O verdadeiro presente

Todos reunidos; nem todos em comunhão. Cada um por si e ninguém abrindo mão dos tão esperados presentes. Ali estavam o almoxarife e seu chefe, com quem havia discutido duas semanas antes. Também estava a bela secretária que, durante o ano inteiro, foi assediada por vários de seus colegas de trabalho e desrespeitada pelos seus superiores. O office-boy, a quem todos julgavam fora dos padrões de estética e intelectualidade, também era parte daquele círculo. E só Deus sabia o que estava em cada um daqueles corações, pois, se Ele lhes permitisse o poder de ler o que sentiam, ninguém estaria ali. Eles estariam em suas casas, “enchendo a cara” e se entupindo de remédios para afogar as mágoas e fugir de seus vazios incomensuráveis. As máscaras cairiam e as pessoas não suportariam saber como são vistas pelos demais; com raríssimas exceções. Um deles, no entanto, por ser mais espiritualizado e inteligente emocionalmente, conseguia analisar o comportamento humano, sem julgá-lo de forma negativa, mas acreditando que todos (inclusive ele) estavam em um processo de evolução espiritual, durante o qual todos nós acertamos e erramos em nossos sentimentos e atitudes. Tendo esse tipo de pensamento com relação aos presentes (por considerá-los seus semelhantes), o advogado daquela empresa resolveu, antes de qualquer coisa, pedir que, ao invés de todos escreverem o que gostariam de ganhar, que escrevessem o que realmente sentiam uns pelos outros. Todos ficaram indignados com aquela sugestão que, até então, fugia de suas pretensões, mas, convencidos de que aquilo seria importante (até para melhorar o funcionamento da empresa), decidiram refletir sobre a proposta. Então, dali a mais ou menos duas horas, eles resolveram aceitar a proposta do jovem advogado e expuseram (de forma escrita) seus sentimentos uns pelos outros. As reações foram as mais diversas. Houve quem se sentisse culpado; houve quem demonstrasse arrependimentos a ponto de pedir desculpas pelo que haviam feito... Houve quem ainda discutisse a respeito de assuntos mal resolvidos do passado. O advogado observava tudo e anotava os pontos mais importantes. Por fim ele os fez perceber a importância da sinceridade dentro daquele contexto, retirando a velha capa de hipocrisia que cobriria seus rostos e gestos durante a brincadeira de “amigo secreto” que eles fariam dali a cinco dias. Resolveram então fazer (cada um deles) uma limpeza em seus corações (de forma individual agora) e, no dia em que se reuniriam para ganhar presentes sem afeto, eles se juntaram para fazer um mutirão em prol de crianças carentes, distribuindo presentes cheios de amor. E assim perceberam a importância de um trabalho em equipe.

Tom Cafeh
Enviado por Tom Cafeh em 07/12/2014
Reeditado em 27/12/2014
Código do texto: T5061765
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