Um perfume; um natal irreal, surreal e inesquecível

Desde que nasci minha mãe e minha avó tentavam me ensinar a não gostar do natal, pois elas odiavam-no por diversos motivos, pelo fato de pessoas da família terem morrido numa data aproximada, pelo fato de nossa família ser completamente desunida baseada em troca de favores e interesses e realmente isso é o contrário do que seria, se existisse, a definição do espírito de natal.

Já cresci sabendo que a família noel não existia, nem o coelhinho da páscoa, nem fada nenhuma, nem princesas e príncipes, nunca contaram histórias para mim, nem cantar, cresci fria, mas mesmo assim quando assistia filmes algo em mim despertava, parece que a minha grande capacidade de imaginação superou a influência essencialmente madura que tive, e então mesmo que do lado racional eu soubesse que o natal era só mais um feriado, de um outro lado meu, o da minha essência, eu era e ainda sou apaixonada pelo clima em si do natal.

Pelo fato de nunca poder expressar o quanto gosto do natal, quando chega a época e vejo as outras famílias comprando enfeites, colocando guirlandas nas portas, árvore nas suas casas, das mais simples e humildes famílias até as mais privilegiadas, não importa a classe a maioria pelo menos nesta época ficam mais amorosos e doces de forma verdadeira uns com os outros. Em casa, nunca teve um enfeite, comidas típicas da época ou parentes vindo para matar saudades, nos filmes apesar de não ser real, ou quando vou ao shopping e vejo árvores enormes com milhares de enfeites, luzes, enfeites de tudo quant é tamanho e formas, fico emocionada, muitas pessoas não entendem minha reação, mas me sinto tão bem ao ver famílias com seus filhos circulando pelo shopping, pode ser normal para outros mas aquilo é diferente para mim.

As frustrações da vida não tiram minha esperança, meus sonhos e o principal: minha imaginação, todos os dias a minha hora preferida é quando vou dormir, pois é a hora em que posso estar e fazer o que eu quiser nos sonhos. alguns dos meus sonhos vêm sozinhossem eu forçar o "tema" outros eu imagino um lugar, as pessoas envolvidas e suas características, o assunto e seus diálogos e aí flui até o amanhecer.

Bom, foi num destes sonhos, que veio sem eu esperar, que tive ao longo de 10 horas de sonho, o melhor natal de minha vida, como todo sonho inesperado que se preze foi coerente mais estranho, eu estava em pleno Rio de Janeiro, e fui em um residencial perto da marina da Glória, no sonho meu pai morava lá, ele estava me esperando ansioso acredito que era a primeira vez que ele iria me ver, eu fiquei tão surpresa, pois ele parecia tão novo, mas os olhos brilhantes que olhavam para mim radiantes desde a portaria fizeram meu coração bater mais forte e a minha vontade foi de sair correndo e dar aquele abraço de rodopiar, mas m lembrei que já estava muito velha para isso, e o máximo que poderia fazer era abraçá-lo com toda a força e responsabilidade como se ele fosse todo o meu mundo, quando estava a 5 metros comecei a rir descontroladamente (sempre tive crises de riso mesmo), a uns 3 metros comecei a chorar (não sabiase era da minha crise de riso ou se era de emoção, mas acredito que tenha sido os dois), a 1 metro com a voz trêmula e soluçada falei o nome dele com tom de pergunta de confirmação, parecia que eu ainda não acreditava no que estava acontecendo, mas quando eu vi aquele sorriso lindo e a voz dele dizendo para as pessoas que estavam no pátio do residencial, mães brincando com os filhos e jardineiros cuidando das plantas, a seguinte frase "Gente, essa é a minha filha!", dos 0,5 m que faltavam eu fiz num pulo direto para o abraço e o colo mais confortável e perfeito do mundo.

Bom, quando eu cheguei era uma linda manhã ensolarada, o céu estava totalmente da cor daquele mar lindo e azul, nos morros e montanhas nunca a vegetação e os musgos ficaram com tons de verde tão lindos e chamativos, quando subimos para o apartamento, eu fiquei hipnotizada devido àqueles enfeites de natal eram de vários tipos, a árvore era do meu tamanho, e então ele me disse que ama o natal, e eu disse que eu também sou apaixonada e agradeci ele ficou meio confuso como se quisesse perguntar o motivo de eu estar agradecendo, e eu falei: por você existir!. Depois ele me chamou para ir ver o meu quarto, meu deus eu nunca tive um quarto nos 26 anos de existência, ele ficou sabendo de mim ontem e já ajeitou um quarto para mim! E o apartamento dele era menor do que o que eu morava, enfim quando olhei não acreditei, só tinha a miha cama e uma cômoda para guardar minhas coisas mas a cor azul claro do quarto (minha favorita) o fato de ser só meu, o carinho e cuidado com que ele pôs os enfeites e um puff muito fofo, tudo isso me fez desabar em choro, ele ficou até preocupado e me perguntou se eu não havia gostado e eu falei: Eu amei, nunca ninguém tinha demonstrado tanto afeto e cuidado a mim, este é o meu primeiro quarto e o mais especial que eu já vi!

Então ele disse que eu precisava descansar pois mais à tarde iríamos fazer as comidas para a ceia de natal, e então eis que meu olho irradia felicidade e surpresa novamente, e ele ainda disse que toda a família dele até os que não moram no Rio iriam vir para a ceia, e então não aguentei e tive que dizer: Tua família gosta de natal e se unem esta data e os de longe estão vindo para me conhecer? E ele disse Claro você é a mais nova integrante da família, pode até ter idade de adulto mas para nós é a caçula da família!. Parecia que estava sonhando (boom, realmente estava, hehe), tudo estava indo de modo perfeito, ficamos a tarde toda fazendo rabanadas, risotos, acabi descobrindo que meu pai era um excelente cozinheiro. Já a noite, ele mandou eu ir me preparar primeiro para a grande noite, mas então quando vi minha mala percebi que não havia roupa de festa, então chamei meu pai para ver se ele achava algo que ficasse legal para a grande noite, e então justifiquei a ausência das roupas especiais dizendo que onde morava o natal não passava de mais um feriado e não trouxe roupas assim por costume mesmo. Então rapidamente ele pegou na minha mão e disse: "Meu deus tantos anos comemorando esta data linda fervorosamente e você lá vendo todos a sua volta comemorando menos você. Você me perdoa? Venha! Vamos comprar um vestido bem bonito para sua primeira ceia.", E eu disse: "Não foi culpa sua, não precisa se desculpar, e além disso, eu nasci de novo hoje, para viver uma vida linda e feliz a seu lado. Vou ter o maior prazer de ir ao shooping em plena véspera de natal com você", e então fomos num shooping que fica tão perto que dava para ir a pé.

Quando chegamos, a minha maior surpresa é que ao meu pai por o braço dele sobre o meu ombro e eu terminar o gesto abraçando-o em sua cintura, ao ver as outras famílias não me senti mais estranha, eu estava com alguém da minha família numa data especial como todos, eu me sentia plena, então passeando pelo shopping, eu havia visto um vestido numa longe que estava um tanto distante de onde estávamos, ele não tinha um decote muito baixo, era simples, era azul com umas flores pequenas e tinha a parte de baixo uma renda como acabamento, mas como a ideia de comprar foi dele e vendo o gosto maravilhoso que ele teve ao decorar o meu quarto eu não tive coragem de falar com ele que eu vi e gostei, estava deixando para ele esta tarefa, e então eis que ele diz "Nossa acho que aquele lá está perfeito, o que você acha? Eu sou pai a menos de 24 horas mas eu gostaria que você você não usasse decotes muito chamativos, nem saias e shorts muito curtos" e ele estava apontando diretamente para aquele que me deixou babando desde o começo da galeria. E então disse: Primeiro eu ri, "Pai, eu amei este vestido e pode ficar tranquilo pois eu nunca gostei de decotes assim nem de nada muito curto. Você é a pessoa mais perfeita que existe para mim".

Então compramos o vestido, ele falou com todos da loja que eu era a princesa dele, depois quando estávamos indo para casa, pois se continuássemos passeando os convidados chegariam e os anfitriões não! Ele me perguntou se eu gostaria de experimentar a bebida predileta dele eu disse: Ok! Tudo bem. E a bebida predileta dele era o capuccino da lanchonete de um amigo dele que fica logo na saída do shopping, e eu disse: Nossa que delícia, é a primeira vez que tomo isso e sinceramente dá vontade de tomar isso todo santo dia, é muito gostoso! | o amigo dele disse: "Eu não disse que ela iria gostar, você ficou preocupado à toa" depois ele me explicou: "Ontem ele veio aqui me contar da notícia de que a filha dele iria visitá-lo, e ele disse que viria aqui para experimentastes o capuccino e ele ficou preocupado de você não gostar, pois ele vem todos os dias, é sagrado!". Eu só consegui dizer isso: Estou vendo que vou ser a filha mais orgulhosa e feliz do mundo, você me encanta cada vez mais a cada segundo, eu estava esperando tudo, uma rejeição, uma dúvida, mas jamais esperava tanto afeto, tanta cumplicidade, nosso encontro superou todas as melhores expectativas que eu poderia ter. Depois disso, fomos finalmente para casa, nos arrumamos, pus o vestido, arrumei meu cabelo de um jeito que tinha visto na TV aquela tarde mesmo, e então quando estava pondo o perfume, a campanhia tocou, meu pai foi atender, os primeiros a chegarem foram foram meus avós, então fui mais rápido que um projétil para a sala, eles me acharam uma menina linda, deram-me um abraço do tipo que você sabe que é verdadeiro, e os dois agradeceram ao meu pelo lindo presente de natal que ele os havia dado. Depois foram chegando as outras duas irmãs do meu pai e meus 3 primos e uma prima. Todos foram se acomodando na sala para esperar a ceia, as crianças foram brincar e eu sentei ao lado do meu pai na poltrona, já eram 21:39 da noite.

Bom, eu fiquei imaginando o que todos iriam fazer até a hora da ceia, então começaram a fazer perguntas sobre mim, eu não queria falar de tantas coisas ruins pelas quais havia passado então simplesmente suavizei o máximo possível, usei bastante a figura de linguagem eufemismo! Pois não queria fazer meu pai se sentir tão culpado, e quando a coisa foi ficando cada mais profundo a difícil eu desviei a conversa perguntando coisas sobre o meu pai, afinal até então tudo o que sabia era que ele é honesto, bom, gosta de capuccino, cozinha bem, carinhoso e tem uma família linda e unida. Então ficamos até a hora da ceia falando sobre histórias dele, dos tombos de skate, dos campeonatos de vôlei da escola, das travessuras como a vez que ele subiu e caiu de pé de manga, da ve que ele tirou foto do teto quando tinha 6 anos com a câmera que a professora iria usar para tirar foto da turma, eu estava me divertindo tanto, e depois veio a parte que mais me ientifiquei de todas as histórias contadas, ele era afissurado em ser o melhor da turma, brigava e reinvidicava com o professor cada décimo descontado. E então disse: Agora já sei de onde tirei isso e dei razão, é claro, o que é nosso merece nossa defesa. Depois descobriram uma mancha, clara mas visível, no meu braço direito, que tem a mesma forma que a dele e então minha prima que tem 18 anos, falou que nós dois somos idênticos só que em gêneros e 2 décadas diferentes.

Eis que então chega a hora da ceia, sinceramente já estava com muita fome, todos sentamos e nos abraçamos desejando feliz natal uns aos outros e então sentamos a mesa, que estava tão linda como nos filmes em que eu assistia, nós comemos aquela comida deliciosa, meu pai e eu odiávamos uvas passas, mas até então eu não sabia que ele não gostava também e me servi daquele arroz mesmo, que estava disponível para todos para não magoar ninguém, eis que meu pai se levanta, e eu pergunto se aconteceu algo, e então meu avô responde que ele foi pegar o arroz dele puro pois ele não gosta das passas também, e ele havia percebido que eu estava deixando as minhas num cantinho do prato e então ele falou, baixinho, pode pegar do outro quando ele voltar, eu como as que você deixar aí, e eu agradeci, e quando o outro chegou e eu pus n meu prato, ele falou que finalmente tinha uma companhia para comer o arroz puro. Ao longo do jantar eu estava vendo como eles procuravam me integrar e estava adorando e já estava me sentindo uma parte daquea família linda, quando acabou o jantar parecia que eujá convivia com ele há anos.

Depois todos foram para a árvore, e estava com vários presentes, e então eu fui para o quarto dizendo: Vou pegar o seu presente pai! Eu havia comprado a caminho do residencial, eu não sabia direito o que dar já que eu não conhecia nada sobre ele, pensei em comprar uma roupa, vi na loja várias roupas sobre o Rio mas eu não sabia o tamanho e então ficaria complicado, então comprei um perfume que me lembrava de um dos momentos mais legais que já tive, o Uomini Sport, cujo cheiro me lembra do meu ambiente preferido, a água e o mar, dos campeonatos de natação, do esporte em que eu descobri o meu talento. Como eu me sinto especial com o perfume, achei que seria especial para ele também, a não ser que ele fosse alérgico, então entreguei a ele o presente e ele simplesmente quando cheirou, adorou o perfume, e colocou na hora. E o presente dele para mim foi um cordão com um pingente que eu amei, o símbolo da natação, e eu perguntei como ele sabia que eu era apaixonada por natação, e ele disse que assim como saber que eu existo a coisa que ele mais gosta de fazer é nadar, desde criança e ele queria passar para mim esta lembrança, e eu também pus o cordão na mesma hora, a princípio eu não iria contar a história do perfume para ele, mas depois disso senti que ele precisava saber e ele ficou muito orgulhoso de saber as minhas conquistas no esporte que também é o preferido dele.

Então, as crianças se sentaram na sala para brincar com os novos brinquedos e nós ficamos conversando até 1:20 da manhã, eu não sabia, mas aquela família toda iria dormir na casa do meu pai e eu achei muito legal e ele me explicou que nos outros dois dias iríamos passear pelo Rio para eu conhecer os lugares que ele mais gosta de frequentar, e todos iríamos juntos. Foi aí que eu já estava tão feliz que jánão pude acreditar que aquilo tudo era real. Foi também aí que acordou de um sonho maravilhoso, um natal inesquecível, porém irreal.

Acordou em mais um dia de brigas, sozinha nos meus bons sentimentos em relação ao natal, vendo todos com excelentes relacionamentos familiares, quer dizer a maioria, mas nunca fiquei triste, pois como eu já disse graças a minha imaginação eu posso viver a "realidade" que eu quiser.

*Isso é um texto fictício. Qualquer semelhança é mera coincidência.