DENTES DE LEITE

Morávamos no centro da cidade, perto de um lindo rio que até hoje corta o centro da cidade e passava exatamente no fundo da casa que existe até hoje.  O rio continua cortando a cidade mas, com uma grande diferença, está doente, super poluído. O que é uma pena, porque suas águas era de um vermelho dourado, daí o nome Rio do Ouro.
Eu e meus irmãos, éramos crianças felizes, peraltas, aprontávamos cada brincadeira, que deixavam nossos pais de cabelos em pé.
Eles que eram funcionários públicos, fizeram um acordo: um trabalharia pela manhã e o outro a tarde, para que um  ficasse conosco. Bacana, não? Pois é! Tivemos o privilégio de conviver diariamente com nossos pais. Adorava ficar na porta aguardando meu pai voltar do trabalho, quando ele aparecia na esquina eu saía correndo para abraçá-lo. Ele nem descansava, ao chegar, tomava seu banho e para me agradar, sentava comigo para descascar cana, a cortava em gominhos ou rodinhas e assim ficávamos, conversando e chupando cana. Uma delícia! Gostava também de descascar tangerina e abrir gomo por gomo. Guardo tanta lembrança boa de meu pai, que se fosse falar aqui, esse texto não terminaria, nem hoje, nem amanhã. Mas vocês devem está se perguntando: onde entra os dentes de leite? Cresci ouvindo estórias e histórias, e uma dessas estórias era que, se pegasse o dente de leite e colocasse nas cinzas do fogão a lenha, ele viraria dinheiro. Como em nossa casa, havia um desses maravilhosos fogões, quase meu pai empobrece, cada dente era um dinheirinho que eu ganhava. Mas isso não durou muito, quando eu comecei a desconfiar e decorei o local exato, onde havia colocado um dos dentes e pude confirmar que era ele que colocava o dinheiro lá, mesmo assim, nada disse para que não ficasse sem graça. e foi assim que acabaram-se os dentes de leite e eu cresci.
Vera Jacobina
Enviado por Vera Jacobina em 26/09/2012
Reeditado em 26/09/2012
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