MARCELO E A VARA MÁGICA (Versão adaptada a crianças com necessidades especiais)

IMPORTANTE: A adaptação desse conto tem por objetivo atender as necessidades de crianças com deficiências físicas, pais e familiares de crianças portadoras de deficiências físicas e educadores ou profissionais que trabalhem com crianças de centros de reabilitação e/ou colégios de educação especial.

MARCELO E A VARA MÁGICA

(Adaptação para crianças com necessidades especiais)

Marcelo era um pequeno garotinho muito risonho que gostava de colecionar figurinhas de futebol e assistir a desenhos animados. Ele tinha uma irmã que se chamava Rebeca. Marcelo era um menino um pouco diferente porque ele não podia caminhar. A maneira com a qual ele se movia de um lado a outro era através de uma cadeira de rodas de cor azul. Todas as tardes, depois que voltavam do colégio, Marcelo e Rebeca passeavam até a casa da vovó Dora. Marcelo gostava de girar muito rápido as rodas de sua cadeira e Rebeca corria ao seu lado, enquanto diziam:

[Roda gira que rodo rápido

Gira roda que giro junto]

Eu dirijo e não me canso

Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Você corre e me acompanha

Toc, toc,toc,toc

Lá na casa da vovó Dora havia um pomar com diferentes frutas, mas a preferida de Marcelo e Rebeca era um grande pé de amora. Eles adoravam comer daquela pequena e deliciosa fruta.

Como Marcelo não podia levantar-se da cadeira de rodas, ele não podia alcançar as frutinhas que estavam nos galhos mais altos. Seu grande desejo era poder colhê-las sozinho, sem a ajuda de sua irmã Rebeca.

Certo dia, Marcelo estava um pouco triste. A vovó Dora percebendo que ele estava chateado, decidiu entregar-lhe um presente e lhe contou um importante segredo.

Naquele mesmo dia, Marcelo foi rápido com sua cadeira de rodas até o pé de amora. Ele levava consigo aquele presente que lhe foi entregue pela vovó Dora.

Vocês sabem o que era? Pois eu vou lhes contar: uma longa vara de pescar. Mas não pensem que se tratava de uma vara comum, não, não, não! Aquela era uma vara com poderes mágicos.

Debaixo do pé de amora Marcelo fechou seus olhinhos e recitou o versinho que lhe ensinou a vovó:

Pezinho de Amora,

Carinho de Dora

Fruta, frutinha,

Preta, docinha

Varinha, varão,

Caia/ tudo/ aqui/ na/mi/nha/ mão!

Marcelo começou a sacudir a vara mágica pelos ramos do pé de amora e algo maravilhoso aconteceu. Muitas frutinhas começaram a cair, uma atrás da outra, sem parar, sem parar, sem parar:

Pic, pic, poc, pic

Poc, poc, pic, poc

Pic, poc, pic, poc

Quando sua irmã Rebeca aproximou-se, seus olhinhos ficaram espantados ao ver como Marcelo, com sua vara mágica, fazia com que tantas frutas, todas gordinhas e suculentas, caíssem em suas mãos.

Mas a vovó Dora havia lhe contado um segredo. E vocês sabem qual era o segredo? Pois eu vou lhes contar. O segredo era que a vara mágica também funcionaria com as outras árvores de frutas do pomar da vovó.

Depois de colherem uma grande bacia de amoras, lá foi Rebeca empurrando a cadeira de rodas de Marcelo para dentro da casa da vovó. Eles queriam aprender como a vara mágica funcionaria para ajudá-los a colher os deliciosos moranguinhos que estavam plantados no chão do pomar.

CONSIDERAÇÕES PARA A UTILIZAÇÃO DESSE TEXTO:

a) A descrição da cadeira de rodas do personagem é realizada de forma espontânea. O personagem é uma criança diferente mas não de outra galáxia. Importante reforçar a imagem natural frente ao uso das próteses e/ou cadeiras de rodas. Uma vez que sejam elementos de caráter permanente na vida da criança, passam a fazer parte de sua identidade. Ao demonstrar um olhar de lástima, piedade e pena ao objeto, estamos dando uma mensagem de pena e lástima à criança também.

b) Decidi adaptar o conto preservando o lúdico, a fantasia e a imaginação, porém, não usei recursos de ILUSÃO. O conto não cria situações onde o personagem realiza ações “abstratas”, “imaginárias”, como ter a “SENSAÇÃO” de que a vara mágica lhe permitiria levantar-se da cadeira e caminhar. Optei por entregar uma mensagem de ânimo, esperança e estímulo, mas não de expectativas que em alguns casos não tenho antecedentes prévios que me garantam que esta ação possa realmente ser executada a futuro. O personagem desejava colher uma fruta E ELE PÔDE CONCRETÁ-LO, CUMPRIU COM SEU DESEJO, SOZINHO, sem a ajuda da irmã ou da avó. (Aplausos para Marcelo!).

c) Enfatizar a importância do entorno familiar (tios, avós, primos, irmãos) como fundamental rede de apoio na criação de “varas mágicas”, para que a criança tenha coragem para solucionar suas tarefas diárias. A personagem da vovó Dora deu ao menino uma “ferramenta concreta e psicológica” para que ele sozinho concretizasse seu objetivo. Mas ela, apesar do amor de vovó, NÃO colheu a fruta por ele. É lógico que temos que considerar outros elementos associados à deficiência física (por exemplo, no caso que haja impedimentos intelectuais também). Mas confio cegamente no bom senso dos pais porque eles são os que mais conhecem os limites e as potencialidades de seus filhos.

d) As crianças especiais necessitam de amor de família, bons profissionais e que a vida lhes entregue muitas varas de pescar. Então, que estas varas sejam especiais, mágicas e com a beleza e a ternura da poesia.

Millarray
Enviado por Millarray em 12/04/2011
Reeditado em 12/04/2011
Código do texto: T2904225
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