A Menina Que Plantava Pedras

Na Fazenda Belo Ninho no interior do estado do Rio de Janeiro, na cidade de Valença ano 1975.

Nascia Rita caçula da casa de uma família de fazendeiros muito esperada e amada até antes de seu nascimento, única menina da sede, havia mais três meninos e ela tão pequenina que seu apelido carinhoso ficou como Pedrita.

_Senhor José e Dona Alda são pura alegria com a chegada da Rita na fazenda Belo Ninho.

_Os irmãos Ricardo mais velho, Sebastião, o do meio e Afonso caçula dos homens ficaram encantados com a beleza de Pedrita a princesinha da casa.

Os anos passando e Pedrita andando, falando e brincando tudo conforme a natureza.

Senhor José levava os meninos todos os dias para lida diária cada um com suas tarefas para ajudar na produção de verduras, frutas, capinar, arar a terra ,guardar os bois e cuidar dos cavalos e fazer os doces e queijos para vender na feira e custear os estudos dos meninos.

Quando Pedrita começou a falar chamava o Ricardo de mano RI, Sebastião de mano Tião e Afonso de mano Sonso.

_Na fazenda Belo Ninho tudo se plantava para o sustento e uso próprio da sede.

_Pedrita só ali observando a todos.

_Em uma linda manhã antes que todos acordassem Pedrita levantou da cama foi no quarto do seu pai e pegou sua bota.

_Foi no quarto dos manos pegou a blusa do Ri, o chapéu do Tião e como era pequena saiu puxando devagar a enxada do mano Sonso.

_Pedrita ficou de pé na porta esperando todos acordar.

O senhor seu pai ao acordar logo procurou sua bota e não encontrou.

_Os manos também procurando suas roupas e o mano Sonso disse:

_Até minha enxada sumiu?

Todos foram em direção a cozinha onde Dona Alda já preparava o café.

Senhor José perguntou:

_Querida você viu quem pegou nossas coisas no quarto?

_Precisamos ir para lida, disse o Ricardo.

Quando olharam para o portão da varanda estava Pedrita lá em pé com nossos pertences.

_Bom dia papai e manos, feliz da vida.

Todos a olharam com espanto e começaram a rir

_Minha filha onde é que pensa que vai?

Pedrita respondeu: Vou para lida hoje, já tô grande.

A gargalhada ficou boa, enquanto tomavam o café.

Tião o mais serio falou:

_Você não vai a lugar nenhum você é uma menina.

Ela brava disse:

_Não sou uma menina sou Pedrita.

Ri, o irmão mais carinhoso disse:

_Querida você tá linda nesses trajes, mas realmente você não pode ir para lida.

E Sonso o irmão que vivia no mundo da lua disse:

_Vai plantar pedras no quintal!! Pedrita.

E assim foram todos rindo para a lida diária da Fazenda Belo Ninho.

Papai deu a benção para Pedrita e saiu retirando os acessórios enquanto ela chorava por não poder ir com os manos.

Passou-se um tempo e Pedrita sentada ao lado do fogão a lenha enquanto sua mãe Dona Alda preparava seu leite, começou a falar.

_Mãe... Mamãe perguntou Pedrita:

_Como se planta pedras?

Dona Alda respondeu:

_Filha querida pedras não se planta, Deus já as enviou assim para nós. (Meio Pensativa disse baixo)

_Eu acho, não tenho certeza.

_Por que quer saber?

_Mamãe, mano sonso disse que era para eu plantar pedras no quintal.

_Para de bobagens menina, toma seu café e vai brincar.

Pedrita ficou pensativa e ainda soluçava da bronca.

_Gente grande não sabe de nada, ainda diz que sou pequena.

Passou a mão no seu baldinho de brinquedo e foi para o quintal brincar.

Juntou todas as pedrinhas que tinha no chão e fez um monte na varanda.

Quando avistou seu pai retornando da roça não quis nem falar estava brava ainda, mas logo correu e abraçou seu pai e ele com todo amor pegou ela no colo e pôs a sentar no cavalo e saiu puxando Pedrita até os estábulos e a levou para casa no colo como sempre fazia nas manhas.

Dona Alda chamou a todos para o almoço, eles vinham da roça com uma fome, só se vendo.

A mesa era farta tinha abobora com carne seca, feijão com miúdos de porco, angu, couve, arroz e milho cozido...(Hum....) Tudo feito no fogão a lenha. A tarde ainda broa com queijo feitos na Fazenda Belo Ninho.

Assim foi se passando os dias e horas na fazenda.

Pedrita crescendo agora um pouco maior já podia juntar mais pedrinhas no balde para plantar.

Começou a pensar a pensar de novo.

_Manos amanhã me leva na horta para eu ver como é que se planta.

Enfim Afonso o mano Sonso colocou ela no cavalo e chegando lá desceram e ela pequenina ficou numa felicidade vendo os manos plantar e colher e arar a terra.

Pensou... Pensou e pensou.

_Como vou fazer para plantar minhas pedras.

_Elas precisam de terra, água, um lugar fresco e arejado igual a horta.

Foi saindo de perto dos manos seguindo um caminho de água

que no final dava num córrego e numa mina.

_Achei meu lugar.

_Aqui é onde vou plantar minhas pedras tem água, tem terra, tem sol e sombra para elas crescerem felizes e para eu ver o que nasce.

E assim foi...

Pedrita todos os dias queria ir para o horta com seus manos, era aquela diversão, mas sempre carregava seu baldinho com suas pedrinhas.

Como ela foi crescendo suas pedrinhas também cresciam, e o balde não cabia mais pedras grandes e o tempo foi passando e passando. Os manos foram para a cidade fazer faculdade e cada um se formando.

Ri, mano Ricardo formou doutor. Fez medicina

Tião, mano Sebastião formou doutor. Fez advocacia.

Sonso, mano Sonso foi para aeronáutica. Queria voar.

Não queria mais saber da Fazenda, pouco se viam e só nas datas comemorativas e olhe lá às vezes passavam anos sem ir à fazenda. Pedrita já para completar seus 18 anos, pequena, mas com força nos braços da lida diária com seu velho pai, ele era só orgulho mais queria ver a filha formar como os outros irmãos. Mas Pedrita não queria ir embora, gostava da Fazenda e sabia que alguém tinha que ficar para cuidar dos seus pais a lida os castigou e agora era a vez de alguém assumir para o descanso dos seus pais.

Papai José e Dona Alda resolveram fazer uma grande festa para Pedrita e reunir a família e amigos. Pedrita queria mesmo é se esconder daquela gente chique e metida a besta, mas morria de saudades dos manos. Queria abraça-los Ri, Tião e Sonso e andar a cavalo como na infância. Passaram-se os dias e horas e mês e a tão esperada festa de Pedrita irá acontecer neste sábado.

Mamãe e Papai numa agitação que só, fazendo doces e preparando a fogueira e a carne do melhor boi que tinham para grande chegada dos manos.

Primeiro chegou o Ricardo todo sorridente abraçando a todos e pedindo café com broa e contando a novidade para todos.

_Pai e Mãe esta é Maria minha esposa e seu neto Pedro, era mesmo uma novidade, pois eles nem se quer se casaram conforme manda. Estão vivendo amigável juntos.

Sebastião logo foi chegando todo sereno, robusto com aquele olhar de quem perdeu algo, abraçou também a todos e sentou-se se queixando da viagem cansativa.

Algumas horas depois chegou o Afonso meu irmão favorito bem é por que ele que me levava para horta todos os dias e foi ele que me ensinou a plantar pedras no quintal, ele era sonhador como eu hoje vivia no mundo da lua, tanto que se formou na aeronáutica essa negocio ai que não sei falar direito.

_Fui correndo ao encontro e pulei nas costas dele gritando de alegria.

_Ele me abraçou com saudades e disse:

_Pequena Pedrita cresceu.

_Está uma pedra de bonita.

Ela toda sorridente disse:

_Mano Sonso você já viu a Lua de pertinho?

_Ele feliz respondeu:

Já Pedrita e passei bem aqui pertinho voando, a Fazenda Belo Ninho parecia uma formiga no meio da mata.

_Conta, conta... Conta mano.

Pedrita! Dona Alda chamou.

_Tome tento filha vai colocar a mesa para o almoço do pessoal.

Pedrita saiu resmungando enquanto todos se chegavam para festa.

Todos numa só alegria e Pedrita curiosa querendo saber de tudo, tudo perguntava, tudo ela queria saber. Como? Onde? Quando?

_Dona Alda tinha que dar uma freada nela para parar de falar.

_Os manos ficariam na Fazenda o final de semana e retornariam na segunda sedo.

_Ao acordar Perita na felicidade e agitação da sua festa na noite anterior com tanta cantoria esqueceu-se de contar a sua surpresa, mas ela fez melhor.

_Pedrita esperou ansiosos os manos acor-darem, já bem na porta da cozinha ela com blusão, com botas e chapéu e uma enxada todos ficaram espantados, pois era a mesma roupa mesmo chapéu e bota que há anos ela tinha feito aquela travessura e levado uma bronca, mas agora todos sorriam não mais riam dela.

Estava muito bonita apesar dos trapos antigos, uma beleza natural de Pedrita que nenhuma moça da cidade tinha.

Pedrita, arriou os cavalos e disse:

_Estão Prontos!

Ri respondeu:

_Estou.

Tião, disse:

_Agora mesmo.

_Sonso estamos demorando.

_Vamos voar nos cavalos, que saudades.

Saíram os quatros em direção a horta que por sinal continuava belíssima sendo cuidada por Pedrita.

No caminho ela falou sigam-me por esta trilha que vão ter uma surpresa.

Todos nos seus cavalos curiosos e felizes por estarem ali, foram seguindo Pedrita era uma parte da fazenda Belo Ninho que não costumavam ir, pois só existia mato e um córrego que dava numa mina.

Chegando mais perto ouviram barulho de água.

_Ri disse, muita água.

_Sonso curioso, disse não me lembrava de nada parecido.

Tião correu com seu cavalo para chegar logo.

Todos espantados com tanta beleza da-quela linda cachoeira. É pequena mais linda.

Maravilhados logo, pois a tirar suas roupas e banhar naquela água fria, mas quente de felicidade.

Mas como? Todos pensaram.

Não havia nada aqui Ri falou.

Só uma pequena mina.

_Tião espantado de felicidade foi dizendo:

_Eu realmente não me lembro desta beleza.

Sonso Pulando de alegria na água disse a natureza faz coisas que não sabemos.

Pedrita vendo a felicidade dos manos foi dizendo:

_Um dia eu quis ir para a roça e chorando por não poder o mano Sonso disse que era para eu plantar pedras no quintal.

Mas como? Disse o Ricardo umas pedrinhas que me lembro você sempre carregava no balde de plástico iria virar essa linda cachoeira.

Bem lembrado disse Sonso. Realmente eu que levava ela no meu cavalo com as pedras as vezes se caia uma ou duas tinha que parar e catar no caminho para horta.

Tião não esposou nada ficou observando como sempre.

Pedrita falou:

_Manos enquanto todo esse tempo que vocês estavam na cidade eu continuei trazendo as pedras para plantar aqui e sempre na esperança de nascer algo? Como eu fui crescendo as pedras também que achava no caminho e trazia para cá. E um dia deu uma chuva aquelas de dar medo e na manha seguinte vim aqui e realmente em baixo da mina tinha muitas pedras enormes e fiquei maravilhada, pois por causa da enxurrada e das minhas pedras fez-se uma represa e nasceu esta linda cacheira.

“Pedra é uma parte fundamental para a estrutura da nossa vida."

Como Deus criou a vida, a pedra também para mim faz parte da nossa vida, elas duram como o amor por Deus.E como o amor pela família. Eu amo as Pedras.

Pedrita formou-se professora e na Fazenda Belo Ninho dar suas aulas para crianças da região e tornou-se escritora e escreveu sua própria história ficou conhecida e reconhecida como Pedrita a Menina que plantava pedras. Famosa e feliz a Fazenda tornou-se aberta a visitações e todos apreciavam a linda cachoeira que levou o nome de Cachoeira Belo Ninho de Pedrita.

Fim de um novo começo.

Escrita por Andréia de Faria Sineiro.

Valença RJ 06/08/2013.

Pagina (Poesia valenciana um conto um encontro)

E-mail: deiasined@hotmail.com

Andréia Sineiro
Enviado por Andréia Sineiro em 13/08/2013
Reeditado em 12/09/2013
Código do texto: T4432742
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