A menina que brincava com o sapo

A menina que brincava com o sapo

A casa era pequena: deu a menina de brincar em cima da cama. A mãe que era muito ocupada, principalmente em fins de semana, apenas vinha até a porta em pisadas macias e a olhava.

_ Vou fazer limonada, dizia, queres?

Mas, com efeito, sabia que a menina nem sempre a ouvia. Estava num mundo particular, onde a imaginação não permitia a entrada de pessoas adultas. Nem mesmo da mãe.

Os sapos têm casa?

Onde moram com seus filhotes?

Era uma conversa na fantasia, com o sapinho de pelúcia, numa especial brincadeira.

Da cozinha, a mãe sorria assim de um jeito feliz – certa de que a filha passeava pela curiosidade.

Um córrego

Com sapos e sapinhos

Na manhã de chuva

Os sapos pulam?

Todos pensando

No sabor das águas

Menina e sapo

Como é mesmo

Que os sapos

Pulam na água?

Acontece que de repente a casa ficou em silêncio. Um grande silêncio, que a casa ficou grande também...

Pareceu que a mãe estava sozinha, e os ouvidos não sentiram mais a fala da menina.

Caminhou até o quarto. Nada. Mas havia de estar em casa.

Onde estará essa menina?

Ora, deve estar embaixo da cama.

Não está.

Mas onde poderia se esconder uma menina numa casa tão pequena?

Enquanto procurava, com o coração aos pulos, a mãe a chamava.

_ Isabel! Isabel! Responda... Não deixe a mamãe aflita.

Dava vontade de se ajudar a procurar.

Atrás do sofá.

E de cada porta.

Do quarto.

Da sala.

Pela cozinha não passou.

Por que não olhar dentro do banheiro?

E propondo-se a dar um banho no sapo, que (coitado) estava perto da banheira e sem poder falar que não sabia andar (e nem pular), a menina Isabel - ela toda concentrada – com a torneira aberta dava uma autenticidade a sua brincadeira. E era tão bela em sua inocência que a mãe suspirou e sorriu.

- Agora vou aproveitar e te dar um banho, minha filha. Mas o que tu ias mesmo fazer com esse sapo? Ele é de pelúcia, minha querida. Não devemos molhar.

Mas fico por aqui, num olhar para a rua, que a qualquer momento vai chover e se a menina que existe dentro de mim falar, eu vou é na chuva me banhar.

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 02/11/2013
Reeditado em 15/11/2013
Código do texto: T4553318
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