O MILAGRE DO PRESÉPIO DE PIETRA

Pedro era um garotinho diferente, algo iluminado, que há cinco anos nascera numa comunidade bem distante, bem lá longe , numa pequena cidade do oriente médio chamada Pietra, um vilarejo cravado num silencioso vale de montanhas bem altas.

Ali se tinha a impressão de que Deus falava com todos, em especial com Pedro, que era a única criança da cidade a guardar um segredo só seu.

Todas as noites o esperto menino ouvia as montanhas lhe cantarem as notícias, e assim que o sol se ia, Pedro também ecoava algumas das conhecidas notas musicais que saltavam das pedras altas e que lhe chegavam como curtas orações.

Quando as mensagens se soltavam das pedras logo rebatiam no coração de Pedro.

Ali o pequeno menino não sentia o tempo passar, apenas sabia que o dia sempre nascia sob o brilho do sol alto no cume das montanhas, que já era tarde no vermelho degradê do Sol atrás delas e entendia que a noite chegava pelo subir da lua entre o brilho das estrelas bem ao longe, na escuridão do horizonte.

Antes de dormir Pedro contava suas histórias para sua mãe e logo depois adormecia olhando as estrelas lhe piscarem seus sonhos de um dia ter um amiguinho para brincar.

Próximo a uma noite bem especial Pedro contou a sua mãe que já não seria a única criança do vilarejo.

"Vou ganhar um irmãozinho, mamãe, eu sei que vou ganhar, as montanhas já cantaram para mim!"

"Quem saberia disso, meu filho?" perguntou a mãe de Pedro.

Foi aquela estrela " a mais grande" do céu, mamãe, aquela ali bem grandona que sempre brilha mais forte, foi ela quem me contou!

Certa noite, numa antevéspera de Natal, assim que a mãe de Pedro olhou o horizonte, um clarão cruzou o firmamento pouco antes de Pedro decidir partir para as montanhas de Pietra.

"Eu voltarei para lhe contar, mamãe!", prometeu Pedro.

Quando lá chegou o garoto avistou um Presépio disforme, escondido sob um dos cumes das montanhas escuras e então, depois de espiar bem atentamente, nele entrou.

Alguns personagens pareciam estar ali a aguardar um grande acontecimento, porém a cena era inerte e fria.

Os pássaros, os carneiros, o campo, o vento, os pinheirais, tudo era mudo, sem movimento, sem ar, sem verde, sem vida, tudo opaco.

Não havia nenhum tempo que passasse por lá.

Pedro tentava se comunicar com o meio, porém ninguém o ouvia. Cantou todas as notas das histórias das montanhas de Pietra e nada, tudo continuava incomunicável.

De repente, um sino soou do céu e uma estrela piscou bem do alto, a tudo iluminar:

"Olá Pedro, sou eu, aquela estrela, a "mais grande do céu" da noite de Pietra!"

"É você estrelona, aonde estamos?!'-disse Pedro maravilhado.

"Estamos esperando O Menino, Pedro, deite-se sobre o leito da montanha e sonhe com o mundo que você pediu lá embaixo...que Ele logo logo já virá".

Então Pedro tirou uma bela soneca porque se sentia muito cansado da tão endurecida vida de pedra lá de Pietra.

De súbito uma luz muito forte o acordou do seu sono a também despertar o seu novo amiguinho e, então, o Presépio de Pietra tomou vida para todo o sempre...

"Olá Pedro, vamos brincar?" disse-lhe O Menino.

Contam que depois do milagre do Presépio de Pietra a vida lá embaixo nunca mais anoiteceu.

A cada Natal o vilarejo todo se ilumina e as montanhas ecoam as vozes dos dois amiguinhos a cantarem os Salmos do AMOR emanado dos céus.