LILI

1º DIA

- Brrr . . . que frio que está aqui. Antes estava tão quentinho, de repente senti sendo empurrada violentamente e agora estou neste lugar . . . O que aconteceu? Não vejo nada. Parece que tem algumas coisas em cima de mim. Hum! Sinto um cheiro irresistível, eu preciso chegar até lá.

– Sai daí! Chega prá lá.

- Ah cheguei, o que é isso? Vou morder. Hum! Que delícia! Isto é maravilhoso. Gut, gut, gut . . .

10º DIA

- Sinto muitos cheiros que antes não sentia, e . . . espera! Estou vendo! Antes era tudo escuro, e também estou ouvindo coisas. Poxa são tantas coisas ao mesmo tempo, mas agora estou entendendo: tem minha mamãe que me alimenta com um leite DELICIOSO! Também tenho outros três irmãozinhos, e tem outros seres que vem por aqui e dizem: “Que cãezinhos lindos!”, bem agora que eu posso ver, é verdade, somos lindos mesmos, e eu sou uma linda cadelinha.

- Minha mamãe explicou algumas coisas: aqueles seres que vem aqui são os humanos, eles cuidam de nós quando crescemos e temos de ficar felizes quando temos um lar, nós somos muito bem tratados aqui, minha mamãe tem uma caminha aqui na lavanderia da casa e nós ficamos todos juntos, sou tão feliz!

1º MÊS

- “Tem vindo várias pessoas aqui nos olharem, e sempre que vem levam um dos meus irmãozinhos, agora só estou eu com minha mamãe, bem, pelo menos por enquanto . . .”

- Olha que lindinha mamãe!

- Gostou dela Michele?

- Gostei, gostei! Vamos ficar com ela?

- Vera, vou levar ela então. Quanto te devo?

- Ah Mônica, só o valor das vacinas, são vira-latinhas, mas se puxarem a mãe serão adoráveis.

NA NOVA CASA

- “Bem estou num lugar diferente agora, e aqui é bem frio, colocaram uma coleira em mim e estou numa casinha no quintal, ai que falta da mamãe!” Caim, caim, caim . . .

- Mônica faz essa cadela calar a boca. O que os vizinhos vão dizer? E eu tenho de levantar cedo amanhã, eu nunca quis cachorro nenhum por que você tinha de pegar um?

- Bem João, foi por insistência de SUA filha, só por isso, vou lá fora.

- Quieta Lili! Queita! Toma!

- Caim!

- Se não ficar quieta vai levar outro safanão!

UMA SEMANA DEPOIS

- “Quase toda a noite tem sido assim, eu choro com saudade da mamãe e vem minha nova dona e me bate, eu até tento ficar quietinha, mas é tão difícil . . .”

- Lili, Lili, oi bonitinha.

- “Ah, a Michele, acho que ela é a única que gosta de mim aqui”. Au, au, au!

- Suas orelhas são compridas, e seu puxar elas assim.

-“ Ai, não. Pára, pára!” Caim!

- Ai, ai, ai, mamãe! A Lili me mordeu! Aiiiii!

- Que foi? Que você fez pra ela filha?

- Nada! Ela veio e me mordeu, eu odeio ela, odeio!

- Viu Mônica agora isso. Vai ficar ainda com essa cachorra violenta? E viu como ela está crescendo?

- Cala boca João! Tá, tá, já que é isso que você quer amanhã me livro dela.

5º MÊS

- “Olha só, minha dona vai me levar para passear, eu consigo ver daqui os cachorrinhos que passam na rua com seus donos e parece ser tão divertido. Hum, mas parece melhor, vamos de carro! Legal!

- “Parece que chegamos.”

- Vem Lili, olha só essa bolinha, tá vendo? Vou jogar e você vai buscar, vai!

- “Uau! Uma bolinha só prá mim, ei ela foi muito longe.”

- “Cadê, cadê? Ah, achei.”

- “Minha dona, achei!”

- “Ué, cadê minha dona? Ela tava aqui. Vou procurá-la e entregar a bolinha . . .”

UMA HORA APÓS

- Poxa, realmente eu me perdi, e agora o que é que eu faço? Ei, olha um outro cachorrinho.

- Oi, quem é você?

- Quê? Como assim? Sou um cachorro, oras.

- Sim eu sei, mas qual o seu nome? O meu é Lili.

- Me chamam de Pit, bem você deve ser mais um destes cães abandonados.

- Abandonados? Como assim?

- É, aparecem muitos por aqui, você vai conhecê-los, os humanos se enchem deles e os trazem para cá.

- Verdade? Que será que eu fiz para ser abandonada?

- Liga não mina, eu nasci assim: livre, e assim quero sempre ser, sem coleira, sem grade, nem muro, isso que é vida.

- E a comida, como você consegue?

- É mina, a vida também não é tão fácil assim, eu passo boa parte do meu tempo procurando comida, mas eu também me divirto com a galera, aliás vou apresentar você pra ela.

- Ei turma, carne nova no pedaço.

- Uau!

- Essa é a Lili, estes são o Bil, o Lulu, Tóto, Fred, e a Laila.

- Olá, que bom conhecer vocês!

- Bom nada, mais uma para dividir a comida e, aliás, nem deve saber caçar.

- Cala a boca Laila, você tá é com ciúmes!

- Ciúmes? De vocês? Ninguém merece.

1º ANO

- Pois é querida Lili a vida é assim . . .

- Poxa Laila, eu não sabia porque estava me sentindo assim, e aliás ultimamente tenho achado o Bil tão atraente.

- Tô sentindo cheiro de filhotes.

9 SEMANAS DEPOIS

- Laila, Laila, me ajuda tô sentindo umas dores insuportáveis.

- Calma querida, vamos até um lugar sossegado, vou ficar com você, eles estão a caminho.

- Verdade!

- Isso, força!

- Ai, caim, caim . . .

- Pronto, três lindos filhotinhos, ainda bem que parecem com você e não com o Bil.

- São lindos mesmo, não são?

- Bem mamãe agora se cuida e deixe eles mamarem.

- Vem cá peludinhos da mamãe.

3 DIAS DEPOIS

- Lili trouxe este pedaço de carne pra você e tenho uma má notícia.

- Muito obrigada Bil, o que foi?

- Olha tem outra matilha querendo nosso pedaço e a gente vai se enfrentar hoje à noite, quero que você fique aqui bem quietinha cuidando de nossos filhotes, tá bom?

- Outra matilha? Por quê? Não precisa brigar, não podemos viver todos juntos?

- Olha aqui tá difícil até pra nós, mais cães não dá, então não tem outro jeito.

- Se cuida então Bil.

À NOITE

- Estou tão apavorada, só ouço latidos e granidos, não sei o que está acontecendo . . .

- Grrr . . .Olha só! E aí madame?

- Ahn, quem é você?

- Duque, esse é meu nome, sou o dono deste pedaço agora.

- Quê? Cadê os outros, e o Bil?

- Pois é, os que não fugiram . . . não teve outro jeito . . . somos em número maior.

- Não, não!

- Hum, e estes cachorrinhos? Será que serão meus futuros inimigos? Dê eles pra mim!

- Não, não, nãooooooo!

AMANHECE

- Onde estou? Cadê todo mundo? E os meus bebês? Meus bebês, snif, snif . . .

DIA SEGUINTE

- “Estou a horas andando e não achei nada para comer . . .”

- “Ei, o que é isso? Parece que tem um cheiro bom.”

- “Esse negócio de ficar revirando lixeiras pra procurar comida não é muito fácil, a gente leva cada corridão, pedradas . . . E a turma, onde será que eles estão? E os meus bebês? Não consigo parar de pensar no que fizeram com eles. Por quê minha dona me abandonou? Será que eu assustei a Michele? Ela me machucou, eu só queria que ela parasse . . .”

- Cai fora cachorro! Sai no meu lixeiro.

-“Ai, ai”. Caim, caim.

- “O que é isso?!”

Poof!

- Essa cachorrada de rua! Vai ver estragou a lataria do carro! Malditos!

- Mãe, ela não parece a Lili?

- Que Lili que nada Michele, ela foi deixada bem longe daqui.

- Você tinha falado que tinha deixado com outra dona.

- É, é, foi isso mesmo!

- “Ahn, que aconteceu . . . ai minha perna . . . snif, snif”. Caim, caim.

- Ei cachorrinha, você se machucou! Vem, vou cuidar de você.

- “Ahn? Quem?”

- Você fugiu não é? Tá com coleira, e está bem suja por sinal, onde você andou se metendo? Vamos ao veterinário e depois vou te dar um belo banho.

- “Quê banho? Estou sonhando?!”

ALGUMAS HORAS DEPOIS

- “Poxa, Deus existe! Aquele moço veterinário cuidou da minha perninha, disse que não quebrou, só preciso usar essa faixa por uns quinze dias e daí já estarei melhor. E essa moça me deu banho, e comi aquela comida que ela chama de ração como louca, também eu tava com uma fome! Tem uma casinha linha com um cobertor quentinho e ela não me amarrou, ei ela tá vindo!”

- Olha querido, ela não é linda?

- Muito linda Jéssica, como iremos chamá-la?

- Vou lhe dar o nome da mãe da Melzinha: Lili.

- É parece que combina com ela, e ela parece ter gostado, e aí Lili gostou desse nome?

- “Como vocês sabem o nome?” Au, au, au!

- Sabe Márcio, desde que perdemos a Melzinha, hoje quando pude ajudar essa cachorrinha foi quando comecei a me animar mais.

- Já faz uma semana querida, agora temos uma nova amiguinha, ela vai nos ajudar.

- É verdade, mas se os donos aparecem?

- Bem aí é outra coisa, não vamos nos preocupar com isso por enquanto.

UM MÊS DEPOIS

- Ei Lili agora sua perninha está boa e olha só! Aqui tem uma bolinha só prá você. Vai lá, pega!

- Engraçado ela não foi atrás, será que ela não sabe brincar de bolinha? Não tem problema, tem muitas outras brincadeiras para fazermos juntas.

- “Eu hem, bolinha nunca mais!” Au, au!

E viveram felizes para sempre . . . Ah, quase ia me esquecendo: Lili teve outros dois lindos filhotinhos, que, de tão fofos seus donos não quiseram dar para ninguém, e depois castraram a Lili porque acharam que a casa também não era tão grande assim para mais cachorrinhos, e enfim realmente viveram felizes para sempre e com muito amor.

Cyberquel
Enviado por Cyberquel em 29/11/2010
Reeditado em 29/11/2010
Código do texto: T2643239
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