Eu, minha mãe e o nome da minha escola.

Era pequenina, não sabia escrever muito bem, mas da porta do meu quarto, fazia o quadro mágico e tentava rabiscar. Lembro-me, precisamente, do momento em que eu me empenhei para aprender o nome de minha escola. Era um grande desafio.

Lá, eu estava, oito anos de idade e um pedacinho de giz na mão que eu pedia para a professora me dar ao cabo da aula. Bem ali, eu permanecia em frente ao grande quadro negro do meu quarto que por mais que fosse apenas uma porta, era também o momento do desafio gigante.

Depois do sono vespertino, minha mãe lavava roupa e eu decidi dividir minha façanha em duas partes: a primeira deveria escrever o nome da escola olhando pelo do meu caderno; e a segunda, seria escrever SOZINHA.

Comecei. Peguei o giz. Era um olho no caderno e outro no quadro, um olho no quadro e outro no caderno. Era uma emoção tão grande(risos)! Até que o grande momento chegou.Terminei. Estava muito feliz, afinal de contas o nome de minha escola era muuuuuiiiito grande, meu braço estava cansado e eu não sabia pegar no giz direito. Eu era uma criança sonhadora semelhante a tantas outras.

Chegado esse momento, então, eu tive que seguir para a outra etapa e , esta, meu Deus! Esta outra seria assustadora, contudo, ser criança é também encarar grandes desafios ou vocês acham que subir escada, ou escalar árvores, ou pular muros, é coisa para fracos? Não, isso é coisa para CRIANÇA!

Pois bem, decidi , dessa vez, escrever sem olhar: noooossssaaaaa, como foi difícil! Mas era meu desafio e decidi ir até o fim! Escrevi toooooddddooo o nome da escola. Gente, o nome inteiro. Isso mesmo. Não me contive de tanta felicidade!!! Era felicidade demais, eu estava entusiasmada, a sensação de felicidade era maior do que apertar a campainha do vizinho e sair correndo rsrsr!

Corri até a lavandeira e chamei minha mãe para vê o que eu havia feito.

_Mamãe, eu escrevi o nome inteiro da escola! O nome da escola, eu escrevi, mamãe!!!

Minha Mãe ficou super contente, muito feliz, assim como eu. Ela disse: Muito bem....continue assim.

Eu, em minha inocência pueril, ainda não sabia que minha mãe não entendia uma letra sequer. Eu não sabia que ela, assim como eu, não sabia ler e escrever. Mas o fato é que seu analfabetismo sempre me ensinou a amar o mundo das letras. De lá pra cá, as lembranças desses tempos são saudades boas de ter.

Eliane Vale
Enviado por Eliane Vale em 22/05/2012
Reeditado em 16/05/2015
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