolas coloridas de Natal representam o processo cíclico da perfeição. Esferas e círculos, como figuras sem princípio e nem fim, simbolizam o infinito, a unidade, a harmonia, o tempo, o ciclo da renovação.

A prática de dar presentes remonta a mais longínqua antiguidade. Está associada aos ritos sazonais destinados a atrair proteção dos deuses e reis. Presentes são sempre para simbolizar votos de abundância e prosperidade, oferecidos em nome do “invisível” a fim de dar início a um novo ciclo, com gesto de bom augúrio, presságio e fartura.

Somente no século XX se começou a usar o pinheiro de Natal. Muitos montam seu pinheiro só para beleza ou porque outros o fazem, mas nada sabem de seu significado. A verdadeira árvore de Natal é o pinheiro, ele tem esse privilégio por ser uma árvore que nunca perde as folhas verdes

Nos países frios, no tempo do Natal, as árvores estão totalmente sem folhas, mas somente o pinheiro continua viçoso, com suas folhas verdes. Por isso, ele foi escolhido para ser árvore símbolo do Natal. É eternamente vivo como o amor.

O pinheiro é símbolo da imortalidade pela resistência da folhagem e pureza da resina. Em todo o Oriente esta árvore é signo de bons presságios. No Japão, é apenas da madeira do pinheiro que se constrói templos. Na China, junto com o bambu e ameixeira, o pinheiro representa a longevidade e eterna felicidade.

Então, não é mais emocionante olhar agora para um pinheiro enfeitado com bolas coloridas, ampliar o olhar no tempo e na história, dar asas à imaginação e sentir a gama de significados que carrega a imagem verde e colorida desta árvore!

Que tal aproveitar a receita e convidar vizinhos, amigos e parentes, para diluir a tristeza na ternura da esperança por um mundo melhor...

FELIZ NATAL!