Monólogo de um cão

Pensem nos humanos

Como são bichos estranhos

Querem ser especiais

Porém, são mais tolos que nós caninos

Preocupam-se com coisas fúteis

Exemplo, com suas aparências

Com os seus corpos

Se estão gordos, querem emagrecer

Se magros, ficam loucos pra engordar

Nunca estão satisfeitos

Sempre muito tristes com o aspecto físico

Estão sempre distante da realidade

Precisam que alguém os tietem

Não dão um sorriso, se não os tem

Agora, muito pior

Pegam-nos pra criar

Como se fôssemos as suas crias

Aí, é o caos!

Fazem-nos uma aberração

Levam-nos a passear

Às pessoas, desejam nos apresentar

Quando não, temos que a elas fazermos sala

Ou, às vezes, recepcionarmos quem os visitam

Piada!

Dão-nos uns nomes estrambólicos

Boby, Bethoveen, Moly, Michel …Mô etc.

Como se fôssemos galãs de novelas

Triste essa alienação

Não sabem que não somos gente como eles

Alguns humanos extrapolam nos seus delírios

Levam-nos até pro salão

Pra fazermos bigode, barba e costeleta

É demais! Pensam que abafam!

Todavia, isso pra nós é surreal

Quem já viu animal com essas frescurites?

Outros, põem-nos roupas, laços até mesmo perfume

Brincadeira tem hora!

Nascemos com um pelo que nos enche de orgulho

Somos um charme só…com nossas jubas!

Como é maravilhoso ser natural!

Ainda, nada melhor que a simplicidade

Daí, os humanos fazem-nos esse deserviço

Isso, pra galera canina, não passa de psicopatia

Sem dúvida, os humanos são malucos!

Mais, são invejosos

Desejam reverter o quadro

Transfigurando-nos neles

Apenas desejam reverter os papéis

Nas suas fantasias vão além

Tomam as nossas performances

Lindos, vivem com quatro patas

Cachorros da molestas!

Porém, desejam muito mais…

Mijar de pata pra cima

Bichos invejosos…!

O seu afã maior é possuir um cheiro igual ao nosso

Nossas pulgas e os nossos carrapatos

Pra eles, o dia mais feliz da vida deles

Será quando derem até os nossos célebres puns

Com aquele cheirinho característico

E aquelas coçadinhas no rabo?

Sonham com esse dia

Tem cada uma história

Que não dá nem pra acreditar

Vou falar sobre Pocarrontas

Um indivíduo fez da bichinha

Apenas uma fonte de renda

Botava ela pra cruzar

E seus filhotes vendia

Por $ 150,00 ou mais

Eu tenho casos e casos

Poderia ficar horas a fio

Contando como é espantosa

A crueldade humana

É muita nóia!

E assim como vão as coisas, não dá pra continuar

A gente não aguenta mais tanta neura

Queremos que nos deixem em paz

Se for pra continuarmos nessa

Melhor é darmos cabo das nossas próprias vidas

Tragam-nos a cicuta

Não queremos mais viver

Queremos nossa liberdade

Se for pra continuarmos como estamos

Preferimos ir pra cidade de pés juntos

Daremos um basta nisso

Vão à merda!

Basta dessa palhaçada!

Cansamos

Não faremos mais esse joguinho dos senhores!

Procurem outros pra suas pirações!

Chega, ouviram!

Quem lhes avisa é Boby cabeleira

Representante do sindicato dos cães

E obrigado pela atenção

Seus filhos do coisa ruim!

Vão plantar batatas!

Ou quiçá pegar uma lavagem de roupa

Bichos do outro mundo

Abaixo a tirania do homem!

Lourdes Limeira
Enviado por Lourdes Limeira em 24/03/2013
Reeditado em 25/03/2013
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