Purrulica o menino mais travesso da escola.

Purrulica era um garoto muito travesso. Andava sempre aprontando umas e outras. Por isso mesmo vivia sendo chamado atenção na escola pela professora, na rua pelos vizinhos, em casa pelo avô Mundico, com quem morava desde que seu pai e sua mãe foram embora do Piauí trabalhar em Brasilia.

Vô Mundico, o criara desde pequenino, apesar de suas inúmeras travessuras. Mas dizia a todos que não sabia mais o que fazer com ele, pois desde que ele começou a freqüentar a Lan House e o Video Game da esquina, não obedecia a mais ninguém. E começara a faltar na escola. Que tristeza!

Purrulica entre outras coisas gostava de criar passarinho em gaiola. Hábito que herdou de seu avô. Tinha vários em casa. Que malvadeza!

Num domingo pela manhã, Purrulica foi ao mercado central com o vôvo. Era dia de feira, muita gente comprando frutas, verduras, carnes, roupas, utensílios e até animais domésticos, muitos deles não autorizados pelo IBAMA. Purrulica pesnava que Ibama era um homem muito mal.

Purrulica na feira de domingo de manhã, não resistiu à oferta do vendedor de pássaros de cativeiro e comprou um canário real, passarinho bonito, cantador, este pelo menos tem sua venda permitida por lei.

Ao chegar em casa pendurou a linda gaiola com seu canário cantador e todo orgulhoso foi logo chamar seus vizinhos para ver o seu novo passarinho cantar. Pensava estar fazendo algo brilhante. Manter aquele animalzinho em cativeiro.

Logo chegaram todos os seus coleguinhas ansiosos por vê-lo cantar. O canário revoltado por estar naquela gaiola no meio daquele monte de gente desconhecida, birrou e não deu um pio sequer.

Logo todos foram embora decepcionados com o canário que se recusara a cantar. E ainda esbravejavam:

- Purrulica esse teu canário é falso te venderam um filhote de urubu. (sorriam).

Purrulica decepcionado, se sentou na cadeira de balanço de seu avô na sala da frente onde estava a gaiola do canário silencioso e muito chateado com a vergonha que o canário lhe tinha feito na frente de seus amiguinhos, pensava numa forma de punir o passarinho.

De repente a gaiola se abriu, não se sabe como, o canário voou até bem próximo da cadeira onde purrulica estava sentado e começou a crescer. Cresceu... Cresceu... Cresceu mais ainda... até ficar enorme, maior que uma pessoa normal.

Purrulica olhando aquela cena ficou Pa-ra-li-sa-do, mal conseguia respirar.

O canário agora gigante, a passos lentos chegou bem perto da cadeira onde Purrulica estava, abriu suas asas escuras e grandes de maneira que tapou o clarão do sol que penetrava no ambiente pela janela à suas costas.

Neste momento fez-se um silêncio amedrontador.

O canário com seu olhar direto e penetrante, peito estufado, asas abertas, começou a falar com firmeza, ar de gozação e reprovação:

- Seu Purrulica! Eu não sou o que pareço, não sou um canário comum. Sou um mensageiro que veio do mundo dos animais para lhe ensinar algumas coisas.

Purrulica amarelo de medo, olhos esbugalhados, pernas trêmulas, pipi descendo nas calças, não dizia nada, só ouvia com uma atençãaaaaaooo! De morrer.

Você precisa para de fazer coisas erradas. Falou o canário gigante. Precisa ouvir seu avô, sua professora e respeitar seus coleguinhas e não fazer mal a mais ninguém, muito menos aos pássaros que tem todo o direito de serem livres como você também é. Portanto você deve soltar todos os passarinhos que tem em casa!

Purrulica não acreditava no que acontecia.

O canário deu um pio estridente de tão agudo que toda a vizinhança do bairro ouviu à distância.

Nessa hora Purrulica fechou os olhos e tapou os ouvidos.

Quando abriu os olhos novamente, o canário estava na gaiola com a portinha fechada como se nada tivesse acontecido.

Purrulica não pensou duas vezes, abriu todas as gaiolas e soltou todos os pássaros e nunca mais desobedeceu a ninguém nem, prendeu em cativeiro nenhum animal. E voltou a freqüentar a escola todos os dias.

O velho Mundico seu avô, hoje é orgulhoso de ter um neto atencioso, estudioso e comportado. Que legal.

David Bandian
Enviado por David Bandian em 29/10/2010
Código do texto: T2585282
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