UM PAPAI NOEL CADEIRANTE

   Um dia desses,ao ler meus e-mails, havia um comentário que me tocou o coração, de tal maneira, que as lágrimas surgiram quase  instantaneamente . No texto estava descrita a trajetória de uma vida, sofrida e quase perdida. A frase que sintetizava o descrever dessa trajetória era: - Meu amigo, o Natal só me trazia tristezas e angustias, por isso recolhia-me ao anonimato e ao silêncio. Faço-lhe este comentário por ter lido seu desabafo e colocado seu ponto de vista sobre o contraditório entre Jesus e Noel; apenas por esse motivo , nada mais.
    O texto é longo e sentia-se nele a amargura transformada em letras. Contou parte de seus dissabores e detalhou sua perda maior: A família ! Havia perdido a sua quando dirigia-se as praias da região para festejar o Natal e o Ano Novo, que se avizinhava. Um caminhoneiro, bêbado, provocou o acidente no qual ele foi o único sobrevivente. Sua esposa e seu casal de filhos não resistiram e ele após ter passado vários dias em coma voltou a vida, paralitico, mas vivo. Quando se deu por conta do que havia ocorrido, tentou o suicídio; no que foi impedido pelas enfermeiras de plantão.  Foram inúmeras as tentativas e fracassos. Foram dias e noites de angustia, impotência e solidão. A solidão só não era pior, por seu amigo José, estar morando junto a ele. José, era mais do que um amigo, era um irmão, um verdadeiro irmão. Solteirão convicto, mas um mulherengo de primeira. Só não se envolvia afetivamente com nenhuma delas. Além das suas convicções espíritas, ele possuía um firme propósito: ajudar o amigo enfermo; não apenas física mas espiritualmente.  Sabia que a espiritualidade iria mostrar, no tempo certo, os motivos dos acontecimentos que culminaram com a desdita de Manoel; esse era o nome subscrito no e-mail.  O dia chegou! José sentiu que aquele era o dia em que Manoel voltava a ter vontade de viver, pois ao ouvir o choro do amigo,ao acordar, notou a aura que o cercava e o brilho diferente nos olhos. Manoel , não gritou por seu nome, mas sua voz tinha o som da suplica, da aproximação e de quem tem algo incrível para contar:
   - Meu irmão, José, hoje são passados seis meses do trágico acidente e nesse período eu jamais havia sonhado com eles, meus amores. Tenho certeza de que não foi apenas um sonho, pois conversamos e nos abraçamos como fazíamos antes, ouvindo deles palavras de esperança e relatos surpreendentes de seus despertar no plano superior. Jesus estava presente e havia um velhinho meio parecido com o Noel junto. Noel não disse uma palavra; apenas sorria, e sorria muito. O que achas disso meu irmão?
   - Eu não acho, tenho convicção, Manoel! Estiveste realmente com eles e tens a partir de agora uma nova oportunidade de cumprir o que te estava determinado.
    A partir daquele dia, Manoel, sempre assessorado por seu fiel amigo, mudou seu humor, aproveitou suas economias e bens, passando a viver em função dos menos afortunados, dos desprovidos da fé e dos céticos. Nos Natais seguintes, tem sido um Papai Noel diferente: Um cadeirante! Sempre acompanhado por seu amigo-irmão José , visita as vilas da cidade, vestido de Noel e quando as crianças ou curiosos lhe perguntam o por que da cadeira, responde com um belo sorriso:
    - As renas fizeram uma manobra imprevista e eu ...cai do trenó! ...ô,ô,ô,ô,ô
    A caridade, a humildade e a finalidade dos propósitos é que tem possibilitado a continuação do sentimento Espiritual Cristão no coração das crianças e dos homens de boa vontade.
     Feliz Natal a todos os homens que acreditam nas finalidades e não apenas nas materialidades.
PS- Esta é uma história de Natal que pode ser real, ou não, só depende de nós. 
           
      
Gildo G Oliveira
Enviado por Gildo G Oliveira em 24/12/2010
Reeditado em 24/12/2010
Código do texto: T2689434
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