A MENSAGEM DE MANU

No calor dos seus cinco anos, Manuel, ou simplesmente Manu, vivia a alegria da primeira infância cercado de cuidados naquele orfanato. Aquela era a sua casa desde os dois anos, idade em que foi retirado das ruas onde convivia com a mãe, viciada em drogas. Na Instituição, encontrou calor humano e respeito, fruto do trabalho de Fátima, diretora da casa.

Naquela tarde, Manu acompanhava atento a ornamentação dos cômodos com os enfeites de Natal. Olhava com carinho cada estrela, cada bola e cada personagem do Presépio. E ali ficou. Paradinho, ligado em tudo. Até que algo chamou mais ainda a atenção do pequeno: A figura de um menino, centralizada entre animais. “Quem é esse, tia?” Perguntou à Fátima; “É o Menino Jesus, o aniversariante” respondeu. “Quem cuida dele?”; Fátima apontou para as figuras dos pais e respondeu: “O Papai e a Mamãe dele”; “E ele pode ficar assim, no meio de um monte de bichos?”; “Bem Manu, por estar longe de casa, não havia um lugar pra ele nascer e por isso arrumaram um cantinho pra protegê-lo”; Manu olhou assuntado para Fátima, refletiu e respondeu: “Ainda bem que me trouxeram pra cá tia, pelo menos aqui não tem cavalos. Eu tenho medo de cavalos”; Falou e abraçou com força uma das pernas de Fátima, que sentiu a fragilidade daquela criança e a mensagem daquele abraço. Abaixou-se e beijou aquele rosto moreno, agradecendo a Deus pelo “presente daquele Natal” que marcou para sempre a sua vida.