Direto da máquina do tempo

“Boca de forno”

“Forno”

“Abacaxi”

“Xi”

“Quando eu mandar?”

“Vou”

“Seu rei mandou dizer que vocês fossem...”

...

Puxa, que legal era ser criança! Tudo se podia fazer. A imaginação ia longe! Brincava-se na rua. As crianças se encontravam; então, rolava de tudo. Eu ficava até altas horas da noite, brincando de pega, barra-bandeira, queimada, esconde-esconde. Minha mãe muitas vezes tinha de ir me chamar pra dormir:

“Malu, tá na hora de entrar. Se não fizer isso imediatamente, vai dormir de couro quente”

Eu nem aí; brincando estava, brincando ficava. Ainda, se eu pudesse ficaria a noite toda naquela brincadeira. Éramos felizes e não sabíamos! Atualmente não existe mais aquela farra de criança. Mal nascem, já começa a alienação. Pior, a música que escutam tem somente uma palavra e uma batida: ex. o rebolation; a comida que comem não tem mais nem o sabor que tinha: comem apenas sanduiches, refrigerantes e batata frita; só coisas sem nenhuma valia; esses alimentos apenas lhe dão a sensação de estarem alimentado, mas não têm nenhum valor nutricional. O vestir, calçar, e acessórios são iguais pra todos, não existe mais diversificação: jeans, camiseta, brincos, tatuagens e um tal de percing. A época é de massificação. É a porra da globalização! As crianças são todas, sem distinção: andróides. Pensa que é exagero meu, leitora? As pessoas vivem como coca-cola ambulantes, ou seja, passam pelo mesmo processo de fabricação e armazenamento: a embalagem é a mesma, o enchimento, rotulação, e vedação.

“Minha mãe mandou dizer que o pega era você, Malu!” – Dadá, outra espevitada.

Que saudade de outrora! Quando eu era criança tudo era muito diferente. Não existia esse apelo consumista todo que há no mundo atual.

“Você hoje nada mais é que um número de CPF; RG; CDC, minha amiga Malu!” – a Nete, uma amiga de infância.

Como o ser humano se brutalizou! A mulher é apenas uma máquina de prazer. O homem símbolo de poder. Não se faz mais gente como antigamente! Os tempos realmente são outro! Tudo hoje é descartável. O ser humano vale menos que um real! Viver virou uma balada nacional. O ôba-ôba é geral. O bacana mesmo é está na ordem do dia, isto é, está na moda. As pessoas são mais uma mercadoria. Uns robôs. Pensar que era tão bom no passado porque se dava o devido valor às coisas e ao ser humano! Viver virou esse engodo.

“Ei, quem pintou a zebra, Malu?”- Sandra, amiga de brincadeira.

“Não sei e tenho raiva de quem sabe!”

Lourdes Limeira
Enviado por Lourdes Limeira em 07/09/2011
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