A GATINHA MIMI E O CÃOZINHO LOBINHO

A gatinha Mimi e o cãozinho Lobinho.

Mimi era uma gatinha muito danadinha e vivia fazendo peraltices. De vez em quando ela se aventurava sozinha pelas plantações do sítio  dos pais de Marilia. Mimi era a mascotinha de Marília.
Numa linda manhã primaveril, Mimi decidiu acompanhar Marília ao colégio. Estava curiosa para saber o que tanto as crianças faziam dentro dos colégios.
Todas as manhãs, bem cedo, Marilia saia do sítio e ia caminhando a pé até a cidade, onde ficava a sua escola. O caminho era longo e ela tinha que atravessar alguns sítios até chegar numa estrada pavimentada.
Marília nem percebeu que Mimi a seguia. A gatinha ia escondida em meio a vegetação que beirava o caminho coberto de flores e plantas de diferentes espécies.
De repente, Mimi encontrou o primeiro obstáculo. Para chegar à cidade, Marília precisava atravessar uma velha ponte de madeira cheia de buracos.
Mimi deixou Marilia atravessar a ponte e concluiu: _ Se minha dona atravessa esta ponte, porque não posso? – E deixou seu esconderijo, saltando para a estrada com a ponte bem a sua frente.
Logo que colocou suas patinhas sobre as velhas madeiras desgastadas, estremeceu de medo. Olhou por entre as imensas brechas e lá embaixo,  as águas do rio corriam apressadas, formando redemoinhos nas ondas. Moleza pensou! E foi pulando tábua por tábua.
Quando estava no meio da ponte, olhou novamente pelas brechas e sentiu uma forte vertigem. O rio parecia querer tragá-la para si. Ensaiou mais um salto em direção à próxima tábua e não a encontrou. Resultado: Caiu buraco abaixo. No mesmo instante pensou: Morri.
Amedrontada, fechou os olhos, enquanto caia vertiginosamente em direção às águas geladas do rio.
De repente, Mimi sentiu que algo a içara, impedindo-a de cair na água gelada. Apavorada, abriu os olhos e constatou que fora salva por um velho saco de plástico pendurado num dos galhos da árvore que crescera embaixo da ponte.
Olhou para as águas que faziam o seu percurso abaixo do seu salva vidas e mais que depressa se perguntou:

     - Como sairei deste saco suspenso logo acima da água?
Ela detestava tomar banho e água fria não era seu programa predileto. E miou desesperadamente por socorro.
Tentava manter-se equilibrada sobre o saco, quando escutou o latido de um cão vindo da outra margem do rio. E desabafou: - Só faltava esta! Um cão para me atazanar logo agora?
O latido do cãozinho persistia e parecia cada vez mais forte e insistente. Ele corria de um lado para o outro, tentando alertá-la de algo. Mimi arrepiou seu pelo em sinal de defesa e mostrou suas garras, na tentativa de afugentar o cão.
Quando percebeu, o cãozinho já entrara na água fria e nadava em sua direção. Lobinho, como se chamava o cãozinho,  deixou a água fria do rio depois de muito esforço e subiu pelo galho onde Mimi estava pendurada no saco de plástico.
Apavorada ela gritou: - Pare onde está. Se chegar perto de mim, eu aranho seu focinho.
Todo molhado, Lobinho falou: - Não tenha medo gatinho. Sei que detesta água e ela está gelada.
- Desde quando gatos e cães são parceiros? Tá querendo se divertir às minhas custas? E não sou um gatinho. Olha meu laço rosa.- falou queixosa.
- Está certo gatinha. Mas fique calma e não se mexa muito. O seu salva-vidas pode rasgar a qualquer momento.
- Está mesmo a fim de salvar a minha vida? Não sei nadar.
- Sou da paz e estou aqui para ajudá-la a sair desta enrascada. Fique quieta e só se mova quando eu falar.
Mimi obedeceu Lobinho e apavorada, fechou novamente seus olhos para não ter nova vertigem. Logo, Lobinho já estava a seu lado, oferecendo uma de suas patinhas:
- Segura na minha pata com força e quando  eu mandar, pule para o galho onde estou...
 Mimi obedeceu e agarrou a pata dele e logo pulou para o galho indicado  e assim permaneceu  agarrada a Lobinho, até ele declarar:
- Pode me soltar, por favor? Estamos prestes a cair na água e está me aranhando todo, grudada desta forma em cima de mim.
- E agora? Como vamos chegar à margem do rio? Não sei nadar, confessou.
Lobinho permaneceu pensativo por alguns instantes e afirmou: - Vamos nadar até a margem. É nossa única opção.
Mimi tremia de pavor e contestou: - Não vou entrar nesta água fria. Esqueça esta opção.
Lobinho não vacilou e entrou na água, nadando de um lado para o outro, na tentativa de tranqüilizar a gatinha. Mas ela permaneceu irredutível: - Não posso! Sinto muito amigo!
Então Lobinho propôs:- Confia em mim o suficiente para subir na minha garupa? Podemos tentar desta forma. Levo você até a margem.
Mimi levou algum tempo para aceitar a sugestão: - Se esta é a única opção, aceito, mas vê lá o que vai aprontar. – E desajeitada, subiu na garupa de Lobinho. – E cuidado para não me molhar!
- Está em desvantagem e é impossível não molhar você. Decida!
- Então vamos lá! – e fechou os olhos novamente. Só escutava o barulho da água a sua volta e a respiração ofegante de Lobinho, devido o grande  esforço que ele precisava fazer para transportá-los até a margem do rio.
- Pronto! Chegamos. Pode me soltar?
- Nossa! Já chegamos? Estou salva?
- Estamos salvos, quis dizer? Gatos são um tanto egoístas.- desabafou cansado.
- Obrigado amigo cãozinho. – agradeceu Mimi.
- Lobinho, por favor. Você mora aqui por perto?
- Não!
- Eu moro no sítio da Marília. Como faço para chegar a minha casa? Preciso atravessar esta ponte novamente?
- Sim! Vai ter que atravessá-la novamente. Não tem outro caminho para chegar a sua casa.
- Não subo nesta ponte novamente. A primeira vez que tentei ir para o colégio com a Marília e aconteceu este acidente.- Queixou-se a gatinha Mimi.
- E como pretende voltar para casa sem atravessar a ponte?
- Não sei! – Choramingou.
- Que tal se eu for na sua frente e indicar onde pode pisar? Tem várias madeiras podres, cheias de buracos. As pessoas têm passadas maiores e conseguem atravessar com facilidade, mas você não.
- O jeito é aceitar mais este favor. Já devo a minha vida à você Lobinho.
No instante seguinte, Lobinho subiu na ponte com Mimi ao seu encalço. Ela imitou cada passo dele e assim chegaram salvos do outro lado do rio.
- Minha primeira grande aventura acabou bem, graças a você. Quer ser meu amigo?
- Amigos! Mas os humanos vão estranhar nossa amizade. Para eles, gatos e cães são eternos inimigos.
- Então vamos mostrar aos humanos que os animais conseguem viver em harmonia, mesmo sendo de espécies diferentes?
Quando Mimi apareceu no sítio, acompanhada por Lobinho, a mãe de Marília comentou: - Mimi, acha seguro andar por aí na companhia de um cão? É a primeira vez que presencio uma cena como esta: Um cão amigo de uma gatinha. Este mundo está mudando.
Lobinho piscou o olho para Mimi, em sinal de cumplicidade e despediu-se:
- Passo aí qualquer dia destes para a gente passear. Quando quiser, posso acompanhá-la na visita à escola de Marília. Quem sabe não é a mesma escola onde estuda Juninho, meu dono.
- Está combinado amigo Lobinho.
Feliz, Lobinho deixou o sítio. Naquele dia, praticara uma boa ação. Salvara a vida da gatinha Mimi e conquistara uma nova amizade. AH! Como era bom sentir-se útil e poder fazer o bem.
E saiu contente, latindo uma velha canção de sua autoria.

Escrito por Cristawein


 

Cristawein
Enviado por Cristawein em 06/02/2013
Reeditado em 30/08/2022
Código do texto: T4125446
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