A Pequenina Anny
       e o Pássaro
Cantor



Todas as manhãs, ao som daquela doce melodia, ela acordava. Debruçava-se sobre a janela e ficava a vislumbrar aquele pássaro tão pequenino, lá no alto daquela mangueira que existia no quintal da sua casa. Era um raríssimo pássaro, com penugem preta e roupagem alaranjada que, sempre no mesmo horário e todos os dias, iniciava uma sinfonia, alegrando o coração aflito e tão solitário daquela garotinha.
Ela se chamava Anny. Era filha dos donos daquela enorme e bela casa em que vivia desde seus primeiros dias de vida. Estava a poucas semanas de completar 7 anos de idade. Era uma garotinha triste, sozinha, sem amigos. Seus pais viviam exclusivamente para o trabalho, dedicando a maior parte do tempo à empresa que lhes pertencia.
Anny tinha um quarto enorme, com centenas de brinquedos caríssimo. Mas, nada ali a deixava feliz. Precisava de atenção, de carinho, de amor. Necessitava da companhia agradável de alguém especial para brincar com ela, para sorrirem juntos.
Naquela manhã ela amanheceu mais triste que qualquer outro dia, pois iria pela primeira vez à escola. No entanto, seus pais não estavam lá para a levarem, lhe darem segurança, proteção. E ela estava com muito medo. Sua babá, uma moça dedicada e bondosa lhe faria companhia até a escola.
Ainda era bem cedinho e daria tempo para ela se deliciar com o canto majestoso daquele passarinho. Parecendo advinhar seus pensamentos, o pássaro rodopiou no ar, sobrevoou pelo jardim e entrou pela janela do seu quarto
. Anny se assustou, pois isso nunca havia acontecido antes. Ele pousou suavemente em sua cama, chamando a sua atenção. Batia as asinhas, saltitava, explodia seu canto estridente, causando risos naquela tão singela criança. Ela estava maravilhada! De repente, se aproximou da cama e se sentou. O pássaro permaneceu ali fazendo suas peripécias. E Anny, não contendo a alegria, estendeu a mão para tocá-lo, num gesto carinhoso e delicado. Para sua surpresa, ele alçou voo e retornou até ela, pousando em sua pequenina mão. Eles estavam felizes, queriam compartilhar seus momentos juntos, e brincaram por longas e agradáveis horas. Ela o apelidara de Sinuê.
Anny já não se sentia mais tão sozinhaa. Encontrara um amiguinho, mesmo que ele não pudesse falar, estar com ela por mais tempo. Todas as manhãs eles brincavam, dançavam, cantavam, se divertiam pra valer! Ao anoitecer, Anny sempre o esperava para contar-lhe como havia sido o seu dia e dar-lhe um beijo de boa noite. Esse ritual permaneceu por muitos e longos anos, até quando Anny completou seus 21 anos e se casou. Porém, ela jamais o abandonou! Levou-o consigo para sua nova mansão, preparando um jardim todo especial para ele poder cantar e alegrar a vida de outras criançinhas solitárias.


Raina Vilanova
Enviado por Raina Vilanova em 10/05/2011
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